CAPÍTULO III

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Três meses depois...
Jude Duarte

Era bom estar de volta ao normal. E bem a tempo.
As festas começaram um dia atrás. Grima Mog e o Conselho Vivo exigiram que o dia que a Grande Serpente – meu marido, no caso – foi derrotada virasse motivo de comemoração no reino. Todos concordaram, até Cardan concordou. Mas eu achei tolice.

Não adiantou nada. Dá pra ver onde estou agora. Meu marido se divertia, como todos presentes no palácio esta noite. Eu permanecia sentada no trono, apenas observando tudo de longe.

— Vai uma bebida aí, irmãzinha? – Vivi gritou, devido a música alta e a conversa.

Meu estômago não pedia nada hoje.

— Obrigada Vivi, mas eu dispenso – digo sem tirar os olhos do meu marido, que estava conversando com políticos e nobres.

— Sabe onde Taryn está? Quero conversar com ela – digo à minha irmã.

— Aqui estou, minha rainha – pronunciou Taryn, subindo os pequenos degraus que davam acesso ao trono com dificuldade.

— Não se esforce muito – Vivi alertou. Não queríamos ter que realizar um parto no meio da festa.

A gravidez de Taryn demorou a evoluir, já que o seu filho é um feérico. Ela já estava de nove meses e três semanas. Mas nada da criança nascer. Parece que até no ventre as fadas precisam se embelezar.

Hoje faz exatamente um ano após o ataque da serpente. Que não é um triunfo para mim. Taryn estava grávida de semanas quando me contou e quando me passei por ela para enganar meu pai, o General Madoc e ao meu marido.

Acho que ela está animada para ver o filho fora de sua barriga. Mas nem tanto. Tem medo de parir a cópia do marido.

Se eu fosse ter um bebê, também temeria ter uma cópia do Cardan correndo pelo palácio roubando comida e encantando empregadas para lhe dar doces.

Meu sangue gelou. Pensei demais.

— Vamos para os meus aposentos – disse me levantando para deixar a festa.

— Mas e os políticos? – Taryn questionou

— Taryn, pelo amor de Deus! Todos já estão bêbados o suficiente para confundir uma pilastra com a rainha! – resmungou Vivienne – Vá logo!!

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Graças a Deus posso tirar estes malditos sapatos! Meus pés já estavam latejando a horas com eles. Me joguei na cama, enquanto Taryn se sentou como uma dama descente.

— Você sempre foi assim, e nunca vai mudar – disse minha irmã, tentado tirar os fios rebeldes da minha coroa e tirá-la da minha cabeça.

— Eu não aguentava mais aquilo!! – resmunguei bravamente.

Taryn apenas observou sua querida e rebelde irmã tirar as roupas e se afundar em uma banheira de água quente. Queria que Bomba estivesse aqui com algo bem suculento para me tirar do tédio.

Minha irmã apenas me observava lavar todo o suor que havia acumulado no meu pescoço. Estava assim a dias. O calor estava mais insurportável que o normal.

Nesse momento, consigo notar Taryn acariciando sua barriga, sorrindo para o nada. Como deve ser esse sentimento?

— Eu sabia que estaria aqui, Majestade! – Bomba se pronunciou com essas palavras.

— Eu amo escutar essa voz! – gritei ao ouvir o doce som de uma tábua de queijos e suco de maçã socarem a mesa de centro.

— Vocês não tem jeito mesmo – disse Taryn fisgando um pedaço de queijo.

Saio da banheira renovada. Não há nada melhor que relaxar após uma festa. Me vesti com mais uma das camisolas longas, desta vez vermelha como vinho. Elas meio que se tornaram parte da vestimenta real, só que para dormir.

— Bomba, você é mesmo uma salva vidas! – Taryn murmurou alegremente

— Eu concordo plenamente!! – gritei do banheiro enquanto penteava o meu cabelo e dava uma última olhada no espelho.

Fui ao encontro delas e não hesitei em pegar um pedaço de queijo também. Meu Deus! Que queijo maravilhoso.

— Cardan pediu que você trouxesse para vocês esse "pequeno" mimo? – perguntou minha irmã – Ele parece estar preocupado com a minha irmãzinha

Joguei uma almofada nela

— Me respeite! – bufei

Bomba deu uma gargalha.

— Na verdade pensei em trazer quando olhei para um dos lados da festa e vi a irmã de vocês sozinha. E, eu juro, ela estava querendo mais diversão.

— Ela não vive sem nós por um momento sequer! – digo ironicamente.

– Se vivesse, não gostaria de enfeitiçar todos para dançar mil músicas longas e agitadas! – brinco. Todas caímos na risada.

Ficamos conversando até tarde. É muito bom saber que tenho pessoas para conversar. Antes era mais sozinha, devido eu ser a filha do General Madoc. Mas também era humana. Agora me sinto nos eixos.

— Bom meninas, vou descansar – disse Taryn se apoiando lentamente em um móvel para conseguir se levantar da cama – Essa criança quer dormir

Imagino o quanto deveria estar cansada.

— Eu vou lhe acompanhar – voluntariou-se Bomba

– Tenho que chegar os batimentos dessa coisa fofa – se inclinou e acariciou a barriga de Taryn.

— Boa noite, meninas.

Depois que foram embora, me encontrei sozinha com a lareira. E com meus pensamentos... Ver Taryn prestes a ter um filho, Oriana e Oak por todos esses anos. Ter um filho é mesmo assim?

Cardan e eu ainda não conversamos sobre isso. Mas Elfhame precisa de herdeiros. Todos duvidam que eu dê um filho digno para o rei, mais uma vez pelo fato de eu ser humana.

Isso é realmente um assunto que deveria estar nos meus planos.

- SWEET LOVE - Contos de O Príncipe Cruel ೀOnde histórias criam vida. Descubra agora