°ɗə ɗeɗão

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_Lucas_

   -Tá tudo bem? - questiono, tentando não demonstrar nada, aliás, ninguém precisa saber que por dentro eu estou surtando.
  
   Eu nunca surtei por causa de homem em toda a minha vida. Pensando bem, aquilo que eu sentia quando vi os personagens de Harry Potter era o que? Será que, sei lá, eu gostava? Sabe, tipo, gostava deles? Ou será que eu só tô pirando mesmo?
   Que merda.

- Uhm - Isaac murmura, fazendo eu sair dos meus devaneios.
   Me afasto um pouco, atordoado, fazendo ele soltar minhas pernas.
Pego um creme pra hematomas e me viro para Isaac novamente.

- Vira - mando, sério.
   Ele obedece, sem questionar.
   Começo a passar o creme pelos arranhados das costas e no roxo.

- Caralho, Lucas... - ele reclama - isso arde.
   Não respondo, apenas continuo passando. Tô confuso demais pra falar qualquer coisa.
   Termino e guardo tudo.

- Você tá serio - diz - não foi por causa daquele susto não, né? - questiona rápido.
   De repente, tudo vem a tona novamente. A mão na cintura, ele sem camisa e, aí, aquela risadinha.

- Não - respondo.
   Na real, nem eu sei por que eu tô assim.

- Quer dormir aqui? - pergunta.

- Oi?

- É, sabe, a cama da Júlia tá sobrando aí - fala todo bonzinho, abrindo um sorriso de ladino.
   Como que eu falo não pra uma coisa dessas?

- Pode ser - concordo baixinho, após alguns segundos.
   O que que eu tô fazendoosoodosk.

   Já arrumei a cama da Júlia para mim e tranquei a porta, que eu tinha me esquecido de trancar mais cedo quando eu entrei.
   As únicas luzes acesas no quarto vem dos abajures e da televisão, que Isaac está assistindo praticamente sozinho, já que eu estou distraído demais pensando.
   Já faz uns dias que eu venho sentido essa coisa louca com o Isaac. É muito estranho, parece que ele tá mexendo comigo.
   Será que eu sou gay? Ou, sei lá, bi, pan, alguma outra coisa? Eu nunca tinha parado pra pensar nisso até essa maldita viagem.

   Como que se descobre uma coisa dessas? Ninguém acorda do nada e diz "nossa, acho que eu sou gay", né? Aí Deus, eu só quero me enfiar num buraco.
   Será que se ele me beijasse, eu saberia a resposta de tudo isso? Por que a pior coisa pra mim é ficar em dúvida das coisas.

   Olho para o lado e não vejo mais o Isaac lá. Não vi ele saindo ou barulho em momento nenhum.
   Me levanto, meio atordoado e perdido. Cadê esse moleque?!
Começo a andar pelo quarto, primeiro olho atrás das cortinas, achando que ele podia estar tentando me assustar, mas não encontro nada. E a mesma coisa no resto do quarto todo. Nada na varanda, no banheiro,  e eu juro que olhei até de baixo da cama.

   Suspiro, desistindo. Começo a ir de volta para cama, mas em menos de segundos, sinto duas mãos segurando minha cintura. Me viro e vejo Isaac.

- O que que cê tá fazen... - começo, mas Isaac me interrompe com um beijo.
   O que. Que. Tá. Acontecendo.
   Acho que eu tô sonhando, não é possível.
   Sinto as mãos de Isaac subirem um pouco pelas minhas costas, e, bem longe, alguém chamando por mim.

   Depois de um susto, acordo com Isaac quase me chacoalhando e meu coração disparado. Que?

_Isaac_

in that hotel roomOnde histórias criam vida. Descubra agora