Enemies to Lovers

3. Hinata

Não sabia se eu tinha um surto interno do jeito bom ou ruim. O bom seria pelo Naruto finalmente ter conversado comigo hoje, céus, eu quase fiquei sem jeito, meu coração estava prestes a saltar pela minha boca! Ou o ruim pelo o que Sasuke disse de Sakura bem na minha frente. Ainda não entendia como ela conseguia gostar daquele idiota, credo. Ele tinha uma energia tão pesada, tão escura envolta dele...

Assim que ouvi aquilo tive que sair, quanta falta de educação. Se bem que ele nunca mostrou ter respeito por ninguém, muito menos pelas garotas. As que ele não queria pegar, pelo menos. Como Naruto aguentava morar com a peça? Só consigo imaginar... Pobre Naruto, deve sofrer tanto.

— Te encontrei!

Finalmente havia visto Sakura. Era difícil não a reconhecer quando só ela tinha aquela cor de cabelo. Na época pensei que ia ficar ruim, sabe? Eu e Ino tentamos convencer-la de não pintar, mas ela nunca ouvia nenhum de nossos concelhos. Nem antigamente, quanto mais  hoje em dia.

Ela parecia cabisbaixa, quando me viu não tentou nem sorrir. Sakura apenas apoiou a cabeça no meu ombro e suspirou.

— O que foi, Sakura?

Perguntei. Em nossa amizade, ela que fazia o papel da pessoa: "mas veja pelo lado positivo..." Da relação, então quando a vi tristonha, o que não era comum, não pude deixar de transparecer minha preocupação em meu rosto.

— Ai Hina, eu cansei, sabe? Não encontrei ele até agora... Eu acho que não é pra ser...

Fiquei em silêncio. A música alta estava começando a me irritar, foi isso o que me forçou a pegar delicadamente na mão da tal e levá-la até o banheiro, onde tranquei a porta e fiquei de frente para ela.

— Agora sim, pode falar. ~

Até mesmo eu estava mais calma naquele ambiente, afinal não tinha que elevar o tom da minha voz em meio ao "tuts tuts tuts" como muitos diriam.

Sakura fez uma carinha de choro. A abracei. Como alguém tinha coragem de fazer mal a uma pessoa dessas? Nunca a vi destratar alguém. Quer dizer, só quando a irritavam demais, mas esse não era o ponto! Ela conseguia ser amorosa e gentil, e muitas vezes acabava me inspirando nela a ser mais confiante.

— Oh, Sakura... Não é a sua culpa. Se bem que eu sempre dizia que ele não te merecia.

— Eu sei, Hina! Mas eu o amo! E-eu... Eu o amo.

— Não, você não o ama.  — Suspirei levemente. Se eu ficasse calada por muito tempo ela votaria a falar, e eu não queria isso agora, não era hora de lidar com sua teimosia. — Lá na sacada estava conversando com Naruto quando ele chegou e disse que estava tentando se esconder de você. Te chamou de irritante...

— O que?

Me afastei.

— Por favor, não vai dizer que você não acredita em mim?

Sakura hesitou. Como ela pôde?

— Sakura...?

— É claro que eu acredito, você é minha melhor amiga.

Sempre fui conhecida pelos íntimos como a pessoa que conseguia ver através das outras. Eu era a primeira a notar uma mentira, enxergar uma farsa, perceber sentimentos escondidos ou razões por trás de ações suspeitas. Não sei o porquê, mas era boa nisso. Quando vi minha melhor amiga hesitando ao dizer que confiava em mim, confessor ter sentido um pedaço do meu coração quebrar-se no mesmo instante. Podia ser apenas uma lasquinha, mas doeu mesmo assim.

Cerrei meus olhos em sua direção, incrédula. Eu a entendia até um certo nível, que hipocrisia, não? Sou apaixonada por Naruto desde que me conheço por gente, mas pelo menos não sou obscecada por ele como Sakura era por Sasuke. Quer dizer, se Naruto desse um fora em mim eu seguiria em frente, mas já vi Sasuke dispensando ela por tão pouco e mesmo assim continua insistindo numa mentira.