Capítulo 3

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          A entrada do Refúgio era interessante e intrigante. Nela tinham colunas de mármore antigo como dos templos gregos, com um letreiro entalhado na parte de cima, onde se lia "Academia de Referência Grega para Estudos e Pesquisas" em letras grandes, e foi aí que eu entendi o porque de ter a sigla ARGEP no barco que nos trouxe, era a sigla pra isso. Mas o estranho daquele letreiro era que abaixo desse nome estava escrito em grego antigo: "Ελληνικό καταφύγιο για νέους ημίθεους" como se fosse um subtítulo, o estranho é que entendi o que dizia mesmo nunca tendo estudado grego ou algo do tipo. Eu consegui compreender sem nenhum problema que aquelas letras gregas juntas significavam "Refúgio Grego para Jovens Semideuses". Isso provavelmente me fez parecer confuso, pois Adam disse enquanto me olhava e passava pela entrada.

          – Legal como seu cérebro é programado para ler o Grego Antigo, né? Agora vamos logo, temos muito o que mostrar a vocês três ainda.

          Saio do transe ouvindo o que ele diz, e era interessante como eu não tinha problemas para entender o que estava escrito. Com isso, fiquei um pouco mais animado em conhecer esse lugar e o mundo ao qual eu acabava de ser inserido. Eu estava começando a retomar aquela pontinha de animação que Adam tentou tirar de mim quando disse que isso não seria como férias na praia e que precisaríamos trabalhar duro para que eu pudesse ser treinado nesse lugar que até parecia bem legal e receptivo, apesar de tudo. Talvez essa fosse a intenção do ambiente parecer acolhedor para os semideuses não terem problemas de adaptação, acreditei que fosse isso.

          Ainda não dava para ver muito do Refúgio além das paredes de pedra na altura da cintura que nos direcionavam por um caminho que ao fim se estendia, não sabia o motivo daquelas pequenas paredes, pois dava para pular elas sem nenhum problema, elas não protegiam de nada, se alguém quisesse passar por elas nem precisava de escadas. Apenas fiquei observando os detalhes entalhados nelas, pois depois de um tempo notei algo diferente, era como se elas contassem uma história ao longo do caminho, percebi que se iniciava com o nascimento dos deuses filhos de Cronos, era como uma linha do tempo entalhada nas pedras com imagens, quase imperceptível. Estava tão concentrado vendo a história das rochas que levo um susto com algo que passa voando por cima de nós. Melissa que estava a minha frente diz sorrindo, um pouco até demais para ela.

          – Unicórnios! Vou poder voar com um desses?

          Eu caio na gargalhada enquanto caminhávamos para seja lá onde precisávamos ir.

          – Não existem Unicórnios, isso são Pégasos. Depois ficam rindo de mim, porque o meu "protetor" não me explicou nada...

          Falo fazendo aspas com os dedos das mãos, alfinetando Will depois de ter zombado de mim no barco por não saber de quase nada e pelo fato de Adam não ter se preocupado em contar. Enquanto isso, Melissa, provavelmente, estava revirando os olhos. O filho de Deméter começa a andar de costas para onde ia, me respondendo.

          – Eu contei o que elas precisavam saber sobre o Refúgio, não expliquei toda a mitologia. Isso elas estudarão aqui.

          Acho que minha expressão de deboche estava nítida demais, pois ele ri dando de ombros e volta a andar normalmente guiando o grupo. Depois de alguns poucos segundos enfim chegamos ao fim do caminho. Onde ele terminava tinha uma guarita no morro que parecia ser uma torre de vigilância, na qual tinham algumas pessoas olhando na nossa direção com binóculos. Adam acena para eles, o que era normal, já que ele devia conhecer todo mundo daquele lugar, assim como Will. Quando o caminho termina a paisagem se abre diante dos nossos olhos e era incrível ter todas as coisas que tinham naquele lugar, pois da praia, onde desembarcamos, não dava para ver nada daquilo. Haviam diversas construções ali, uma maior que a outra, várias pessoas andando para todos os lados, era como eu imaginava uma Cidade Universitária, porém um pouco menor e só para semideuses. Agora não era mais necessário andar em fila, por isso Adam para ao meu lado, não sei se por minha causa ou por de Agatha, mas parou para amarrar a bota.

A Origem de um Legado - Vol IOnde histórias criam vida. Descubra agora