Uma Doce Festa

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Era chegado o dia da nossa tão esperada comemoração. Estávamos completando um mês de namoro, nosso primeiro mês sendo oficialmente um casal. Estava ansioso pelo que se sucederia ao longo do dia e sentia uma explosão de felicidade em meu interior, como um espetáculo de fogos de artifício nas festas de fim de ano. Eu convivi durante um bom tempo com Bianca, sendo seu colega na universidade. Nunca fomos tão próximos, era uma paixão tímida, mas nada discreta. Todos sabiam da conexão que tínhamos, percebiam através dos olhares de admiração e sorrisos bobos que Bianca e eu trocávamos, até que enfim decidimos assumir o amor que nutríamos um pelo outro em uma tarde chuvosa, quando me ofereci para lhe fazer companhia embaixo de uma passarela onde ela se abrigava. Entre confissões e sorrisos envergonhados, trocamos nossas primeiras carícias e beijos apaixonados e ali decidimos permanecer juntos, descobrindo a cada dia o que nos unia e o que era esse sentimento arrebatador que sentíamos ao olharmos na profundidade dos olhos um do outro e querermos mais e mais de nossas trocas de sorrisos felizes e desajeitados. Era uma conexão magnética e eletrizante.

Começamos a namorar pouco depois de abrirmos nossos corações e nos permitirmos ser abraçados e amparados por este sentimento tão novo e tão real. Bianca e eu ainda não sabíamos tanto um do outro pelo pouco tempo de intimidade. Eu sentia que Bianca talvez tivesse em sua vida muitas coisas das quais eu não tinha conhecimento, mas seria interessante descobrir mais sobre Bianca a cada dia que passasse. Cá estou eu em uma manhã do dia 14 de abril, planejando uma surpresa especial para Bianca. Pensei em várias ideias e decidi por uma pequena festa decorada, para que nossos amigos pudessem celebrar conosco e prestigiar este momento tão especial em nossas vidas.

Meus amigos já estavam em minha casa, dispostos a ajudar no que fosse preciso, e logo a correria começou. Todos muito empenhados nos preparativos da festinha, o clima era agradável e gerava em mim um sentimento de que seria uma noite inesquecível. Havia mais cedo ligado para Bianca e dito para que viesse às sete da noite. Finalmente! Os ponteiros do relógio de parede já marcavam sete em ponto. A sala de minha casa estava toda decorada com enfeites que lembravam o dia dos namorados. Havia enchido a mesa de doces, bolos, chocolates, caramelos, bombons, pirulitos e trufas. O presente que havia comprado para ela era uma caixa de bombons caros. Eram enjoativos pela quantidade de açúcar, mas eram de marca boa. Então, acreditei que tudo estava bom e eu não deveria me preocupar tanto, e senti uma brisa boa soprar em meu coração, tranquilizando-o. Mas logo o pensamento retornou: "Será que fiz o certo? Acredito que exagerei na quantidade de doces e não comprei salgado algum para a festa", pensei. Creio que tenha me deixado levar pela doçura de nosso amor, pelo doce de seus olhos e seus lábios. Mas eu sentia que minha homenagem havia ficado enjoativa demais.

Estava eu parado em frente à porta, com minha melhor roupa, meu melhor sapato e meu melhor perfume, segurando a caixa com os bombons, sentindo aquela eletricidade atravessar meu corpo novamente. Sim, aquela mesma eletricidade que senti quando comecei a me relacionar com Bianca. Bianca abre a porta, todos gritam "Surpresa!!" em alto e bom tom. Não contenho o sorriso e demonstro, através de minha face, toda a felicidade que tinha. Bianca tinha em mãos uma caixa enlaçada, que deduzi ser um presente para mim. Bianca não estava nada feliz, mirava os olhos na decoração, depois mirava na mesa e, por último, em mim. Sua expressão era de decepção e tristeza. E, com feição séria, disse:

-Jorge, eu sou diabética.

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