Três:

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🌼Bianca Vasconcelos:

Finalmente chegamos!

O lugar é simplesmente o paraíso!
Uma enorme casa feita de madeira, com dois andares e com varanda. Um jardim muito bem cudiado, pelo caseiro e sua família. Há um lago bem atrás da casa, onde há alguns patinhos nadando. Árvores cercam o lugar, muitas delas são frutíferas. Até o ar é diferente.

É a terceira vez que eu venho aqui.
Na primeira eu quase morri afogada, pois não sabia nadar. Agora eu já sei, e vou poder nadar até as minhas pernas cançarem.

É um paraíso na terra.

—Agora eu só quero deitar e dormir até depois de amanhã.—Digo.

—Você é preguiçosa, em garota. Não vai dormir nada.—Beth luta com a mala enorme que ela trouxe. A minha é menor, então consigo carregar normalmente. Mas não se enganem, eu consigo a proeza de colocar quase um guarda-roupa inteiro, dentro de uma mala de mão. Minha mãe que me ensinou, para não pagarmos muito com bagagem.

Mesquinha em.

—Espero que aqueles vizinhos gostosos metidos a cowboy, ainda estejam morando por aqui.—Kate se abana com a mão.—Dá última vez, eu fiz um arraso nesse lugar.

—Em breve, minha mãe irá me proibir de andar com vocês. Só pensam em sexo.

—Sua mãe é ainda mais maluca que nós duas juntas.—Nisso ela tem razão.—E quando você experimentar a primeira vez, não vai querer parar mais. Seremos três malucas falando de sexo.

—Ok, encerrado este assunto.—Eu falo.

—Ela está assim, pois não sabe qual foi a última vez que foi pra cama com um homem de verdade. O último, foi aquele pinto murcho do Marlon.—Kate parece que perdeu o medo de morrer.—Você tem um dedo pobre pra homem, Beth.

—Não toque no nome daquele bastardo, por favor. Não queiram estragar as minhas férias.

Marlon é um bacaca estúpido, por quem Beth se apaixonou perdidamente. Ela acreditava que ele era seu príncipe encantado, sem um cavalo branco. Engataram o que parecia ser um namoro, ou só ficavam com exclusividade, não sei. Mas Beth acreditava estar no seu conto de fadas. Andava com ele pra cima e pra baixo, até acabou esquecendo um pouco de mim e Kate. De início, quando eu o vi, já percebi que ele não valia um tostão. Ele deu encima de mim algumas vezes, mas eu não contei pra ela no mesmo dia. Não queria vê-la triste, por alguém que não valia a pena. Óbvio que eu precisei contar depois. E ela acreditou? Óbvio que não. Me disse que eu tinha interpretado de uma forma errada.

O castelinho caiu.

Ela não acreditava quando a gente dizia que ele não prestava. Então esperou para ver.

Acabou vazando uma dezena de vídeos do bendito, com não sei quantas mulheres diferentes. Era orgia pesada, comais de dez pessoas. As traições dele se tornaram públicas. Beth ficou arrasada por dias. Vivia a base de sorvete e chocolate.

Eu nunca vi ela sofrer tanto assim por alguém.
Que bom que ela parece ter superado.

—Cada uma ficará com um quarto. Não estou afim de dividir meu espaço com vadias repugnantes.—Kate afina um pouco a voz, me lembrando alguém.

—Maggie Brown?—Beth pergunta, e Kate confirma. Eu fico confusa.—A que se achava a patricinha da escola, no fundamental. Você é lerda, Bí. Não se lembra de nada.

—Eu me lembrei sim.—Claro. Maggie Brown, como me esquecer dela? A maior vadia que eu já conheci. Me fez sentir vergonha de mim mesmo em vários momentos. O bullyng era pesado, mas os adultos costumavam relevar, por acharem ser coisa de criança. Eu sofri nesta época. Eu era chamada de selvagem brasileira.—A vagabunda que adorava exibir o dinheiro do corrupto do pai dela? A que fez a minha vida um inferno? Sim. Está bem fresco na minha memória.

—Ainda sinto vontade de bater na cara dela, até não sobrar nada.

—Acredite, eu faria isso agora.—Suspiro. Fui covarde na época. Queria ser aceita em uma nova escola, com novas pessoas.

Quem em sã consciência se acha superior, por transar com homens mais velho, com 13 anos? Maggie Brown se achava. E pasmem, me sentia humilhada por não estar na "moda". A maioria das meninas estavam fazendo isso, na época.

Bateria minha cara na parede, se fosse hoje.
Eu tinha uns 12 anos, era uma anta.

—Se não me engano, seu irmão teve um casinho com ela.—Forço a minha mente a lembrar.

—Eram só boatos.—Beth dá de ombros.—Maggie era uma criança praticamente. Jason é galinha, mas não é pedófilo.

—Ao menos é racional.—Concluo.—Se fosse hoje, ele pegaria, sem dúvidas.

—Creio que não.—Beth volta a falar.

—Por que?

—Ela está a maior baranga. Faltava pisar em todo mundo, por ter um corpinho que chamava a atenção dos professores, mas esqueceu que a gravidade começaria a agir. E com ela, foi destruidora.—Kate ri, diabólica.—Está irreconhecível. Com dois filhos, eu acho.  Se casou, mas divorciou quando o marido arrumou quinhentas amantes.

—Como você sabe disso?

—Internet.

—Como assim ela tem dois filhos? Ela não tem quase a nossa idade? Se tiver no máximo, vinte anos.—Acho que são 19.—Dois filhos, um casamento e um divórcio? Quanto tempo eu dormi?

—São próximas às idades dos filhos. Pelo que eu soube, ela se casou às pressas, com o filho de um senador, ao saber que estava grávida do primeiro filho. Depois veio o outro.—Kate explica.—Mas como o tempo não foi generoso com ela, os peitos e a bunda que ela tanto se orgulhava, caíram e não teve procedimento estético que levantasse. O rosto com um botox que teve efeito reverso. Enfim, divorciada e mãe de dois. A mulher se auto destruiu, por dinheiro. Tentou manter a imagem de gostosa, mas não deu certo. Sinto muito por ela, de verdade. Tenho pena. Totalmente influenciada pelos pais.

—Mas a família dela já não tem dinheiro?

—Faliram. A gravidez ajudou a quitar algumas dívidas. Penso que foi um golpe bem planejado pelos pais dela.

—Já acabaram de falar da vida alheia?—Beth, que ouvia tudo atentamente, chama a nossa atenção.

—Até parece que a senhorita não estava interessada em cada detalhe.

—Não estava.—Cínica.

—Gente, o irmão de vocês chegará agora? Ou terei mais algumas horas de paz e sossego?

—Eu pensei que ele já estaria aqui quando a gente chegasse. Mas ele deve ter saído com os amigos. E sinto muito, ele não irá demorar para chegar.

—Irei fugir para as montanhas.

—Espero que ele traga amigos gostosos.—Kate morde a boca. É uma nojenta.

—Sossega esse periquito, mulher.

—Já faz alguns meses que eu não transo. Irei aproveitar que estou longe do meu período fértil.

—Que as duas fiquem grávida.—Finjo pedir.

—Sua nojenta. Vira essa boca pra lá. Eu não tenho vocação para ser mãe.—Bath bate num móvel de madeira.—Coitada da criança.

—Me deem sobrinhos, por favor.—Peço.

—Caso não saiba, você também tem útero. Se quer tanto uma criança, experimente ter uma sua.

—Não, obrigada. Dispenso.

—Não sei vocês, mas eu vou para o meu quarto, e espero não ser incomodada por nenhuma das duas, obrigada.

—Vai chorar no banho?—Pergunto.

—Vai se foder!—Manda o dedo do meio. Eu gargalho.

Me despeço de Beth, e vou para o meu quarto, levando comigo a minha mala. A casa é enorme, então há quartos a vontade. Ela foi feita para receber visitas, então parece um hotel fazenda.

Fecho a porta do meu quarto, trancando com chave.

Por agora, eu só quero dormir.

O irmão das minhas amigas.(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora