03: Deja Vu

238 20 5
                                    

Acho que eu sou do espaço

Minha alma caiu

Eu encontrei a terra, não vou embora agora

Eu conheço seu rosto, acho que você caiu também

E não há lugar, não, se eu tiver você

If I Got You - ZAYN

Justin Bieber

Exagerei na bebida durante a noite e confesso, mereço o sermão que levarei de quase todos que eu conheço por ter ido em uma noitada em pleno domingo, tenho total noção de que foi no mínimo irresponsável, por outro lado, gosto muito de manter em minha mente que "Só se vive uma vez" e um fato significativo e uma consideração excessivamente boa para ser ignorada unicamente devido a um puxão de orelha que levarei do meu pai, isso se ele sequer notar. Consegui fugir dele antes de vir para a aula, até o fim do dia minha aparência vai melhorar e ele não fará perguntas.

Um dos poucos pontos bons da minha manhã é ter conseguido me livrar do sermão, no entanto, meu carma parece ter me perseguido até a escola, pois tenho que pagar por todos os meus pecados cometidos na noite passada tendo que lidar com a diretora logo de manhã. Eu não sei quais assuntos ela pretende tratar comigo, mas digo com tranquilidade que será acompanhado de um sermão disfarçado de frases motivacionais e uma tentativa falha de tentar me entender e se aprofundar nos meus sentimentos e esse blá blá blá todo, definitivamente não me agrada começar o dia assim, mas não tenho escolha.

Abro a porta de madeira maciça após ouvir um "entre" vindo de Isabel do lado de dentro da sala.

- Mandou chamar? - Tento falar o mais alto que consigo sem que minha cabeça doesse mais.

- Sim, pode se sentar. - Indica uma das duas cadeiras em frente de sua mesa, fecho a porta em silêncio e me sento. - Está tudo bem? Aparenta estar doente.

- Eu... - Pigarreio quando percebo que minha voz estava extremamente rouca e arrastada. - Acordei com a minha cabeça doendo.

- Por que será? - Aquela pergunta obviamente era insinuosa, dei de ombros no mesmo momento, mostrando que não sabia o motivo. - Enfim, eu imagino que não saiba a razão de estar aqui, certo?

- A menos que meu pai tenha te encarregado de ter uma conversa comigo que ele não teve a oportunidade de ter de manhã, sim, eu não tenho ideia. - Ela sorri.

- Não tem a ver com a conversa que vocês com certeza terão mais tarde, agora que admitiu. - Ri desviando o olhar. - Está aqui por conta de suas notas. - A postura muda imediatamente, agora ela estava séria. - E sobre o seu comportamento na escola.

- O que tem? - Começo sem interesse algum.

- Todos sabem o que aconteceu há três meses atrás com o seu término.

Oh, meu Deus, eu dancei na cruz por acaso?

- Desde então... Justin, você não tem nada feito ou entregue nesses três meses, você mal tem presença. - Ela aparentava ter medo da minha reação, dizia tudo com cautela, pensando muito nas palavras antes de falar, talvez ela ache que eu reagirei pior, mas não é esse o caso.

Eu sei bem o que estou fazendo de errado e estou ciente das consequência, mas na verdade eu apenas não me importo, sim, eu não dou a mínima. Meu futuro já é óbvio desde que nasci, irei trabalhar com o meu pai, não preciso de uma faculdade para ser mecânico, no máximo de um curso apenas pelo certificado até porque tudo o que eu aprenderei meu pai já me ensinou.

Eu realmente nem queria vir mais para a escola, apenas venho porque se Isabel não me ver pelos corredores o meu pai me enche o saco, por isso cabulo quase o dia inteiro ou durmo nas aulas. Tenho me esforçado muito desde o primeiro ano, queria passar na faculdade e sair dessa cidade, patético! Eu nem sei o que eu quero cursar e não é como se pudéssemos pagar qualquer coisa em relação a faculdade, nem com uma bolsa as coisas facilitariam. Já aceitei que minha vida é aqui, ajudando meu pai até herdar a mecânica, não é uma profissão que eu ame, mas eu gosto e me agrada o suficiente para eu aceitar viver disso para o resto da minha vida.

I (Already) Love You Onde histórias criam vida. Descubra agora