Capítulo 4 - Morcego

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"Ryuichi, sou eu! Jiro!" Ele exclamou rapidamente, com a voz repleta de alívio.

Para minha surpresa, o homem que se revelou era Jiro, meu amigo leal. Ele estava com as mãos levantadas em um gesto de rendição, os olhos arregalados ao me ver entrando sorrateiramente.

Ao ouvir sua voz familiar, abaixei a guarda, soltando um suspiro de alívio. A tensão deixou meu corpo e a adrenalina começou a diminuir.

"Jiro, desculpe. Eu estava em estado de alerta." Expliquei, com um sorriso cansado. "Mas o que você está fazendo aqui?"

Jiro pareceu aliviado quando viu que eu me acalmei. Ele deu um passo à frente, as mãos ainda levantadas em sinal de rendição.

"Ryuichi, eu estava preocupado com você." Ele disse rapidamente, sua expressão tensa. "Desde o dia em que foi anunciado que você havia sido preso, eu venho aqui cuidar da casa para evitar que fosse saqueada."

"Entendo... Obrigado, Jiro. Você é um verdadeiro amigo." Eu disse, com gratidão em minha voz. "Sinto muito por toda a preocupação que causei a você e por te deixar com o fardo de cuidar da minha casa."

Jiro sorriu levemente, abaixando as mãos. "Não se preocupe com isso, Ryuichi. Eu não poderia deixar a casa de um amigo desprotegida." Ele respondeu, com um olhar reconfortante. "Além disso, por algum motivo, no fundo do meu coração eu acreditava que você retornaria em breve. Mesmo com o anúncio de sua execução."

Assenti, compreendendo suas palavras. Jiro sempre foi alguém em quem eu podia confiar, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele era leal e sempre estava disposto a ajudar.

É ótimo ver um rosto familiar, mas eu não podia ficar muito tempo em casa. Embora estivesse aliviado por estar em um lugar "seguro", eu tinha uma missão importante pela frente. Precisava pegar meu equipamento e me preparar para os desafios que estavam por vir.

"Jiro, você poderia pegar algum alimento que tenha sobrado da casa?"

Jiro assentiu prontamente, ainda parecendo aliviado por me ver.

"Claro, Ryuichi, vou pegar algumas frutas." Disse Jiro, se movendo rapidamente em direção ao quintal.

Enquanto ele estava fora, eu aproveitei e, com cuidado, entrei no quarto e troquei minhas roupas sujas e rasgadas por um antigo uniforme preto que eu usava. A sensação familiar do tecido contra minha pele trouxe um senso de normalidade em meio ao caos que me cercava.

Ajustei as correias e amarrei os cordões, a roupa suja agora substituída por algo mais leve e discreto.

Avancei com passos firmes até o canto do quarto, onde guardava meu arco e flechas. Feito de madeira de alta qualidade, o arco apresentava detalhes em preto e vermelho, harmonizando perfeitamente com o meu uniforme. Era uma arma poderosa e precisa, na qual eu havia investido horas incansáveis de treinamento.

Com cuidado, retirei o arco do suporte, sentindo sua familiaridade em minha mão. Verifiquei a corda, certificando-me de que estava bem esticada e pronta para uso. Em seguida, alcancei a aljava que continha minhas flechas. Confeccionada em couro resistente, sua concepção funcional garantia um acesso ágil às flechas que seriam minhas aliadas.

No entanto, assim que coloquei a aljava em minhas costas, meu coração apertou quando meus olhos pousaram no caixote no canto do quarto, onde eu sabia que meu passado estava guardado.

Aproximei-me do caixote com uma sensação de desgosto se infiltrando em meu peito. Olhei para ele por um momento, lutando contra a amargura que ameaçava me consumir. Sabia que precisava recuperá-lo, pois por mais irônico que seja, ele era minha melhor chance de provar minha inocência e restaurar meu nome.

O Guerreiro do Sol NascenteOnde histórias criam vida. Descubra agora