como minha vida inteira mudou de um dia para o outro

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A princípio, era um dia normal.
Por um milagre, minha escola havia organizado um passeio escolar educativo pelos pontos turísticos que causam mais renda em Nova York. Eu sei que tudo isso é uma grande aula sobre finanças e lucro ou sei lá, na verdade, nem sei se é isso mesmo ou se isso faz sentido.
Enfim, mesmo sendo, na verdade, uma grande aula educativa fora da escola, eu estava amando aquilo.
Eu não saio muito de casa, e a maioria desses lugares que visitamos hoje eu nem fazia ideia de que existiam, como, por exemplo, o Brooklyn Museum, quem fazia ideia de que ele existia com tantos museus por aí? Ninguém imagino.

Estávamos a caminho de outro ponto turístico desconhecido, mas que existe. Eu estava sentada no lado da janela sozinha, na maioria das vezes eu gosto de estar sozinha, mas estava tão entediante. Jasmine, minha única amiga, tinha faltado no dia, ela disse algo como: "Eu não quero ver pontos turísticos chatos e ouvir a explicação de como eles foram criados e por quê." 

Eu simplesmente não entendo como ela não vê nada legal nisso, tantos lugares, tantos tipos de arquiteturas incríveis para se ver e ela fica em casa? Nunca vou entender. Mas eu sinto que não deveria ter vindo também, todos da turma me olham como se não quisessem minha presença ali, como se eu não devesse existir e fosse um parasita ou um erro. Talvez eu seja um erro. 
Às vezes acho que não me encaixo nessa escola, ou em lugar nenhum. 

Meus pensamentos se afastam quando o ônibus para rapidamente, fazendo-me ir com tudo para frente. O que raios aconteceu? Todos começam a se agitar e começar a inventar teorias entre si do porquê. 
A professora Marlene, ou melhor, senhorita Spring, se levanta e vai falar com o motorista. 
Ela volta e vai para a frente do corredor do ônibus e começa a falar:

- Meus queridos alunos, aparentemente, não me perguntem como, os pneus do ônibus foram estourados, infelizmente, até que o reforço chegue, teremos que descer do ônibus e esperar.

Lá do fundo, Kátia, uma das alunas da minha classe, responde:

- Nossa, mas que coisa normal, a primeira vez que Luna vem conosco e isso acontece, será que ela é um ímã para desastre mesmo? 

Todos começam a rir, e eu não sei nem onde enfiar a cara. 
A senhora Spring dá um leve sorriso, mas logo o esconde.

— Tenho certeza de que não é culpa de Luna, isto, senhorita Kátia. Agora, todos desçam do ônibus em fila para que eu possa contá-los. 

Todos nós descemos do ônibus e ficamos à frente dele, começo a observar ao redor para ver onde paramos. Aparentemente aqui tem apenas campos de morangos, pois tem uma placa escrito "serviço de entrega de morangos Delphi". Agora eu estou com vontade de comer morangos. 

Estou distraída, olhando em volta quando a senhorita Spring toca em meu ombro e fala:

— Luna? Posso falar com você a sós? 

Me viro e respondo:

- Bom, mas é claro. 

E fomos um pouco mais afastadas do resto da turma.

A filha de Atena Onde histórias criam vida. Descubra agora