CAPÍTULO I

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Nove meses após o ataque da serpente
Jude Duarte

    Quem diria que eu ainda estaria no trono. Achei que ser rainha era estar por dentro da política, ir à reunião chatas e dar festas luxuosas para todos os feéricos do reino. Mas não era só isso. Quem disse que ser rainha quer dizer sem diversão?

  Naquele momento estava eu, Jude, a Grande Rainha de Elfhame, meus amigos – mas conhecidos como os cavaleiros da Corte das Sombras – Barata, Fantasma e Bomba, afundados em vinho e em um baralho de cartas no escritório da Corte morrendo de rir. Por incrível que pareça, eu ainda estava sóbria. Diferentemente de Barata e Fantasma. Eles haviam apostado que Barata jogava melhor buraco – sim, o jogo mortal –bêbado. Fantasma, eu e Bomba apostamos contra ele.

  E aqui estamos. Fantasma ganhou três rodadas em um melhor de cinco, e eles ja tinham acabado com duas garrafas de vinho inteiras.

  — Eu acho que já está na minha hora, garotos –pronunciei, me levantando da poltrona ao lado da lareira e arrumando a barra do meu vestido de festa, agora amarrotado.

   — Ahh não!!! Por que agora, Jude?!! – gaguejou Barata, com a fala toda embolada devido a bebida – Eu disse que iria ganhar por você, minha Rainha!!!

Por um momento, houve um silêncio. Mas depois, gargalhadas inundaram a sala. Barata caiu da cadeira apagado depois de fazer uma tromba enorme devido aos risos iniciais. Fantasma pegou a bolsa de dinheiro na bota esquerda dele sem qualquer esforço.

  — Parece que ganhei, meu amigo – disse Fantasma, virando o último gole de vinho existente em sua taça.

  A porta do escritório bateu, e lá estava ele: meu marido, Cardan, em seu gibão preto com detalhes em dourado, com sua coroa propositalmente torta e cabelo em uma desordem completa.

  — E então? Quem perdeu? – perguntou ele antes de mirar para o corpo adormecido do indivíduo verde quase ao seu lado – Bom, ele não é um homem de sorte, como eu. – Senti sua metáfora chegando como o vento até minhas narinas.

  — E posso saber o porquê meu rei possui tamanha sorte no mundo? – comentei cruzando imediatamente os braços e andando até ele.

Os olhos sombrios de Cardan esboçaram um brilho sem igual. Ele segurou meus ombros dizendo:

— Porque ele não possui a mulher mais linda do mundo ao seu lado toda noite – sussurrou em meu ouvido. Nem preciso olhar para ele para saber que tinha um sorriso em seu rosto.

  — Eu dou um jeito nesses dois. Vocês estão liberados –  disse Bomba, realizando uma pequena reverência para nós – Majestades.

  — Boa noite! – disse enquanto caminhava para fora do escritório, com o braço de Cardan guardando o meu.

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Caminhamos até nossos aposentos, reverenciando cada guarda em seu posto pelos corredores. Quando chegamos, não pensei duas vezes em me sentar e tirar meus sapatos e os adornos em minha cabeça.

— Que noite bela – sussurrou Cardan, olhando para o céu estrelado que guardava a lua cheia de inverno – Mais uma estação está partindo esta noite.

Olhava atentamente para seus cachos escuros como a noite. Como podia ser tão perfeito? pensei. Como pode me fazer sentir tudo...isso??

- SWEET LOVE - Contos de O Príncipe Cruel ೀOnde histórias criam vida. Descubra agora