Learning Kim -「Tradução」

Um

— Capítulo Um

Chay adorava tomar café da manhã com seu irmão, mesmo quando ainda moravam na casa dos pais e não tinham dinheiro para comprar nada além de mingau e arroz. Ele estava feliz com aquilo naquela época, não se importava com a comida simples, mas sim com a companhia do irmão. Chay gostava de ouvir as histórias de Porsche sobre os clientes do bar e sobre Yok. Quando terminavam de comer, Porchay ia para a escola e Porsche limpava a casa e depois ia para a cama dormir um pouco. Era uma rotina simples, mas era boa, parecia um lar, com segurança e amor.

Mas tudo é diferente agora.

Agora a mesa entre os dois irmãos está repleta de tudo o que alguém poderia querer no café da manhã: arroz, pão, rolinhos, croissants e bolos pequenos, três tipos de pão. Há frutas e legumes, refogados e carne, queijo, salsichas, ovos e waffles. E ainda assim, Porchay anseia pelos velhos tempos, quando eram pobres, mas conversavam um com o outro. Quando não havia segredos nem mentiras entre eles. Eles não se falam mais, é isso. Eles dizem um bom dia educadamente e então toda a atenção de Porsche está voltada para o homem ao lado dele, Kinn, e os dois conversam, brincam, sussurram e flertam com Chay como um espectador esquecido do outro lado da mesa. Porchay e Porsche estão brigados, sim, mas tem sido assim há muito mais tempo os desentendimentos entre eles. A explosão e o silêncio oficial ocorreram quando Porchay contou ao irmão que não foi à entrevista da universidade e não sabia o que queria fazer da vida. O silêncio e as mentiras duraram mais meses do que isso, não que Porsche algum dia admitisse isso.

Já se passaram três meses e Porchay ainda se sente tão perdido quanto no dia em que decidiu pular a segunda entrevista. Ele não tem mais respostas para nada em sua vida, ainda está impressionado com tudo o que vem caindo sobre ele nos últimos meses. Sendo sequestrado, Kim nunca deu a mínima para ele, seu irmão trabalhando para a máfia, Kim sendo a máfia, se mudando para uma espécie de palácio, Kim tentando entrar em contato novamente, vendo cadáveres na casa de Yok, Kim, sua mãe viva, Kim, seu irmão se tornando um chefe da máfia e Kim... e Kim... e Kim... Kim, sempre Kim. Mesmo agora, meses depois, Porchay não está nem perto de se curar, perdoar ou esquecer, do que ocorreu alguns meses atrás. Ele não vê Kim desde que ele lhe enviou o vídeo ao qual ele nunca respondeu. Porchay assistiu repetidamente, às vezes adormece ouvindo a voz de Kim como se ele estivesse cantando uma canção de ninar para ele. Porchay ainda está bravo e magoado, muito magoado, mas também sente falta de Kim, sente falta dos cuidados dele, das conversas, das risadas com ele. E ele ainda não sabe o que fazer sobre isso, sobre Kim.

Na sua antiga vida ele conversava com Porsche sobre isso e recebia alguns conselhos, mas agora o conselho de seu irmão é a última coisa que Porchay quer.
Também não é uma opção, porque seu irmão não se importa mais com ele ou com seus problemas, porque o foco de Porsche é Kinn. Isso faz Porchay detestar o outro homem, mesmo que eles nunca tenham realmente se falado um com o outro. Kinn é o cara que puxou Porsche para o mundo da máfia, ele é o cara com quem Kim estava preocupada quando decidiu usar Chay e sua paixão de adolescente por ele. Kinn é o cara cujo ex sequestrou Porchay, que agora mora com seu irmão, cujo pai tem a mãe sob seu controle e que agora é a única pessoa neste mundo que Porsche olha ou ouve. Porchay não foi apenas substituído por Kinn, ele foi empurrado para o lado, foi pisoteado e depois obrigado a assistir, como se gostassem de esfregar em sua cara o fato de que Porsche não precisa mais dele, e realmente não precisava mais dele. Porsche cumpriu seu dever e depois mentiu para seu irmão, o abandonou e Porchay tem certeza de que se ele desaparecesse agora, Porsche nem notaria. E Kim também não. Agora não, não mais.

Porchay olha para eles, observa calmamente como seu irmão ri de uma das piadas ruins de Kinn e limpa um pouco de açúcar de confeiteiro dos lábios de Kinn. Ele costumava fazer isso por Porchay, mas esses dias acabaram.