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     Uso toda concentração pra preparar a mochila. Nunca pensei que realmente pudesse quebrar as coisas mais idiotas do dia a dia. É patético, tinha que ser.

    Fecho o zíper e desço até a biblioteca, onde sei que estão só de ouvir seus passos, vozes e cheiros. É muito... em todos os sentidos.

    Ter essas habilidades novas é um pouco atordoante. É tudo muito vertiginoso, as informações socando meus cérebro e sentidos de uma vez só, pra depois ser processada o mais rápido possível. Mas, agora, sou uma predadora, e minha nova profissão deveria ser matar.

   E tento ignorar o fato de que sou atraída por Dean muito mais do que por outros humanos. Eu sempre amei seu cheiro, mas, agora é... outro nível.

    Adentro a biblioteca, e Sam se endireita. "Aonde vai?" Larga o livro na mesa.

   Dean vira o mais rápido que seu corpo humano pode fazer, e ainda, é lento demais. Não consigo crer que agora tudo que consigo fazer é identificar e planejar melhores maneiras de matar e obter um coração. Deve ser o processo recente da transformação, com o tempo espero que passe.

    Estou rezando pra que passe. Tipo, cheiro e gosto, isso eu sei que não vai embora, nem a audição sobrehumana, mas... essa fome estranha espero que suma.

   Lembro que fizeram uma pergunta. "Eu vou embora" respondo-o, segurando a alça da mochila com tanta força que ouço um rasgar, e isso é uma dica pra maneirar o aperto.

"O caralho que vai" Dean vem á minha frente, com aquela careta zangada. Ele fica impossivelmente ainda mais bonito.

"O caralho eu não sei se vai embora, mas eu vou. Eu sou perigosa agora, tenho que aprender a me controlar" é mais que óbvio.

"Pode aprender com a gente, se fosse realmente nos machucar já teria feito"

"Não tenha tanta certeza" advirto "não sabe como é planejar o melhor ataque cada vez que vejo uma pessoa, que sinto o cheiro. Que vejo vocês! Isso tem que parar em algum momento, e até lá, não vou ficar por perto"

"E vai fazer o que" repuxa os lábios naquela careta que conheço muito bem. "Caçar?" Ironiza.

"Se acontecer de topar uma missão, uma caçada, vou tentar" sou razoável. 

"Não pode estar falando sério"

"Estou Dean! Não vou ficar perto de vocês, nenhum de vocês. Não vou deixar esse risco sobre o mesmo teto"

"Não seja tão dramática" Dean revira os olhos. "A gente sabe se virar, não sou de vidro"

"Pra mim, agora? Você é do mais delicado cristal. Eu posso quebrar qualquer coisa, um osso ou vários? É como manteiga em meus dedos" encaro seus olhos ferozes. "Você não entende que agora sou uma máquina de matar?! Tudo que eu consigo pensar é meios de saciar essa fome ridícula? Não entende que já imaginei inúmeras maneiras de te matar desde que acordei?!" Ao terminar estou respirando fundo.

"Eu estou morrendo mesmo" teima, o coração batendo forte.

"Mas ainda não morreu. E não vai ser pelas minhas garras que vou ver você morrer" sussurro, o mais voraz que consigo. "Não vai ser eu que vou acabar com você" sinto os olhos queimarem. "Não quero seu sangue nas minhas mãos, nem o de Sam ou de Bobby"

Dean processa minhas palavras por um momento, e engole em seco. Noto os movimentos de seu corpo pra realizar a tarefa, e igualmente ouço tudo. "Eu matei Pamela" revela o que já sabia, mas havia perguntado antes "a matei por machucar você. Eu pensei que ela estava matando você, até notar a mordida... era lua cheia"

Road To Nowhere - Dean Winchester FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora