Um jantar recheado de descobertas

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O pavilhão de refeitório estava lotado, todos os campistas estavam lá. 
Acompanhei Luiza e o chalé de Hermes, primeiro pegamos nossas comidas e em seguida fomos em direção a um fogo.

- Oque temos que fazer aqui? 

Pergunto sem entender.

- Você é nova? Bem-vinda, sou Connor Stroll, o rei das pegadinhas e do carisma.

Ele pisca para mim, que garoto estranho. Outro se junta à conversa.

- E eu sou Travis Stroll, rei das pegadinhas

- Não, eu que sou, Travis.

Isso já está começando a me irritar

- Tá, tá, os dois são. Mas vocês não responderam minha pergunta.

Travis me olha confuso, Connor responde:

- Ah, sim, verdade. Aqui nós queimamos parte de nossa comida para nossos pais olimpianos. Somos filhos de Hermes, então queimamos para ele. Você é filha dele também?

- Não, sou filha de alguma deusa que não me reconheceu como filha ainda. 

- Ah, sim, então queime para qualquer uma. Ou para todas, você é quem sabe.

- Ok, obrigada.

Ele me dá um sorriso e passa para fazer sua oferenda. 

Depois dele, chega minha vez.
Pego um pouco do meu arroz e jogo para o fogo. Começo a pedir baixinho.

- Mãe, não sei quem você é, mas espero que você me reconheça. Eu quero saber de quem sou filha. Por favor, mãe. Aceite minha oferenda. 

Nada acontece. 

Como eu imaginava.

Pego minha comida e vou em direção para a mesa de Hermes. Sento ao lado de Luiza que me pergunta:

- Está tudo bem? 

Quero dizer que não está, mas não consigo.

- Está, sim, e você?

- Que bom Luna, bem.

Começamos a comer e está tudo normal.
Luiza está radiante, rindo e se divertindo com todos. Ela até parece estar brilhando. 

Minha atenção saí de Luiza para o garoto ao lado dela que deu um grito:

— AIII, MEU DEDO.

O acampamento inteiro fica quieto e olha para ele. O dedo dele está sangrando e sua faca de cortar carne também. Como ele conseguiu se cortar com uma faquinha dessas? 

Antes de qualquer um conseguir reagir, Luiza rasga um pedaço de sua camiseta, pega o dedo do garoto, limpa com o pedaço e adiciona um band-aid que eu não faço ideia de como ela arrumou tão rápido.  

- Está melhor?

Diz ela olhando para ele solidária. 

- E-Está sim, Obrigado.

Uma Luz amarela se torna em volta de Luiza, um sol aparece em cima de sua cabeça e ela parece estar emitindo Luz. 

☀️

Quiron se levanta.

- Salve Luiza Smith, filha de Apolo. 

Todos começam a aplaudir, inclusive eu, que não estava entendo nada. 

Apolo. Quem era esse mesmo? 

Então me lembro, Apolo era o irmão gêmeo de Ártemis. Deus do sol, da medicina, do oráculo de Delfos, das artes, do arco e flecha e mais algumas coisas que eu não me lembro. 

Luiza era sua filha.

Automaticamente fico muito feliz por minha amiga, ela passará um ano aqui e finalmente seu pai, Apolo, reclamará filha dele.

Um ano aqui.

A ideia de que poderia passar um ano aqui sem saber quem é minha mãe me deixou nervosa, como eu poderia aguentar?

Meus pensamentos são interrompidos por uma agitação na ponta da mesa. 
Um garoto está com uma pomba branca em sua cabeça e emitindo uma luz fraca rosa.

🕊️

Suas roupas, que antes eram a camiseta do acampamento e uma bermuda, viraram um terno preto com uma camisa branca e uma gravata elegante e uma calça social preta. 
Seu rosto ficou mais liso e delicado, seus cabelos ficaram penteados e mais bonitos, pareciam até mais macios. 

Quiron se levanta novamente.

— Salve James Rogers, filho de Afrodite.

Todos começam a bater palmas novamente, parece que hoje os deuses decidiram que iriam fazer o papel de pais. Menos a minha mãe, claro. 

Após o jantar, fui para o chalé de Hermes. 

Luiza estava arrumando suas coisas.

— Oii Luiza.

Ela para e me dá um abraço apertado. 

- Luna, vou me mudar para o chalé 7. É sua primeira noite aqui, queria te ajudar, mas vou ter que me mudar, você vai ficar bem né?

Eu não tinha pensado nisso. Agora que ela foi reclamada, ela vai para o chalé de Apolo. E eu ficarei aqui sozinha. 

- Tudo bem, Lu. Eu vou ficar bem. Fico feliz por você ter descoberto quem é seu pai. Fico feliz por você. 

Ela me abraça novamente.

- Vou indo, te vejo amanhã.

- Te vejo amanhã. 

Ela vai embora, e para mim o chalé está vazio. Tinha acabado de fazer uma amiga e achava que já tinha perdido. Era sempre assim na escola, você mudava de sala e perdia a sua única amizade. Não que eu tenha tido sempre, mas quando Jasmine e eu não caímos na mesma sala, eu e ela nos falávamos raramente. Sentia que isso aconteceria com Luiza e eu, só que com chalés. 

Decidi parar de pensar nisso e ir dormir logo.
Estava exausta, aquela corrida pela minha vida de mais cedo fez minha bateria cair para 0

Deito em meu saco de dormir e caio no mundo dos sonhos. 

Eu estou em um lugar que nunca vi antes, vejo uma mulher olhando para uma lança, ela desvia os olhos e a lança some. Ela parece estar irritada e começa a surtar e jogar as coisas para o chão. 
Ela olha diretamente para mim, com olhos cinzentos cheios de raiva 

- Você vai achar isto para mim.

E o sonho acaba.

Acordo a mil por hora, que horas será que são?

Olho para o relógio e são 07:30.
Todos os campistas estão se arrumando para suas atividades. 

Vamos todos tomar café da manhã. Vejo Luiza na mesa do chalé 7, ela acena para mim e eu retribuo. 

Faço minha oferenda, tomo meu café e vou em direção às forjas. 

Charlie já estava lá me esperando.

A filha de Atena Onde histórias criam vida. Descubra agora