Capítulo 05: Um erro atrás de outro.

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Depois que Evelyn voltou com Miguel, parecia mais distante, pude perceber isso no carro também, ela falava pouco, menos que o de costume me deixando totalmente desconfortável, parecia estar fingindo que nada havia acontecido e um silêncio totalmente novo e desagradável pairou sobre nós por todo o trajeto. Minhas dúvidas cessaram quando chegamos à porta de minha casa.

— Desculpe. — Ela falou me deixando ainda mais confusa.

— Perdão?

— Olhe, Luana — Evelyn começou tirando seus olhos do volante para o meu rosto no escuro do carro. —, você é uma jovem de dezenove anos, que está procurando um sentido para o próprio destino e isso é bom, mas acredite quando digo que se envolver com outra mulher com o dobro da sua idade não é o melhor para você.

— Do que está falando?

— Que foi um erro enorme e incorrigível o que aconteceu no sofá da minha casa. Eu não deveria tê-la provocado — Meu olhar manteve-se impassível. —, sei que isto vai atrapalhar você, e eu sinto muito mesmo, mas nós não devemos mais repetir isto.

— Você... não gostou? — Questionei olhando para as minhas pernas.

—Não, digo, sim — Ela parecia muito nervosa e despreparada para aquela conversa. —, bem mais do que eu deveria, meu cérebro diz que eu estou sendo idiota e que deveria te beijar e transar com você novamente nesse exato momento, dentro desse carro, mas não posso deixar que aconteça de novo.

— Mas então por que está dizendo isso?

— Eu sabia que ia perguntar isso.

— Eu não mereço saber por que raios você está dizendo isso após me feito flutuar à algumas horas atrás? — Voltei meus olhos para ela que se permaneceu calada. — Tudo bem. Mais alguma coisa que queira dizer?

— Está liberada essa semana, como minhas reuniões serão apenas on-line vou tirar um tempo para o meu filho, e você pode tirar uma semana de folga e será bom também para nós colocarmos nossas cabeças no lugar.

— É muito filha da puta da sua parte, Evelyn.

— Eu sinto muito, Luana, mas você tem que entender, eu tenho uma carreira de anos e um filho de dez anos.

— Eu entendo perfeitamente, mas você não deveria feito o que fez. Você quis, e eu não te culpo porque eu também te queria, e porra, isso é extremamente babaca da sua parte. Obrigada, boa noite. — Disse como quem tivesse acabado de enfiar um punhado de pregos na garganta, abri a porta do carro na esperança dela me pedir para ficar, mas não aconteceu. — Diga para Miguel que mandei um beijo e que sentirei saudades, mas que volto logo. — Me despedi tirando minha mala do carro dela.

Ela assentiu e antes que pudesse dizer qualquer coisa eu fechei a porta do carro e caminhei até a entrada de casa, destranquei e entrei sem olhar para trás, quando fechei a porta deixei as lágrimas caírem, eu me senti usada, me senti idiota em ter acreditado em casa palavra dela, senti raiva dela e de mim também.

Ela me usou o tempo todo, isso tudo pra quê? Me perguntei mentalmente no chão, escorada na porta. A culpa é minha de ter criado a mínima esperança sobre ela.

— Lu? É você? — Ouvi do corredor, me levantando o mais rápido possível e secando as lágrimas que insistiam em cair. — Está chorando? O que aconteceu?

De repente a figura de Lavínia surgiu vestida num cardigan rosa e uma calça de bolinhas vermelhas. Ela olhou para mim e depois abriu os braços para que eu pudesse me aconchegar ali.

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