— Pelos deuses. – acordei com a respiração desregulada, muito afoito e sinceramente não sei dizer qual o motivo. — Porra. Maledetto francese, o que eu vou fazer agora em? – grito com raiva e me viro contra a cama tentando regular a respiração e relaxar meu corpo, pois me recuso a me tocar pensado nele como um adolescente idiota.
— Mantenha a calma. – digo a mim mesmo repetidas vezes tentando me acalmar, porém, não consigo e a ereção está cada vez mais dolorosa e não me resta muito o que fazer.
Mesmo a contra gosto me levanto da cama e vou ao banheiro, ligo o chuveiro ficando parado embaixo da água que desce, porém, ainda sim não resolve meu problema entre as pernas e logo me vejo tocando enquanto imagino que ele está aqui de joelhos, de repente a campainha toca. Droga, maldito seja o ser que resolveu aparecer agora.
Se a pessoa que está na porta entrasse e chegasse até meu quarto, agora irá me encontrar em uma situação, digamos, constrangedora; de cueca tentando achar um shot para vestir enquanto clamo para essa ereção descer. Sou rápido em descer a escada do meu apartamento para abrir a porta e então lá está meu irmão com a cara fechada, duas uma ou brigou feio com Natália, sua esposa, ou Mavie gastou muito mais que o permitido antes do fim do mês e como minha sobrinha sabe que não se deve extrapolar o combinado todo mês ele brigou com a esposa.
— Entra. – Matteo não me cumprimenta e entra como um furacão pela sala, não se senta e sei que as coisas realmente foram pesadas, de certa forma o medo faz com que minha elevação da parte baixa dessa.
Meu irmão é o típico gigante gentil, e para ele está assim as coisas saíram do eixo de forma assustadora, o homem de um e noventa não para quieto andando em círculos, porem ele para de repente e me olha de uma forma que seus olhos azuis penetram minha alma e então eu vejo que seu rosto está vermelho, como se ele tivesse entrado em uma briga e o cabelo preto caído parece esconder um machucado com ban-daid. Movo meu rosto para a direita indicando o sofá, quando ele explicar tudo quero que seja sentado para não causar estragos, sei o quão perigoso Matteo pode ser quando está bravo e sei também que toda essa fúria que seu corpo transmite não é devido a uma simples briga de casal.
— Me conta o que aconteceu. – sento junto de meu irmão no sofá e seguro seu braço na perna.
— Foi horrível, até o momento que você deixou a Mavie em casa as coisas estavam bem, logo depois a Natália foi até o escritório para deixar alguns processos e de repente uma secretária me liga dizendo que ela estava trancada no banheiro gritando muito, desesperada e pedindo para que eu fosse lá. Quando eu cheguei a polícia já estava no local, um cara novo no escritório estava tentando algo com ela há várias semanas e ela sempre recusou e mesmo com todos falando sobre mim ele não desistiu, hoje ela entregou a demissão dele, era para ser o Evan, porém ele teve imprevistos na escola dos filhos, depois que ela me contou tudo eu perdi a cabeça e fui com tudo para cima do cara. Eu bati tanto, tanto que só parei quando me tiraram de cima dele a força, o cara tá no hospital bem debilitado e tô sendo ameaçando de processo.
— Muita informação, quando te vi aqui achei que tinha brigado com a Natália, ela está bem? – soltei seu braço levemente.
— Sim, uma hora dessas ela está dormindo, eu vim aqui porque realmente precisava falar com você e desabafar, a Mavie me ouviria e daria concelhos sem reclamar, porém, ela está cheia com as provas finais e eu encontrei ela dormindo em cima de uma pilha de papéis. – a respiração de Matteo parece mais tranquila, talvez o seu corpo esteja dando lugar ao cansaço.
— Certo, eu vou buscar uma água para você e depois se quiser ficar e dormir. – ofereço enquanto me levanto.
Não me demoro muito na cozinha, realmente tenho medo do que Matteo possa fazer estando com raiva, pois mesmo sendo super tranquilo ele pode sair do controle. Da porta da cozinha eu o vejo sentado com a perna batendo no chão repetidas vezes, meus pés se movem de forma rápida pela grande sala e logo estou abraçado com Matteo, ele não chora, porém, sei que precisa de um abraçado do irmão mais velho e como esse sou eu devo cumprir meu papel. Afago seu cabelo que está um pouco grande o que o deixa com cachinhos, os que ele puxou de nossa mãe, na realidade ele é praticamente uma cópia da nossa mãe e somente os olhos dele são parecidos com nosso pai, azuis como oceano pós-chuva, agora praticamente deitado no sofá, cuidando de meu irmãozinho me recordo da infância quando eu tinha de pegar ele ainda pequena e subir as escadas da casa até o sótão onde minha mãe mandou construir um quarto e ficar o ninando enquanto minha mãe brigava com meu pai por mais uma de suas traições.
Como pode o mesmo homem que dizia a todos que amava a família nos fazer tão mal? Mamãe só não desistiu porque sabia que não ia conseguir sustentar duas crianças e não podia nos deixar sozinhos com aquele monstro, o mesmo que aparentava ser amável nos primeiros anos.
— Lembrei da nossa infância. – Matteo fala, sua voz está meio cortada pela vontade de chorar — Eu acho melhor ir para casa, quando a Natália acordar e não me encontrar ela vai ligar e eu não quero que minha mulher pense coisas erradas sobre meu caráter.
Ele levantou, beijou minha face e foi andando calmamente até a porta enquanto dizia para que eu fosse dormi, quando ele saiu de meu apartamento eu fechei a porta e voltei para o quarto. Agora deitado novamente em minha cama e sem pensar naqueles malditos olhos azuis, posso chegar a conclusão de que um dos maiores medos do meu irmão é ser comparado com Alberto Bianchi, nosso pai.
Depois de mais um bom banho estou quase dormindo quando meu celular toca, o pego na mesinha, porém a ligação cai na mesma hora, então desisto e volto a tentar dormir.
Mais um capítulo.
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The Hell Between Us
No FicciónEm meio a sociedade homofóbica dos anos 2000 um amor surgiu de forma avassaladora, porém a luta para poder amar juntou-se a uma bola de neve cheia mal entendidos. Então o que era amor virou ódio, o ódio mais puro em seus corações foi dirigido aquele...