Lutamos contra o amor

11 4 5
                                    

A cabana é bem maior do que eu esperava.

Por fora, parecia uma cabana normal, mas por dentro era totalmente diferente e completamente enorme.

Tinha uma fonte de desejos com um grande anjo que eu presumo ser um mini cupido em cima, havia também uma cabine de fotos românticas, um monte de carrinhos de maçãs do amor e gelato (sim, gelato, o italiano).

Era realmente um lugar ótimo para se ter um encontro.

A não ser pela mesinha sombria cheia de cartas e com uma pessoa encapuzada. 

- O que fazem aqui jovens semideuses?

Sinto meu corpo inteiro arrepiar ao escutar a voz.

Tão calma, tão serena, mas, ao mesmo tempo, tão... Tentadora.

Foco Luna, foco!

Tomo a frente de meus amigos.

- Você é Eros?

- Por que quer saber?

- Estamos atrás do arco e flecha de Apolo.

- E o que eu tenho a ver com isso?

Luiza dá um passo à frente.

- Você e Apolo já tiveram várias brigas, não tem como negar que você é um grande suspeito.

De repente, o ar fica mais gelado, nós nos entre olhamos.

Ele não parece nem se mexer.

- Vocês vêm aqui em minha propriedade e acham que podem me acusar de roubo? Acham mesmo que podem fazer isso com um deus e saírem impunes?

Luiza dá de ombros.

- Olha, fizemos isso com Hermes...

Assim que ela diz isso, sinto uma vontade imensa de me jogar no penhasco mais próximo.

Eros solta uma risadinha.

- Uma filha de Apolo, uma de Atena e um filho de Afrodite. Interessante. Consigo ver seus corações, tão jovens, cheios de motivações e paixões secretas, eu adoraria revelar todas!

Por um segundo eu pude ver James recuar, mas ele permanece. Eros não parece ter notado.

- Vejamos.

Ele se vira para mim, ainda não consigo ver abaixo de seu capuz, na verdade, estou feliz que eu não consiga.

- Sem amor paterno? E sua mãe é Atena? Ah, que maravilha! Acha que vai encontrar o amor que precisa em um jovem que conheceu há pouco tempo, que emocionante, o tombo pode ser feio.

Franzo os cenhos.

- Como?

- Ah querida, acha mesmo que aquele garoto a ama de verdade? Ou será que é só uma ilusão? Ele nem deve achar que você está viva, nem deve ter esperança de te ver de novo. Não é muito sábio da sua parte apostar tudo em um amor, filha de Atena.

Aí, essa doeu de verdade.

Ele é Eros, ele é o cupido, ele tem as flechas que fazem você se apaixonar, e ele está falando isso. Isso significa... Que Charlie não poderia me amar? Isso significa que eu não tenho nem chances? Que eu não vou ser amada por ele? Então o que aquele "eu te amo" deveria significar?

Entro em uma confusão mental em segundos, afinal, eu estava tão confiante de vir aqui atrás de respostas, mas que respostas? Eu estava pensando em Charlie? Eu estava pensando na missão? No que eu estava pensando quando entrei nessa cabana, afinal?

Eu já nem sei mais.

Me obrigo a parar de pensar quando ele se vira para James.

- Por que está tão assustado, querido irmão?

Ele parece confuso.

- Irmão?

- Não sabia? Sou filho de Afrodite também, nossa mãe me teve junto a Ares. Mas enfim, por que tanto medo de mim querido irmão? Teme tanto o amor e seus sentimentos serem expostos assim? Acha que vai acontecer um desastre se você se abrir? Ah que perda de tempo tentar reprimir seus sentimentos diante a mim, logo eu? Aquele que pode sentir o que você está sentindo. Vamos, se você não consegue se abrir para quem você ama, eu faço isto para você.

James começa a entrar em desespero.

Luiza está assustada, provavelmente com medo de ser a próxima.

De repente, meus sentimentos confusos param.

E eu me lembro de uma coisa.

- Você não vai revelar mais nada de ninguém aqui.

- E por que não?

Pego o pó anti amor da mochila e pulo sem cima dele, jogo tudo enquanto ele luta para me tirar de cima dele.

- FICOU MALUCA? QUER LEVAR UMA FLECHA DE CHUMBO?

Não ligo e continuo jogando tudo nele.

De repente ele cai, me levando junto obviamente.

Luiza e James que observavam tudo em choque começam a ter uma crise de risos.

- Por um acaso vocês estão em um circo? Me ajudem! - Falo mas também estou rindo, é tão trágico que é engraçado.

Eros está desacordado, por incrível que pareça, o seu capuz segue tampando seu rosto.

- O que você acabou de fazer? - James parece chocado, mas não para de rir.

- Joguei todos o pó anti-amor nele, acham que quando ele acordar ele vai me matar?

- Provavelmente.

- Então vamos tentar acabar com essa missão antes disso.

Me levanto e vejo os dois parados.

- Que foi?

Eles se olham.

- Luna?

- Sim?

- Como conseguiu?

Franzo os cenhos confusa

- O quê?

- Sair dos seus pensamentos, pensar em fazer algo, como conseguiu?

- É, parecia que uma onda de sentimentos tinha nos atingido, eu nem me lembrava mais do pó anti-amor.

Dou de ombros.

- Eu só vi ele indo revelar coisas pessoais de vocês, eu não queria que vocês se sentissem desconfortáveis ou ruins, ninguém merece ter seus sentimentos arrancados e expostos. Só não aguentei.

James me olha confuso.

- Eros disse... Que você ama alguém, não está com medo que o que ele disse se concretize?

Sorrio.

- Sim, estou. Mas eu ainda tenho esperança, se for para ser será, e se não for, não era para acontecer. Se for algo de verdade, nem Eros irá impedir.

James e Luiza sorriem e me abraçam.

O abraço durou pouco tempo, mas foi bom.

Foi confortável.

Assim que soltamos, James olha ao redor.

- Bom, temos um Eros desacordado e essa cabana enorme cheia de coisas dele. Existe lugar melhor para procurarmos o arco e flecha?

Os olhos de Luiza quase brilham.

- Verdade! Vamos procurar. Luna vê aquele lado, eu vejo esse e James vê aquele.

E começamos a procurar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 10 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A filha de Atena Onde histórias criam vida. Descubra agora