O TOCAR DO ÚLTIMO SINO

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O despertador toca deixando Bianca assustada com o barulho, a garota levanta, vai ao banheiro, se arruma e ao sair do seu quarto para ir para a aula, se esbarra em uma mulher que aparenta ter uns cinco anos a mais que ela, com seus cabelos loiros e vestida apenas de sutiã e calcinha. Bianca arruma uma mecha do seu cabelo cacheado que caiu por cima do rosto, olha para a mulher e só suspira fundo.

- Você deve ser a Carla, isso mesmo? - diz a mulher com um tom de dúvida e sem graça por estar vestida apenas com roupas intimas.

- Não, meu nome é Bianca, e você deve ser mais uma das que frequenta a casa do meu pai né? - Bianca volta pro banheiro, pega uma toalha branca e joga pra moça, coloca a mochila nas costas e vai até a porta da sala.

- Meu nome é Queila, tá bom?

Bianca só olha pra moça enquanto vê seu pai saindo sem graça do quarto, ela fecha a porta, e pensa consigo: "Mais uma das prostitutas que meu pai traz pra casa". No caminho para a aula Bianca encontra com sua melhor amiga Joana, uma garota negra com seus cachos no formato de Black Power, sempre sorrindo, na bicicleta marrom que todos os dias ela vai para aula, com seu suéter de cor bege e o perfume com um cheiro suave de lavanda, Bianca sorri para a amiga e vão andando enquanto ela deixa para trás seus problemas diários.

Bianca é uma garota de dezesseis anos que cursa o último ano do ensino médio, baixa, magra com seus cabelos cacheados e ruivos, com um pouco de sarda em seu rosto no formato arredondado, sua fisionomia é bem parecido com sua mãe que faleceu em um acidente de carro a exatamente dois anos. Ela sempre pinta suas unhas na cor preto, gosta de caminhadas leve a tarde depois da aula, ama animais e sempre quando pode, visita o lar de idosos da cidade para fazer companhia para os idosos que moram lá.

A aula daquela segunda feira já começa com provas de matemática, será uma semana bem tensa para Bianca e todos alunos da classe, semana com muito planejamento de entrega de trabalhos e provas com resultado de notas bimestrais.

- A prova de hoje ira valer 18 pontos pessoal, espero que tenham estudado muito, porque não vou pegar leve com vocês - Diz a professora Camila enquanto entrega as folhas da prova de mesa em mesa, onde atento os alunos estão quietos aguardando a permissão para virar a folha e começar a responder.

- Não pode ser em dupla professora ? - pergunta Bruno, enquanto alguns alunos começam a rir pela pergunta do colega.

- Prova individual mocinho.

- Mas professora, em plena segunda, na primeira aula?

- Sim querido, tempo você teve para estudar, espero ver uma nota boa sua, já quedurante a aula, prestar atenção foi uma coisa que faltou de você, não é mesmo? - sorri ela debochada para o garoto - Olá, querida Bianca, como está?

Bianca poderia responder muitas coisas, passou um filme na sua cabeça antes de dizer "estou bem, obrigada", o cheiro forte de álcool da folha indicava que ela foi impressa a pouco tempo, estava ventando muito com as janelas aberta naquele dia, então antes da professora dar a permissão para começarem a prova, Bianca conseguiu sentir bem o vento entrar pelos seus pulmões e conseguiu entender e ver que estar ali naquela escola com aqueles colegas, onde muitos deles, ela nem conversava estava sendo seu melhor lugar do mundo. Ela abre os olhos, sorri e começa a fazer a prova de matemática que por sinal não estava nada fácil.

Ao chegar em casa Bianca encontra seu pai sozinho em pé na frente da pia, com uma xicara de café nas mãos, a mulher de mais cedo já tinha ido embora. O pai olha atento Bianca, enquanto ela abria a geladeira e pegava um copo de leite, com Nescau.

- Oi filha.

- Oi? Serio mesmo que você me diz "oi", depois do que houve pela manhã?

- Não aconteceu nada demais!