Prólogo

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Até que ponto você aguentaria existir, sabendo que a sua existência não deveria ter acontecido?

Perder sua família, amigos, seu amor.

Não, esse livro não é uma crise existencial, embora eu gostaria que fosse, de certa forma.

Eu sou filha daquela que não deveria ter filhos, e pago por um pecado que não cometi até hoje, quando me olho no espelho e vejo ela.

A criança moldada por ela.

A mulher igual a ela.

A semideusa dela.

Mas essa história começa bem antes de minha chegada ao mundo...

(...)

--Por que tentas me invocar, jovem humana? -- Uma mulher de cabelos longos e olhos castanhos, quadris fartos e uma aparência no mínimo celestial com expressão ríspida refletindo superioridade no rosto, aparecia agora no grande salão onde estava June, desolada, não chorando, mas claramente cansada.

A jovem já havia feito tantas pressas a deusa da fertilidade, que quando ouviu a voz mal acreditou.

(...)

--Eu posso conceder-lhe a fertilidade que tanto almeja, dama, mas em troca, irá conceder-me a primeira criança que tirar de fruto desta relação. Ela será tida como uma criança minha, batizada em meu nome.

E realmente, assim foi feito. A mulher dos cabelos longos e chocolates concedeu-lhe a bênção da gravidez, e em troca, 25 de maio daquele ano, o bebê concebido naquela tarde foi-lhe batizado com o nome desejado e em sua homenagem conforme o mandado.

Mary June Miller Addams, era esse o nome da criança nascida.

Eu sou Mary MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora