I (Already) Love You

05: Do this more, Hazel Rhode.

Nós ficamos bem em fotografias, eu gosto do jeito que você gosta de rir

Bad For Business - Sabrina Carpenter

Hazel Rhode Baldwin.

Os rabiscos feitos por mim em meus cadernos têm se tornado cada vez mais frequentes, começo a fazê-los sem perceber quando estou imersa em meus pensamentos. Me perco em um mar de reflexões, submergindo em memórias e teorias de como funciona o amor e o ódio. Observo a tinta cravar no papel enquanto meus raciocínios se cravam em minha mente, raciocínios que sempre voltam a minha cabeça, me deixando cada vez mais imersa, mais difícil de voltar à superfície.

Após o tempo demasiado em que amei sem ser amada, cheguei à conclusão de que, estranhamente, odiar aquele que ama se torna tão fácil ao ponto de ser quase impossível não odiar. O amor de mão única dói, e a dor frequentemente causa traumas, então logo, alguns traumas causam ódio. O ódio tem razões, porque aquele que ama e não é amado se sente injustiçado; coração, corpo e alma são entregues a quem não pode recebê-los.

Quando me apaixonei por Justin, tive a ilusão de que, por algum momento, ele olharia para mim, me veria de alguma forma, mas seus olhos eram completamente voltados a Monique, ele era obcecado por ela, ainda é, mesmo que tenham terminado. Houve uma fase em que eu senti raiva deles, dos dois, de Justin por não ter me escolhido e de Monique por ser a escolhida.

Odiar alguém que ama é menos complicado e difícil do que parece, o poder que a pessoa amada tem de fazer o bem é o mesmo de fazer o mal. É fácil odiar quem nem sabe que é amado, como poderia corresponder um sentimento que nem sabe que existe? A dor de não ser correspondido não tem um causador, pois ninguém é culpado de amar e não ser amado de volta, mas também ninguém tem culpa de não amar de volta, mesmo assim, toda dor tem que ter alguém para responsabilizar, fica mais fácil lidar assim, se não ao outro, então a si mesmo. Sendo assim, com quem é mais injusto, quem não tem culpa de não amar, ou quem não tem culpa de amar?

É um paradoxo, eu acho, não há uma vítima, nem um agressor, mas há lágrimas, só de uma das partes, a outra sequer sente alguma coisa, a outra mal sabe, é aí que começa a raiva, a sensação de injustiça, o lado que ama percebe que não é justo, tantas lágrimas, tanta dor, a esperança falha e as expectativas em vão esperando que por algum momento receber segundos de atenção da pessoa amada, tanto tempo perdido e energia gasta a troco de nada, o lado que não ama nem se importa, não se afeta, não se machuca, não sofre, não é justo.

É aí que entra um terceiro ponto, mais uma linha para esse nó: o amor não precisa ser recíproco para ser amor, e se ama, não deve desejar que a pessoa amada sofra apenas para que seja justo, pois não é, justiça não funciona dessa forma. O amor significa estar feliz por quem ama, e desejar felicidade quando essa pessoa não está feliz. E então esperar, alguma hora para de doer.

Eu espero.

- Eu vou na sua casa amanhã cedo, e você vai deixar eu arrumar você da maneira que eu quiser. - Kendall apareceu de forma repentina, sentando-se na mesa ao meu lado.

- Por que?

- É a sua chance de chamar atenção do Bieber, na verdade, você já chamou, agora você precisa manter.

- Eu não chamei a atenção dele. - Contrariei fazendo anotações para a avaliação de Biologia avançada, que embora não seja a aula de agora, decidi usar o tempo até o sinal tocar para estudar.

- Rhode, ele disse que não tinha conseguido o que queria naquele dia, insinuando que queria conseguir hoje. - Explicou como se fosse óbvio, mas de fato não era.

- Ele mesmo disse que queria quebrar o gelo. - Olhei para ela por alguns segundos e então voltei a dar aula ao meu caderno. - Se ele quisesse qualquer coisa comigo...