The Hell Between Us

Capítulo Dois

     Ele faz jus ao seu apelido, Giovanni Bianchi é uma sombra que se infiltra na vida de pessoas inocentes e destrói tudo, uma sombra que parece saber onde eu estou a toda hora e às vezes resolve dá as caras, não duvido que ele seja capaz de espionar uma pessoa para obter informações cruciais, essa prática nada honrosa é muito comum no mundo dos negócios. Eu só precisava de um almoço rápido antes de uma reunião importante, porém agora não consigo para de remoer o que aconteceu naquele restaurante e toda vez meu estômago embrulha em pensar que ele e aquela criança, sim uma criança que não deve ter mais de dezoito anos, apesar do corpo, pensar que ele pode estar mantendo relações com ela me deixa enjoado, pensa que ele pode ter ido tão baixo assim me faz ter certeza que ele nunca foi o que pensei ser.

        — Vittorio. Te aconselho a prestar atenção na reunião, os outros colaboradores estão percebendo sua dispersão do assunto e não aparecem contentes. – Halina, minha mais nova sócia, fala de forma sussurrada. 

        — Senhor D'Angelo, o que acha do terreno? – um dos negociadores me diz.

     O terreno é perfeito, bem localizado na França, porém é de interesse de outra construtora, a Bianchi, porém será muito divertido ver Giovanni em surto quando 
descobri que comprei o terreno antes dele e pode ter certeza que farei questão de ver com meus próprios olhos.

          — Então senhor? – outro, então me dou conta que estava viajando em minha imaginação.

          — Efetue o pagamento e avise a equipe responsável pelo planejamento e construção do novo prédio. Eu quero algo esplêndido, que aquela cidade nunca tenha visto e que supere de uma vez por todas nosso maior projeto. – agora estou na típica posição de vilão louco planejando a maneira perfeita de acabar com o mocinho.

      Quanto todos saem da sala de reuniões, eu fico mais um tempo olhando para a grande parede de vidro transparente que demonstra a perfeita vista da cidade de Parlemo na Silícia, escolhi a cidade devido à vista e pessoas de que alguma forma me conquistaram. Eu tinha dezenove anos quando meu pai me mandou da França para estudar em uma faculdade fechada da cidade, lutando contra a própria sexualidade e tentando ser o filho perfeito enquanto lidava com o assédio da minha madrasta e me mudar para esse lugar foi minha libertação, com vinte e um anos a menos e com todas as circunstâncias eu era o alvo perfeito para os planos diabólicos de um fininho de papai entediado.

       Não sou italiano, nem meu pai é, porém, minha mãe era e veio de uma família rica que se opunha totalmente com seu casamento com um francês sem nada, era isso que meu avô dizia, porém, eu nasci e as coisas mudaram, como nunca tive primos eu era extremamente mimado, porém, meu pai não queria que eu fosse mais que uma casca vazia então me instigava a procurar saber sobre tudo no mundo.

       Meu avô morreu, porém, eu não recebi nenhuma herança como todos esperavam, principalmente minha madrasta, afinal a fortuna da família já não existia há muito tempo e minha mãe morreu sendo enganada pelo meu avô. E provavelmente é esse o grande dom da minha família, enganar e mentir, principalmente para nós 
mesmos, eu me arrependo de todos os anos que tentei mentir sobre minha sexualidade, fingir que eu não gostava de homens e essa foi a pior faze antes de conseguir me aceitar sendo bissexual, um casamento fracassado por que menti sobre algo pior que minha sexualidade, menti amar aquela mulher e a enganei.

        — Vittorio temos problemas para serem resolvidos. A próxima reunião começa em meia hora, aqui está seu lanche. Com licença. – meu secretário, André, falou de uma vez.

      Balancei a cabeça em concordância, porém ele já tinha saído da sala. Parando para pensar, o André trabalha comigo há 
quinze anos e sempre demonstrou muito mais coragem que eu, lembro que um dia ele me falou que ser um homem gordo e negro já era o suficiente para não ser aceito e o fato de também se gay não ia agravar muito as coisas, tão novo e tão sábio. Respiro com força e solto o ar dos pulmões. 

        — Hora de retomar o trabalho. – termino meu café e como mais um pouco do bolinho e depois levanto indo até a grande parede vidro.

      De longe consigo enxergar o azul do céu se misturado com o do mar, ali as memórias retornam me fazendo lembrar o motivo para o odiar tanto, todas as falsas 
promessas, a mentira e depois o julgamento, onde eu sou único errado enquanto ele se sai como o emaculado anjinho.

         — Pronto para os negócios D'Angelo? – a voz de Augusto, um antigo cliente e dígamos ex namorado, se faz presente na sala e esse é problema de não conferir os nomes completos dos clientes que vem para a reunião por confiar demais no seu eficiente secretário. 

          — Mais é claro, Augusto, me fale seus planos. 

       A reunião foi longa, porém mais que proveitosa e logo consegui me livrar de uma baita dor de cabeça. Após horas eu finalmente pude ir para casa, descansar e tentar esquecer algumas lembranças que insistem em me atormentar, agora eu estou deitado na cama, sem sono enquanto me concentro nos sons que a televisão da sala faz, provavelmente minha irmã assistindo a algum filme. Eu amo minha irmã, apesar de todos os problemas que a mãe dela e agora ex esposa do meu pai nos causou, agradeço todos os dias por Maíra ser uma mulher fenomenal e está sempre ao meu lado, hoje em dia ela é uma modelo de sucesso aposentada e com um casamento feliz, mãe do segundo ser mais importante para mim no mundo, minha afilhada Daniela.