Victoria Martinelli
17 anos de idadeDepois de acordarmos juntos naquela manhã, algo ficou no ar. Algo leve, mas presente. Alec foi embora com um sorriso no rosto, e eu? Bom, fiquei com o número dele salvo no meu celular. Nada demais, certo? Certo...
Os dias que se seguiram foram cheios de mensagens. Ele manda aquelas perguntas casuais, que parecem sem importância, mas que, no fundo, têm uma intenção. Eu finjo que não estou ansiosa para ver a notificação dele no celular, mas quando o som de uma nova mensagem toca, é impossível não sorrir.
— Como foi o seu dia, Morena? — aparece na tela.
Reviro os olhos, apesar do sorriso que já surgiu no meu rosto. Ele sempre me chama assim, e é impossível não gostar. Respondo sem pensar muito:
— Cansativo, como sempre. E o seu?
A resposta vem quase que instantaneamente.
— Melhor agora que você respondeu.
Alec tem uma maneira de me fazer sorrir, mesmo com essas cantadas clichês. Balanço a cabeça, rindo sozinha enquanto digito:
— Isso foi bem clichê, hein. Precisa melhorar essas frases.
— Estou sempre em evolução.
Minha vontade é mandar uma resposta provocativa, mas antes que eu possa pensar em algo, outra mensagem dele surge, e dessa vez, meu coração dá aquele pequeno salto inesperado.
— Falando nisso... E um encontro? Que tal?
Paro por alguns segundos, pensando. Eu sabia que ele ia sugerir isso eventualmente. Estava se aproximando há dias, construindo uma conversa aqui, outra ali, até chegar nesse ponto. Não estou surpresa, só relutante. Mas, sem perceber, já estou cedendo um pouco mais do que eu esperava.
— Hum... E onde seria esse tal encontro? — respondo, tentando parecer indiferente.
— Uma praia. Nada muito elaborado, só eu, você e o mar. O que acha?
Uma praia. Não consigo evitar de imaginar a cena: areia macia, o som das ondas, um pôr do sol suave no horizonte. Parece simples, mas exatamente o tipo de coisa que me faria relaxar. Sinto que estou complicando demais algo que poderia ser leve.
— Parece bom, mas não prometo nada.
Logo vem um emoji piscando, e eu não consigo evitar rir sozinha. Ele é sempre assim: charmoso, mas sem pressão.
☪
Quando o sábado finalmente chega, estou parada na frente do espelho, tentando decidir se essa camiseta branca é casual o suficiente. Não quero parecer que estou me esforçando muito, mas também não quero parecer que não me importo. Respiro fundo. Vai ser só um encontro, nada demais.
A campainha toca, e lá está ele. Alec, com seu sorriso fácil e aquela camiseta que parece feita sob medida para ele. Ele olha para mim de cima a baixo e sorri mais ainda.
— Você está linda, Morena.
— Nem começou e já está com essas cantadas baratas? — brinco, revirando os olhos, mas incapaz de esconder o sorriso.
— Só digo verdades — responde, piscando enquanto abre a porta do carro para mim. Ele sempre faz isso, o cavalheirismo parece vir naturalmente.
O caminho até a praia é agradável. Alec coloca uma playlist tranquila, e conversamos sobre coisas aleatórias. Nada muito profundo, mas confortável. Aos poucos, o barulho da cidade vai se distanciando, e o som do mar começa a tomar conta. Quando chegamos, o céu está começando a se tingir com o laranja do pôr do sol.
Alec desliga o carro e caminha ao meu lado até a areia, trazendo uma toalha que ele tinha na mochila. Ele se senta, abrindo dois sucos de caixinha e um saco de batatas fritas.
— Suco de caixinha e batata frita? Que gourmet! — digo, provocando enquanto me sento ao lado dele.
Ele ri, abrindo um dos sucos e me entregando.
— Eu sei como impressionar — diz, piscando.
O som das ondas é relaxante, e por alguns minutos ficamos em silêncio, só apreciando o ambiente. Eu olho para o horizonte, enquanto Alec parece estar mais interessado em me observar.
— Sabe, eu nunca te vi como alguém que gosta de deixar as coisas simplesmente acontecerem — diz ele de repente, quebrando o silêncio.
Viro-me para ele, surpresa.
— O que te faz pensar isso?
Ele dá de ombros, olhando para o mar.
— Intuição. Você gosta de ter o controle. Não é uma crítica, só uma constatação.
Suspiro, sem conseguir negar. Ele não está errado.
— Eu gosto de ter as coisas sob controle, sim. Evito problemas assim.
Ele assente, como se entendesse.
— E tem funcionado? — pergunta, sem tirar os olhos de mim.
— Funciona... acho. Evito me machucar.
Fico em silêncio depois disso, olhando para a areia entre os dedos. Ele não diz nada, apenas espera. Quando finalmente continuo, minha voz sai mais suave.
— Eu não sou do tipo que se joga, Alec. Gosto de ter segurança.
Ele se inclina um pouco para frente, como se quisesse que eu realmente entendesse o que está prestes a dizer.
— Não estou te pedindo para se jogar. Estou te dando o tempo que você precisar. Acho que vale a pena esperar.
Eu não esperava por isso. Ele diz de um jeito tão simples, mas tão genuíno, que me pego olhando para ele, sem saber o que responder. Ele nunca me pressionou, nunca me fez sentir que eu precisava acelerar nada. E talvez seja isso que me faz querer ceder um pouco mais.
— Talvez eu esteja complicando demais — digo, com um sorriso pequeno.
— Só um pouquinho — ele diz, com aquele sorriso de canto que começa a me desarmar mais a cada segundo.
Ficamos quietos de novo, mas dessa vez, é um silêncio confortável. O tipo de silêncio que não precisa ser preenchido com palavras. Estou olhando para o mar, mas posso sentir Alec me observando, esperando, sem pressa. Ele está ali, presente, mas sem exigir nada de mim. E pela primeira vez em muito tempo, me permito relaxar. Deixar as coisas acontecerem.
Depois de um tempo, ele se aproxima um pouco mais.
— Se quiser, a gente pode só ficar aqui, vendo o mar. Sem pressa — diz, sua voz baixa e calma.
Sorrio, sem desviar os olhos do horizonte.
— Talvez isso seja exatamente o que eu preciso agora.
E, nesse momento, com o céu estrelado surgindo lentamente e o som das ondas ao fundo, sinto que estou pronta para deixar Alec entrar um pouco mais. Não tudo de uma vez, mas devagar, no meu tempo. E ele parece estar disposto a esperar o quanto for necessário.
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Luz que me traz paz
Romansasinopse Victoria Martinelli, aos 17 anos, tem uma vida cuidadosamente planejada. Equilibrando o cansaço do trabalho e as responsabilidades da escola, ela não tem tempo para surpresas - especialmente quando se trata de garotos. Mas tudo muda em uma n...