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As palavras de Natalie ecoaram em sua mente como um alerta sutil: "Sua loucura vai te matar

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As palavras de Natalie ecoaram em sua mente como um alerta sutil: "Sua loucura vai te matar." Era uma previsão sombria que Alyssa não descartava totalmente. Contudo, imersa na juventude, ela via a vida como uma série de desafios a serem superados, não como uma jornada calculada pelas consequências.

Numa noite comum, no tumulto da atmosfera de festa, Jeff desafiou Alyssa com uma aposta audaciosa: dez copos de Jolly Rancher Vodka de uma vez só em troca de mil dólares. Seu rosto expressava uma mistura de confiança e desafio quando ela enfrentou a proposta.

— Mil dólares? Estamos mesmo fazendo essa aposta? — ela franziu o cenho, mas um sorriso travesso dançava no canto de seus lábios.

Jeff simplesmente deu de ombros, um gesto descompromissado que precedeu a apresentação dos copos diante de Alyssa.

— Ta bom, vamos fazer isso — ela suspirou, envolvendo o primeiro copo em suas mãos. O líquido escorreu por sua garganta, provocando uma careta de desgosto imediatamente evidente em sua expressão. "Ruim pra caralho", ela comentou, despejando sua opinião sem rodeios.

Mas, sejamos francos. Alyssa não estava lá pela festa, pela música ou pelos adolescentes envoltos em pensamentos sugestivos naquela noite. Era uma participação relutante, uma maneira de evitar o olhar crítico de seu pai, que, com certeza, passaria a noite julgando a única filha.

Alyssa virou o terceiro copo com uma intensidade renovada, alimentada pelo pensamento persistente de que, mesmo em meio à monotonia da festa, ainda era uma fuga preferível à monotonia do julgamento constante de seu pai.

O quinto copo pareceu distorcer sutilmente sua visão, como se um véu etéreo se interpondo entre Alyssa e o mundo à sua volta. Enquanto a festa continuava seu curso frenético, seus pensamentos mergulhavam em camadas de memórias e razões que a conduziram até ali.

Um dos motivos que a trouxeram a essa festa, entre o caos dos adolescentes e a música ensurdecedora, era seu irmão. Aquele que já não estava presente, que partira há alguns anos. Alyssa encontrava uma espécie de propósito na vivacidade, uma forma de viver por ele. Talvez fosse uma razão idiota aos olhos de alguns, mas, para ela, era uma maneira de dividir a carga da existência, como se cada gole, cada droga, cada acelerada no carro, cada instante fingindo estar bem fossem compartilhados por dois, mesmo que um deles não estivesse mais lá.

Ao atingir o sétimo copo, Alyssa fechou os olhos momentaneamente. O gosto, agora, não era mais ácido; tornara-se azedo, um reflexo da deterioração de seu paladar sob o efeito da bebida. Ela estava ali, em parte, por não ter superado sua ex. Uma risada escapou, uma risada cheia de ironia ao perceber quão complicado era superar uma loirinha que tinha dominado seus pensamentos por dois anos e três meses. Ainda a dominava, o que, de certa forma, era simultaneamente uma maldição e uma bênção.

𝐘𝐎𝐔 𝐃𝐈𝐄𝐃 | 𝐍𝐚𝐭𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐒𝐜𝐚𝐭𝐨𝐫𝐜𝐜𝐢𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora