•Quarto ɗe hoteł

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                             _Isaac_

    Estou no banho depois de seis longas horas enfornado dentro de um carro com a minha irmã. A água quente cai sobre meu cabelo e eu enfio meu rosto de baixo d'água.
Meu corpo se arrepia e sinto ele relaxar.       Minhas costas, antes tensa, agora se curva um pouco. Meu corpo todo dói. Sei que pode parecer exagero, mas ficar no carro por seis horas com sua irmã mais nova falando no seu ouvido não é muito legal.

   Alguns minutos se passam e eu estou quase saindo do banho, quando ouço a campainha tocar, mas ela não toca só uma vez, a desgraçada da pessoa tocou umas sete vezes.
   Saio rápido do banho e enrolo a toalha na cintura, destrancando a porta do banheiro e ficando frente a frente com a porta principal. A água que está em meu cabelo começa a pingar no chão, mas eu só ignoro e abro a porta para ver quem é o ser humano que está tocando a campainha que nem um imbecil.

- Deixa eu entrar... - um garoto loiro diz logo quando eu abro a porta.
   Ele sobe o olhar até meu rosto e franze o cenho.

- Quem é você? - questiono passando a mão no meu cabelo, o que faz mais água cair no chão.
   O garoto me encara e desce o olhar, voltando ele para o meu rosto segundos depois.

- Quem é você? - pergunta de volta.
   Nisso que ele pergunta, um cheiro forte de álcool invade minhas narinas. Suspiro.

- Você está bêbado, saia daqui antes que eu interfone para portaria. - digo sério.
   O garoto dos cabelos loiros ri, o que me faz cruzar os braços.

- Portaria? - diz cambaleando um pouco.

- Garoto, só sai, e vê se não fica por aí tocando a campainha dos outros. - falo por fim e começo a fechar a porta, mas o menino me impede.

- Você não vai deixar eu entrar? - pergunta com a voz oscilando.

- Qual o seu nome? - questiono rápido.

- Pedro. - responde com a mesma rapidez.

- Olha aqui Pedro, você lembra o número do seu quarto?

- Meu quarto é esse. - diz firme, apontando para porta do quarto, quem contém uma plaquinha com o número 301.
   Suspiro novamente.

- Seu quarto não é esse, tá legal? Eu vou interfornar para portaria para alguém te levar para o seu quarto, eles devem saber qual é. - digo me afastando, mas deixando a porta aberta.
   O interfone não é longe da porta, então chego rápido até ele e tiro o telefone da parede, clicando em "portaria".
   Começa a tocar e eu olho para o lado para checar o garoto, que não está mais lá.
   Devolvo o telefone ao suporte dele e vou até a porta, colocando a cabeça para fora do quarto e olhando em volta. Nada.
Fecho a porta e tranco.

- Quem era? - pergunta Julia, aparecendo como um fantasma no corredor do quarto enquanto coça os olhos.

- Um garoto. - respondo e volto a andar mas...

- MEU DEUS - Júlia fala alto e começa a rir depois de presenciar o meu escorregão. - TÁ PARECENDO UM PINTINHO MOLHADO.
   Levanto o mais rápido que consigo e me seguro na parede.
No momento em que olho para o lado, vejo minha irmã com o celular na mão.

- JÚLIA - falo alto o suficiente para os nossos vizinhos de quarto ouvirem - ABAIXA ESSE CELULAR AGORA.

- PRECISO REGISTRAR ISSO - diz dando passos para trás.
   Começo a andar com cuidado para não escorregar e tomo o celular da mão dela.

- Eu vou te matar.

- Só tirei uma, relaxa.

- RELAXA? - questiono entrando na galeria enquanto ela tenta pegar o celular da minha mão.

- Aí maninho, dá o celular aqui, é só uma foto... - implora ela, quase pulando em mim para conseguir pegar o celular.
   Apago a foto.

- Prontinho. - estampo um sorriso maroto no rosto e bagunço o cabelo dela - Agora eu posso voltar a ser feliz.

- Você é muito chato. - diz se jogando na cama.
   Solto uma risada nasal e vou para o banheiro me trocar.

   Quem será que era aquele garoto na porta? Claramente dava para ver que ele estava bêbado, mas ele também parecia novo demais para isso...
   Enfim, já foi e agora eu tenho que esquecer isso e secar o chão, antes que escorregue novamente.
   Agora já estou com minha roupa, uma regata preta e uma bermuda larginha e confortável.
   Pego papel higiênico no banheiro e começo a limpar o chão. Está muito tarde e eu não vou descer a essa hora para pedir um pano.

   Jogo os papéis molhados no lixo e penduro minha toalha no box.

- Toma cuidado quando for passar no corredor por que eu não sei se sequei direito. - digo indo em direção a minha cama e ouço minha irmã silabar um "uhhum".

- Quem estava na porta mesmo? - pergunta curiosa.

- Um bêbado - falo deitando.

- Bêbado? - questiona me olhando e balançando os pés.

- É, era um garoto loirinho, dava para sentir o cheiro de álcool de longe, e ele ainda estava falando que esse era o quarto dele.

- Ixi, que esquisito - diz, agora deitada de barriga para cima olhando o teto - ele ao menos era bonito?

- Júlia - digo como se tivesse repreendendo ela.

- Ah vaaaaai, me fala.

- Era. - respondo sem mais nem menos.
   Escuto ela rir baixo e jogo um travesseiro nela.

- Se você ficar falando dele eu te mato asfixiada - solto depois do travesseiro atingir a barriga dela.

- Tá doido é? Você não teria coragem de fazer isso com a sua irmãzinha. - sorri travessa.

- Ahham, vai vendo.

Ela pega o celular novamente.

- Avisou a mamãe que nós chegamos? - pergunto.

- Não, vou avisar, espera aí. - diz se sentando na cama e jogando meu travesseiro de volta.
   Me ajeito nele.

- Pronto. - solta e boceja.

- Vai dormir vai, tá tarde e a manhã a gente tem que estar disposto para aproveitar bastante. - digo puxando a coberta que estava na beira da cama até mim.

   Depois disso acabamos dormindo. Lógico que antes a gente ainda conversou um pouquinho.
   Na maioria das vezes eu sinto vontade de matar a minha irmã, mas até que ela sabe ser legal. Tenho uma relação de amor e ódio com ela, mas com toda certeza, faria de tudo pela Júlia.
   Ainda não acredito no tombo que eu levei. Depois daquilo meu pé começou a doer um pouco, mas devo só ter dado mal jeito. É só o primeiro dia aqui no hotel e um menino bêbado bateu na nossa porta e eu escorreguei, que divertido, hein.
   Mas tudo bem, estou sentindo que os próximos dias vão ser muito bons e que nós vamos conseguir aproveitar muito, mas agora eu preciso descansar.

                                   _._

   Espero que vocês tenham gostado desse primeiro capítulo, esse é o primeiro de muitooooos💋

in that hotel roomOnde histórias criam vida. Descubra agora