De fato não era fácil usar um arco que não era feito especificamente para mim, era bem mais difícil do que parecia. Me arrependi de ter falado sobre eu ter matado um monstro com meu arco, pois as duas primeiras flechas que atirei voaram para bem longe do alvo que havia a alguns metros de distância de mim, e enquanto isso, Maria apenas ria da minha cara, eu estava, definitivamente, sendo o entretenimento dela naquele momento. Eu começava a ficar vermelho de raiva quando a terceira flecha passa ao lado do alvo e também não o acerta, o que me faz suspirar profundamente, enquanto as meninas olhavam como se entendessem meu caso. Entretanto eu ainda não ia desistir, não tão rápido e fácil assim. Foi quando atirei a quarta flecha que ela acertou a ponta do alvo, e aí a filha de Atena se conteve um pouco, olhando atenta para o alvo, esperando a próxima. Eu a olho com um certo ar de desdém, mas não digo nada. Quando atiro a próxima flecha ela começa a se aproximar do centro do alvo, o que me faz tentar mais algumas vezes, até que na oitava vez (é, oitava vez), eu acerto a flecha bem no centro do alvo. Com isso, eu digo olhando para ela.
– Bom... Acho que de fato é prática.
Ainda não estava seguro de que ia continuar acertando o centro do alvo após aquela oitava flecha, mas já tinha dado para pegar o jeito, pelo menos o jeito certo de atirar, sabia que precisava manter a postura, que tinha que segurar na corda do arco apenas com o indicador, o dedo médio e o anelar enquanto o polegar tinha que se manter na altura do final da minha mandíbula, abaixo da orelha, e não podia, em hipótese alguma mexer a mão na hora de atirar, e sim apenas soltar os dedos da corda. E foi pensando assim que a nona flecha partiu a oitava no meio enquanto acertava exatamente onde ela estava no alvo. Olho para Maria que ia falar algo, mas uma voz que ainda não conhecia a impediu de pronunciar suas palavras.
– Uau... Filho de Apolo, certeza. A perícia com arco é nítida.
A voz vinha de um garoto que tinha mais ou menos a mesma idade que eu, senão a mesma. Sua pele era bem clara, o que fazia eu me questionar como ele continuava com aquele tom de pele vivendo em uma ilha, pois parecia que não pegava muito sol, a não ser que tivesse chegado recentemente ao Refúgio. Dava para perceber a animação em seus olhos puxados enquanto falava, os mesmos olhos que evidenciavam uma descendência asiática. Ele tinha adagas diferentes em mãos, aparentemente ele não estava treinando arqueria como a maioria dos que estavam ali naquele lugar. Eu o olho fixamente e ele diz.
– Finalmente alguém que sabe atirar, a maioria do pessoal que está por aqui não consegue acertar uma flecha sequer.
Sinto que as meninas não gostaram muito do que ele disse, pois ficaram com uma expressão de nojo pra ele, até que a de cabelo colorido disse olhando fixamente para o garoto, como se fosse fulminar ele.
– Se fosse pra gente saber atirar não teria necessidade de uma aula pra isso.
Ele olha para ela com uma expressão de que continuaria a provocar, mas parece que ele desiste e eu digo.
– Não é por nada não, mas concordo com ela, se eles estão aqui para aprender a atirar é porque não sabem, e não é todo mundo que tem essa tal perícia com arco, como você mencionou.
É aí que Maria entra na conversa, a princípio parecia que estava querendo defender as meninas também.
– O caso nem é não saber atirar. Na verdade, mesmo ele sendo filho de Apolo ele só aprendeu a atirar agora, porque até então não precisava saber usar o arco e por isso nem sabia pegar em um direito, a não ser o que foi feito pra ele. Mas enfim, isso é uma aula de tiro com arco, mesmo ninguém sabendo usar direito pelo menos estão com a arma certa, até porque não está na hora de treinar luta com adagas.
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A Origem de um Legado - Vol I
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