capítulo 3

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— Já expliquei. Acho você lindo, por dentro e por fora. Estou pronto para me casar e ter uma família. Quero fazer isso com você. — Jungkook sabia instintivamente que, se mencionasse o acordo comercial com o pai dele, yoongi resistiria.

Esse não era o motivo principal para que o escolhesse como marido, mas teve sua influência. Isso não o perturbava, mas desconfiava que a reação dele, caso soubesse, seria bem diferente. Como o próprio yoongi dissera, ele não tomava suas decisões fundamentando-se nas mesmas considerações em que se baseavam homens como ele e o pai dele.

Yoongi queria um motivo emocional para casar com ele. Queria ser amado. Jungkook percebera isso, mas amor não era algo que podia lhe dar. Não era algo que ele queria lhe dar. O amor era uma emoção supervalorizada que ele preferia evitar. Amara o avô e amava mãe, e aquele amor lhe custara caro. Ficara fragilizado. Nada nem ninguém mais conseguiam tocá-lo.

A infelicidade da lhe doía. A desaprovação do avô deixou feridas que ele jurou que ninguém mais lhe causaria. Teria de convencer yoongi de que tinham tanto a favor deles que isso seria o bastante, que não precisariam do amor, que ele rejeitava inteiramente.

— Minha mãe disse que se apaixonou pelo meu pai à primeira vista. — não sabia por que mencionara isso, mas apoiava o argumento que estava prestes a apresentar, então não se arrependeu. — A emoção, que você considera uma cura para a dor, é na verdade, uma das maiores causadoras de dor que conheço. O amor dela a levou para a cama dele. O amor de meu avô por ela a manteve a seu lado, embora nunca pudesse esquecer completamente a indiscrição de minha mãe. O amor de meu avô por mim o fez exigir mais do que exigiria de um filho seu. Não podia permitir que eu fosse igual ao homem que me gerou. Irresponsável e sem honra. Mas suas lições eram muitas vezes dolorosas, embora eu soubesse que nasciam do amor.

— O amor nem sempre causa sofrimento.

— Causa, sim, e não quero a dor, que nasceria inevitavelmente do nosso amor, no meu casamento.

Ele afegou, e jungkook fez uma careta. Falara mais do que pretendia, mas, se isso ajudasse a convencê-lo, não lhe negaria a verdade.

— O que você quer? — Os olhos dele, escuros como a noite, estavam cheios de uma suavidade que lhe penetravam a alma.

Isso acontecia desde quando o vira pela primeira vez, num baile de caridade. Ele estava com o pai, e jungkook ficara intrigado com aquele homem que pertencia tão claramente ao mundo que ele queria conquistar, mas que era, ao mesmo tempo, tão diferente.

— Quero filhos, um legado, um legado legítimo, para herdarem o que construí, para continuarem construindo. Quero agradar a mulher que que se sacrificou tanto para me dar vida e me manter com ela. Mesmo na Coreia, há vinte e seis anos, uma mulher encontraria meios de interromper uma gravidez indesejada, mas ela nem pensou nisso.

— Como sabe?

— Perguntei.

A compaixão que ele tanto apreciava faiscou nos olhos de yoongi. Ele era exatamente o tipo de homem com quem queria passar o resto da vida. Um homem que o ajudaria a acalmar os demônios que lhe assolavam a alma.

— Sua mãe quer que você se case?

— Você sabe que sim.

Yoongi sorriu.

— Bem, ela não é muito sutil... Mas imaginei que desse aquelas indiretas a todos os seus namorados ou namoradas.

— Na verdade, não.

— Quer dizer que sou especial? — perguntou ele, brincando.

— É. Ela já me deu muitas indiretas, mas nunca para os homens com quem eu saía. Até você aparecer.

Amor Cruel  | 𝘺𝘰𝘰𝘯𝘬𝘰𝘰𝘬Onde histórias criam vida. Descubra agora