Onze

244 19 5
                                        

Notas do autor: Tenho tendência a apressar as pontas, eu acho. É de excitação. De qualquer forma é isso. Também pensei que você gostaria de saber que Passus, o nome escolhido por Snape, significa sofrimento.

————————————

ONZE:

A magia ondulou o ar ao redor deles. Era estática, relâmpago e pressão como ele nunca havia sentido antes. O grito de Harry o atingiu. Ele podia ver seu núcleo manifestado. Ele se estilhaçou e rachou, mas muita magia jorrou dele, como ele nunca tinha visto antes. Harry não estava errado em adquirir a porção do Lorde das Trevas. Ele era infinitamente mais poderoso do que se lembrava.

Harry estava pálido e suando, seus olhos com bordas pretas novamente e brilhando. Isso era o que ele estava fazendo todas aquelas vezes antes. Severus não entrava em pânico, mas quando os gritos de Harry se tornaram primitivos, ele implorou para que parasse.

"NÃO," Harry gritou, sangue jorrando de seu peito enquanto ele tentava retirar seu núcleo. "Ajude-me a puxar."

Severus balançou a cabeça, a mão tremendo. Ele a ergueu mesmo assim, apontando a varinha e repetindo o feitiço que Harry lhe dissera. Ele usou toda a sua força para puxar o núcleo para frente. Pouco a pouco, ele esmagou sua carne e saiu. Harry caiu no chão e Severus correu para segurá-lo.

A pequena bola de essência que compunha toda a magia de Harry pairava acima de suas cabeças, estalando e brilhando como a ponta de uma faísca.

Harry estava sem fôlego em seus braços. Ele o puxou para cima e enxugou o suor dos olhos.

"Eu tenho que dividir," ele engasgou, segurando a mão sobre o buraco do tamanho de um pomo em seu meio.

"Você não sabe o que a divisão fará. Harry, por favor, pare com isso. Vamos encontrar outro caminho."

Harry balançou a cabeça. "Eu não me importo com o que isso fará. Por favor, me ajude a dividir."

Severus fechou os olhos e ergueu a varinha para combinar com a de Harry. Ele disse as palavras que lhe imploraram para repetir até que as tivesse gravadas na memória e sentisse Harry fazer o mesmo.

Uma explosão o jogou contra a parede, arrancando Harry do seu lado. Ele bateu a cabeça no tijolo e desmaiou. Ele acordou momentos depois e abriu os olhos para encontrar meio pedaço de núcleo queimado e quase sem brilho, pairando onde eles o haviam deixado, e Harry esparramado, inconsciente, ao lado dele. Ele puxou-o contra o peito e convocou o núcleo quebrado. Com tudo o que restava nele, ele o manipulou de volta para Harry, onde pertencia, observando com horror enquanto aquilo se fundia nele. Ele selou a ferida repetindo a última vez, pegou seu amor do chão e o carregou para a cama, onde poderia ficar de olho nele.

Novamente Harry dormiu por dias. Severus andava de um lado para o outro, imaginando se ele iria acordar. Dormia numa cadeira ao lado dele, sem comer, sem sair para nada além do necessário. Quando Harry se mexeu, seu suspiro de alívio foi tão grande que doeu.

"Eu estou morto?" ele murmurou, a voz embargada e crua.

Severus pegou sua mão e beijou os nós dos dedos. "Não, ainda não."

Harry tentou acionar sua varinha.

Não veio.

Severus atravessou a sala para recuperá-lo e colocou-o suavemente em sua mão. Ele prendeu a respiração por um segundo. "Algo pequeno, Harry. Não force", alertou.

Harry optou por um feitiço Tempus. O relógio piscou fraco e quase lá. Mas estava lá e isso significava que ele não havia perdido toda a sua magia, afinal. O núcleo iria curar.

Severus pegou sua varinha e colocou-a na mesinha de cabeceira. Harry gemeu ao se sentar e Severus colocou um copo d'água na palma da mão.

"Sinto como se um dragão tivesse pisado em mim", disse ele, bebendo lentamente.

Severus grunhiu. "Você está dormindo há 4 dias."

Harry engasgou. "Não?"

Severo assentiu. "Deite-se", disse ele, persuadindo Harry a colocar a cabeça de volta no travesseiro. Harry continuou segurando suas mangas.

"Deite comigo um pouco?" ele perguntou, se aproximando.

"Mm." Severus obedeceu. Ele deitou de costas e Harry rolou contra ele, colocando a cabeça em seu peito. Ele fechou os olhos e cantarolou. "Seu batimento cardíaco está bom."

Severus colocou a mão na cabeça.

"Eu te amo."

Os olhos de Severus se arregalaram, todo o corpo ficando tenso sob Harry. Ele não conseguia formar palavras.

Harry riu. "Eu te impressionei, não é?" ele disse.

Severus limpou a garganta. "EU-"

"Não pense demais, Severus."

Ele bufou e Harry acariciou seu peito como um maldito gato.

"Eu também te amo", ele resmungou, "agora melhore. A loja precisa de atenção."

Harry riu.

Severus o segurou com mais força. Agora que ele o tinha, ele nunca o deixaria ir.

Mercado NoturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora