Strangely angry

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No outro dia, acordou mais cedo do que o normal só para ver o nascer do Sol. Ela se sentou no chão da varanda e, com seus livros em mãos, fechou os olhos para aproveitar um pouco o calor antes que começasse a esfriar.

Alya abriu os olhos e suspirou, tentando raciocinar o novo dia e o fato de que iria encontrar com a dona dos olhos que tanto apareciam em seus sonhos.

Alya não sabia muito bem como estava se sentindo. Ela reconhecia que a menina era muito bonita, e provavelmente era a menina mais linda que ela já tinha visto. Mas ela não entendia o porquê sonhar tanto com seus olhos.

Eram sonhos sem diálogos, sem acontecimentos marcantes. Eram apenas em um lugar desconhecido, com a garota ao seu lado, a dona dos olhos bonitos.

Quando ela sorria, seus olhos se fechavam. Eles brilhavam. Eram tão penetrantes.

Naquela manhã, Alya pensou na menina mais do que deveria. Enquanto lia seu belíssimo livro de fantasia, que por um acaso tinha um romance sáfico, confundia seus pensamentos com as letras encontradas nas páginas.

Quando chegou a hora de se arrumar, tratou de colocar uma música apenas para que afastasse aqueles pensamentos estranhos. Não funcionou muito.

As músicas faziam sua cabeça criar cenários que provavelmente nunca aconteceriam. Alya pensava estar ficando louca.

E talvez ela estivesse.

Mas não era uma loucura mental.

- Alya, vamos almoçar na Sweet Stars hoje? - Ouviu a voz de Betty.

- Não sei se vai dar tempo, Dinda, tenho que ir trabalhar - Gritou de volta.

A garota terminou de arrumar sua bolsa e saiu do quarto, indo pra cozinha e vendo sua tia mexendo no celular.

- Adeus ao meu último dia de folga do mês - Fingiu tristeza. Alya apenas riu - Mas sim, Alya, vai dar tempo. Só temos que ir logo.

- Não tô com muita fome - Alegou - Pode ir se quiser, mas eu quero ir trabalhar logo.

- Não está com fome? - Alya negou - No almoço? - Negou novamente - Sua refeição favorita? - Voltou a negar - Alya, minha querida, está sentindo alguma coisa?

- Eu estou completamente bem, apenas querendo não chegar atrasada no trabalho.

- Por que quer tanto chegar na biblioteca, hein? Vai ver alguém e não me contou? - A menina engoliu em seco.

- Claro que não, Elisabeth - Coçou a garganta - Só não quero passar um mau exemplo pros novatos de lá.

- Tenho certeza que a Senhora Canon não se importaria se você se atrasasse um pouco pra almoçar - Disse analisando a garota - Está me escondendo alguma coisa?

- Para com isso, Dinda, claro que não. Eu te conto tudo, não estou escondendo nada - Manteu o olhar firme.

- Acho bom, Alya, porque você sabe que sempre pode me contar tudo. Mas já que não quer ir almoçar com sua Dinda perfeita, simpática, maravilhosa e a melhor do mundo - Fingiu decepção - Quem sou eu para te obrigar, não é?

- Para de drama, vai. É só hoje.

As duas saíram juntas de casa, mas foram para lados opostos.

Alya andava na rua apressada, queria chegar logo no trabalho apenas para ver a menina. Queria ter a chance de ver seus olhos bonitos outra vez, de ver seu sorriso e de sentir o frio da barriga que sentia quando olhava para ela, apenas para tentar decifrar o que era tudo aquilo.

Ela estava tão ansiosa que acabou esquecendo de colocar músicas para caminhar até seu destino. Mas também, ela estava andando tão rápido que chegaria em menos de cinco minutos.

When I Saw You - Billie Eilish [hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora