capítulo 2

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Na minha inocência de criança eu já imaginava meu pai como um casal com a Mariangela, eles ficarão bonitos na foto e eu amei ver a imagem dos dois juntos.

Amimado com o cachorrinho eu peço para o meu pai me deixar sozinho com o Baltho, com um cartão em mãos ele vai até o escritório, acho eu que combinar com a Mariangela quando vamos nos conhecer.

Se meu pai visse o que eu e Baltho aprontamos na sala, ele iria surtar.

Pulamos de um sofá a outro, corremos por toda a sala até que exausto eu me deito no tapete e abraçado a Baltho eu durmo.

Acordo algum tempo depois com o estômago roncando e uma fome de leão.

Chamo pelo meu pai e digo que estou com fome, eu preciso comer para ter energia para brincar com o Baltho.

A minha casa e minha vida se tornaram mais alegres com a chegada dele.
Como oncologista pediátrico, meu pai era um péssimo cozinheiro e a única coisa que sabiá fazer na época era uma canja a qual eu estava enjoado.
Meu pai esquentou no micro-ondas e trouxe para mim a tigela com a mesma, eu como toda criança protestante eu reclamei:
— Pai canja de galinha novo! Eu estou ficando enjoado de canja de galinha!
— Desculpa, filho é a única sopa que sei fazer.
— Espero que Mariângela manje de cozinha, pois você pai com todo o meu respeito está deixando a desejar, mais vou comer, estou feliz que o senhor me deu o Baltho e com muita fome.
Baltho fez bem para mim, eu que era enjoado para comer, estava me alimentando, meu pai vendo esse progresso teve a certeza de que eu ia me recuperar rapidinho.

O jantar foi desastroso para mim e eu comi, pois estava com fome. Assisto um pouco de televisão acompanhado de meu pai e mimo muito o Baltho.
De tanto brincar com o cachorrinho, acabei ficando exausto e acabei adormecendo, abraçado a Baltho que nem se movia em meus braços.
Meu pai Gilberto vai até o quarto, desfaz a minha cama e me leva no colo, não me separou do cachorro, nos colocou na cama e nos cobriu.
— Percebo que o cãozinho está fazendo bem para você filho, imagine quando conhecer amanhã quem foi a moça que me deixou adotá-lo.
Meu pai deve ter sentindo o coração se aquecer quando se lembrou se Mariangela aquela noite.

Muito provavelmente meu pai esperava que Mariangela se desse bem comigo. Confesso que não fui com a cara de nenhuma outra babá, meu pai não imagina a realidade dos fatos, muitas delas me olhavam com nojo, não me tratavam mal, se eu disser que uma das babás me tratou mau ou me agrediu eu estarei mentindo. Elas eram indiferentes as minhas dores, eram pessoas que pareciam até hoje, meu pai pensa que eu sou muito seletivo, e como já estou livre do câncer preferi deixar ele continuar achando que sou uma pessoa seletiva.

Quanto a minha mãe sei que se chamava Bruna e era médica como o meu pai, meu pai me confessou que a amou muito. Minha mãe que Deus a tenha em sua glória morreu em um acidente de carro.

Na ocasião, segundo meu pai me contou, ela estava em casa conosco, quando recebeu uma ligação do hospital onde trabalhava, para voltar, pois tinha chegado uma parturiente ao local, e ela estava com pré-eclampsia, e precisava realizar uma cesária de emergência.

Mais capacitada e experimente a minha mãe foi até o hospital, realizar a cesariana, sem colocar em risco a vida da paciente.

Eu era pequeno, mas me lembro que no dia em que não voltou para casa a minha mãe me beijou, beijou meu pai nos lábios e saiu.

Meu pai cuidou de mim e após algumas horas a minha mãezinha ligou e comunicou ao meu pai que a cesariana foi um sucesso, disse que tomar um café na copa e que já estaria voltando para casa.

Pediu para o meu pai cuidar de mim e disse que nos amava.

Essa foi a última vez que meu pai ouviu a voz de minha mãe.

Soube mais tarde que a minha mãe perdeu o controle do carro quando voltava para casa, o acidente se deu na Avenida Adherbal Costa Moreira da Costa, meu pai disse que o carro capotou.

Sargento Vinícius Patrezze o nome do homem que ligou para o meu pai e pediu para ele comparecer ao local do acidente lá ele soube que a minha mãe havia morrido.

 Após o velório e enterro de minha mãe eu parei de responder ao tratamento da leucemia, e meu pai enfrentou a luta toda comigo, às vezes eu melhorava, mas logo piorava novamente 

Sei que muitas vezes meu pai adormeceu pensando em minha mãe antes de Mariângela entrar em nossas vidas.

Certa vez ele me contou que sonhou com a minha mãe e no sonho ela pedia para ele seguir em frente, cuidar de mim e achar uma mulher que o amasse e me amasse também.

Disse no sonho que eu precisava do amor de mãe, amor esse que ela não poderia me dar, apenas poderia cuidar de mim ao lado de Deus.

Ainda assim, meu pai tinha medo de trair a lealdade que ele tem pela memória de minha mãe 

No sonho ela afirma para o meu pai que ela morreu, mais ele está vivo, e merecia uma chance de amar de novo e ser feliz.

"Bryan vai se recuperar da leucemia." disse minha mãe no sonho e definiu a ideia de me dar um cachorro como espetacular.

Minha mãe insistiu com meu pai que ele não fosse fiel à memória dela, que só dessa forma ela podeira descansarem paz.

Meu pai despertou as quatro da manhã e não dormiu mais. E seu coração decidiu que precisava de uma figura feminina jovem que entendesse a mim e me ame, e afirmou para si que a Mariangela é a mais indicada para fazer isso.

Pensa em Bryan ele precisa de uma figura feminina jovem que o entenda e ame.
 Meu pai não dormiu depois do sonho, resolveu tomar banho, e após passou seu melhor perfume, vestiu sua melhor roupa e esperou as horas passarem para me acordar e me para a sessão de quimioterapia que começa as oito da manhã.
 Quando ele me acorda, nota que eu estou animado enquanto me arrumo para ir ao médico.

— Filho vejo que está animado e bem-disposto hoje.
— Sim, papai mamãe falou que vou me curar da leucemia, ela veio me visitar em sonho, e disse que o senhor deve procurar uma pessoa e ser feliz pai você não deve ficar só.
E não se preocupe, eu vou aceitar se você tiver uma namorada desde que eu goste dela.
Papai sente lhe arrepiar o corpo todo, ele não esperava que eu sonharia com a mãe e ela lhe dissesse isso.
— Bem-querido, se eu arrumar uma namorada, eu te apresento ela, acho que é muito cedo para eu pensar em romance.
— Pai faz dois anos que a mamãe partiu, não é cedo pensa nisso.
Lembro de nossa conversa até hoje.
Fui levado ao hospital para a sessão de quimioterapia e a Dr Aline disse a meu pai que meus exames estavam ótimos e que eu teria alta em breve, são necessárias mais duas sessões de quimioterapia.
A melhor notícia que poderíamos receber.
Após a sessão de quimioterapia e comer um lanche voltamos para casa e meu pai fez uma surpresa algumas horas depois.
Estava em meu quarto brincando com o Baltho quando o meu pai, me  chama, e diz que tem uma surpresa para mim.
Pediu para eu descer, levar o Baltho junto.
Acompanho o meu pai com o Baltho em meus braços.
— Papai onde está a surpresa?
— Aqui na sala e veja com atenção.
Quando olho em direção ao sofá eu a vejo sentada, a mesma moça da foto.
Coloco o Baltho no sofá e corro para abraçá-la.
— Mariangela, você veio.
Sei que a princípio ela não esperava essa reação minha, muito terna me abraçou de volta.
Eu realmente gostei dela.

Meu melhor amigo BalthoOnde histórias criam vida. Descubra agora