I (Already) Love You

24: That girl is mine.

Alguém chame um médico

Temos um caso de amor bipolar

Estou presa em uma montanha russa

E não consigo descer

Hot N Cold - Katy Perry

Justin Bieber

Hazel estava agitada ao meu lado; sua inquietação parecia emanar de seu corpo de tal forma que até mesmo eu sentia aquela angústia no peito. Entretanto, creio que comigo seja apenas preocupação. Estávamos na fila para adquirir os ingressos, e ela batucava as unhas na capa de um celular - que espero ser o dela - incessantemente. O som já estava se tornando desagradável para mim, mas eu queria poupá-la de reclamações.

Eu me encontrava genuinamente preocupado com o seu comportamento aflito. Inicialmente, Hazel parecia animada, mas logo a inquietação tomou conta; desde então, ela parece imersa em seus próprios pensamentos. Não havia outro motivo senão a torrente de memórias que com toda certeza a atingiam impetuosamente.

Era a primeira vez que ela visitava esse parque desde o falecimento de seu pai, o mesmo parque que ela costumava visitar com ele durante a sua infância. Não posso presumir quais sentimentos ela deveria estar enfrentando, mas imagino que ela sentia medo. Ela não tinha conhecimento do que a esperava ao atravessar os portões, o que havia mudado lá dentro, o que havia continuado da mesma maneira que era antes, quais memórias a atingiriam, se seriam boas ou ruins. Sobretudo, tenho certeza de que ela sente medo da intensidade que o luto terá durante todo o tempo em que estiver lá dentro. Nunca vivi o que ela está vivendo e não espero viver tão cedo; não tenho noção do quanto deveria estar doendo nela.

Me questiono se foi uma boa ideia sugerir que viéssemos aqui. Ela parecia feliz quando falou sobre o parque, acreditei que era, mas agora, avaliando profundamente, parece que foi um erro. Meu propósito era que ela se distraísse de seus dramas familiares, não trazer mais deles à tona. Além disso, duvido que pensar em seu pai e mãe não a faça lembrar de AJ e todo esse drama que ele causou. Ao mesmo tempo que penso que ir embora seria a melhor escolha, também penso que seria bom para ela.

Eu só quero que ela fique bem, e não quero falhar nisso.

Reconheço que ela estava melhor, pelo menos em comparação com hoje na escola. A forma como ela estava triste me deixava aflito, especialmente quando considero que ela esteve assim durante toda a semana. Sinto-me culpado por perceber que ela teria melhorado antes se ao menos tivesse recebido uma mensagem minha. Naquele momento, eu não tive coragem de arriscar, pois não sabia se AJ tinha acesso ao celular dela e se visse, poderia me prejudicar. Só encontrei coragem de verdade quando vi o estado dela; senti uma urgência inexplicável de pôr fim àquilo e fico feliz por ter conseguido. A alegria e o sorriso de Hazel devem ser preservados; odeio vê-la sofrer, e quando vejo, quero fazer o possível para que o seu sofrimento cesse, simplesmente porque ela não merece sofrer por nada, nunca. E sim, eu sei que muitas vezes sou a causa do sofrimento dela e me detesto por ser essa pessoa.

Eu tento muito não machucá-la, mas sei que não estou tentando o suficiente.

Ainda ouvia o batucar das unhas de Hazel no celular misturado com os outros sons do ambiente. Ainda podia perceber ela balançando a perna e esticando o pescoço para conferir quantas pessoas faltavam até nós, de maneira compulsiva e quase preocupante. Tinha dez pessoas na nossa frente, e o atendimento era rápido, mas não parecia ser o suficiente para tranquilizá-la. Quero acreditar que seu desassossego se deve apenas à ansiedade de entrar no parque de diversões e nada mais; seria uma opção muito melhor do que a que eu cogitava antes.