6. Preguiça de se Informar

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Sabe quando bate aquele sono após o almoço? Um almocinho de nada em que você prometeu comer só uma saladinha, mas não resistiu ao feijão e arroz com batatas fritas e bife e, de repente, também surgiu no prato um macarrão com linguiça e, apesar de jurar não ter pedido sobremesa, um pudim de leite condensado se materializou em porções generosas, com calda de caramelo e sorvete?

          Pois é, pode ser que eu esteja um pouquinho ansiosa, afinal é ano de vestibular e tenho que escolher uma profissão. Mas, agora, esparramada na cama, estômago estufado, prometendo a mim mesma que nunca mais vou comer tanto e que compensarei a gordice com vinte caminhadas na praia, tudo o que quero é dormir.

          Ah... o soninho gostoso da tarde, sem preocupações...

         - Lorena! - minha avó grita ao abrir a porta do quarto. - Ajuda aqui!

          Levanto a cabeça do travesseiro. A porta bate na parede, ela entra esbarrando na cadeira, equilibrando várias revistas e livros entre os braços. Assim que acha espaço na escrivaninha de estudo, larga o conteúdo de folhas, que se espalha na bancada.

          Penso em perguntar pra que tudo aquilo, mas só quero dormir. Então apenas puxo o lençol mais pra cima do pescoço e deito a cabeça novamente, com esperança de que ela vá embora.

          O que não acontece.

          - Lori, encontrei tia Cotinha na rua.

          - Ah, tá, vó. Bom encontro pra vocês. Até mais tarde! - digo, para despachar.

          - Não. - ela tira o lençol de mim. - Já encontrei, no passado! Você não tá ouvindo bem? Ela até me disse que você não tava ouvindo direito, vou te levar ao otorrino, garota!

          - Tá. Já encontrou. O que tem isso? - puxo o lençol de novo, pra me cobrir.

          - Tem é que Tia Cotinha contou que você não escolheu sua profissão e veio dizer que, em parte, eu sou culpada por isso! - minha avó diz, a voz agoniada. - Ela viu na TV que os pais e responsáveis precisam participar e ajudar. Sou responsável por você! Então, Lorena...

          - Então o que, vó?

          - Então vou te ajudar, ué! - ela arranca todo o lençol e joga na cadeira e começa a falar alto. - Vê se acorda! Comprei livros e revistas pra você se informar e escolher. Agora vai ler! - aponta o dedo para a pilha.

          - Agora, vóóó!? - digo e mentalmente estou batendo os pés feito uma criança. - Mas tô com sonooo...

          - Supera isso, Lorena Cristina. É agora sim! Tudo isso custou muito caro. Começa a dar valor, porque quando eu era criança, morava em Maria Paula, ia pra escola à pé, minha mãe fazia minhas roupas na máquina de costura dela e tínhamos muito menos opções e...

          - Já sei, já sei, vó. Mas não dá pra ler tudo assim hoje, né? Deixa eu dormir um pouco, aí mais tarde eu lancho, aí depois leio, tá?

          - Não! - ela diz seca. - A gente lê um pouco agora, depois você estuda, mais tarde lancha e, à noite, que é a hora de dormir, você dorme. Tá com esse sono todo por quê? Não trabalha, só estuda. Já sei, Lorena! - a Senhora Sherlock Holmes diz, apontando o dedo para cima e depois o vira pra mim. - Comeu muito! - ela balança a cabeça, como se tivesse feito uma brilhante constatação, apesar de almoçar comigo todos os dias. - Sabe o que é isso? Ansiedade. Porque tô lendo sobre essas coisas, você sabe muito bem que sou modernosa. Essas revistas falam sobre isso. Você tem que aproveitar minha companhia, Lori. Olha que sorte ter uma avó ligarizada que vai ajudar em tudo na sua vida.

Acontece no VestibularOnde histórias criam vida. Descubra agora