Motivos

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As portas do elevador se abriram e tudo ficou claro para mim: Em um momento de raiva ia fazer o impensável: Beija-la! Que porra é essa?

Eu tinha que reverter a situação para ela não perceber, então perguntei:

— Achou mesmo que eu ia te beijar?

— E-eu, eu, eu não achei nada! — Tentou responder.

— Achou mesmo que eu ia encostar minha boca na sua? Se esqueceu que eu tenho nojo de você?

— Isso nem passou pela minha cabeça. Ahh vai a merda!

— Ainda está mal vestida? Por acaso não tinha roupas descentes no seu closet? Minha secretária não fez o quê Dylan e minha assessoria tinham solicitado? — Questionei. — Está me causando vergonha.

Vi ela abraçar a si mesma em sinal de proteção. Quase senti pena, mas eu não vou pegar leve quando se trata dos 4 bilhões de dólares que ela vai levar sem ter feito nada para conseguir, tudo o que lutei, todas as pressões que passei.

O sinal do meu elevador avisou que tínhamos chegado ao estacionamento. A neguinha me empurrou e foi saindo primeiro do elevador. Continuei a falar apenas para irrita-la.

— Sério isso mesmo?! — Ri. — Tá bravinha!

— Eu não te suporto! — A neguinha falou.

Os seguranças que me aguardavam já no estacionamento, começaram a observar e perder a compostura nos observando. Eu sabia que não podia ter testemunhas do meu "tratamento" que tenho com ela, então tinha dado a ordem de que eles permanecessem aqui.

Me aproximei dela e falei o mais baixo possível em seu ouvido.

— Se acalma, olha o escândalo. — Alertei. — Tenha classe, você não sabe que o que é isso? Gente da sua cor é tão sem educação, mas por mais que eu não queira, ainda precisamos fingir que somos um casal apaixonado.

— Eu vou voltar para o apartamento. — Ela avisou.

A puxei de imediato.

— Você não vai voltar para o apartamento, vamos no cartório. Aonde estava todo este tempo? — Questionei ao lembrar daquele médico de baixa categoria.

— Fiquei aqui aguardando o horário de visita.  Eu não estava dando para o doutor Jayden, mas poderia. — Me afrontou.

Fiquei sem palavras, apenas vi ela me dando as costas. "Quem ela pensa que é?", pensei, mas quando eu ia retrucar, ela voltou e me surpreendeu pegando em minha mão e as unindo.

— Não era isso que você queria? Fingir  ser um casal apaixonado? — Perguntou baixo.

— Vamos ao cartório.

Fiquei surpreso. Eu não senti repulsa ou nada disso, eu me senti um choque com nossas mãos unidas.

— Okay. — Respondeu.

Quando chegamos ao carro, o motorista olhou bem para nossas mão dadas e ficou parado com cara de surpreso. Dei um pigarro.

— Bom dia! Já conhece a minha mulher? — Perguntei para ele em tom ameaçador, nem sabia o nome dele de tão insignificante que essa classe é.

Constrangido por eu ver que ele estava olhando demais para ela. Abaixou a cabeça e respondeu "Bom dia, não senhor Oliver". Eu pude ver a cara de satisfação dela em ver ele abrindo a porta para nós entrarmos. Até mesmo ela que parece sentir ódio por mim, estava olhando para mim sorrindo como se estivesse apaixonada.

Enquanto encarava o tempo nublado de Nova York, não conseguia pensar em mais nada, mas sempre tem alguém me ligando. Atendi a chamada de um investidor querendo realizar um novo negócio, mas o que está tomando minha cabeça, é saber que vou dividir o que por direito legal me pertence com alguém que nunca mereceu e ainda para conseguir a minha parte, terei que casar com ela, dar meu sobrenome a uma negra! Estava difícil conciliar toda esta merda de casamento com minha gestão nos negócios.

Quando chegamos ao cartório, fomos direto ao Dilan que já estava nos esperando para darmos entrada no pedido de casamento.

— Bom dia! — Falamos em uníssono.

— Bom dia! — Dilan respondeu sorrindo. — Vocês são tão lindos juntos que até falam ao mesmo tempo.

Se eu pudesse matar o Dilan neste momento, o mataria. Ainda o vi sorrindo de deboche olhando a minha mão e a dela juntas, eu nem tinha percebido que peguei na mão dela assim que saimos do carro, na verdade tínhamos que permanecer assim até entrar no carro novamente.

— Vamos dar entrada nos trâmites? — A neguinha falou sem graça.

— Vamos, espero que se comportem e finjam que são um casal feliz. — Alertou, falando muito baixo.

— Você deve saber fazer isso muito bem, tem mais de 40 anos com sua esposa, eu não aguentaria ter uma única mulher e fingir um casamento feliz. — O alfinetei.

— Eu não sou putão igual a você! Amo minha esposa e ela a mim. Coitada dela... — Apontou para neguinha. — Terá que dividir o mesmo teto que você. — Retrucou rindo.

— Mais respeito com quem paga o seu salário. Posso muito bem acabar com a sua reputação do grande advogado de Manhattan. — Falei de forma ameaçadora, mas já sabendo que não ia me livrar dele tão cedo.

— Pelo menos, você sabe que eu sou o melhor e também não jogaria uma mente tão brilhante como a minha fora. — "Convencido".

  Quando eu ia falar, a neguinha se pronunciou.

— Vamos entrar no cartório e parar de brigar? — A neguinha perguntou. — Quer se manter calmo, Oliver?

— Escuta sua futura esposa. — Dylan finalizou com sarcasmo.

Decidi não aceitar a provocação do Dylan, estou muito nervoso, tenho que voltar a me controlar. Essa história de casamento está destruindo todos os meus planos e objetivos, a minha vida, minha presidência e imagem perante o conselho e investidores do grupo Walt. Me casar com uma faxineira, ou seja, para eles eu a comia na minha sala e ela está grávida, se eu não controlo o pau dentro da calça, como vou controlar o 'imperio Walt'?

Dentro da sala do cartório em que o amigo do Dylan providenciou, tive que assinar os papéis e demos entrada no casamento. Eu poderia pular esta parte burocrática se assinasse uma procuração e desse ao Dylan, mas eu não confio em ninguém, e também até o momento, ele é o todo "certinho", não pagaria para alguém para levar os documentos à mim, talvez por essas coisas e outras, meu avô confiava muito nele, a ponto de dar uma procuração. — "Quanto mais certo fizermos as coisas, menos pontas soltas teremos que lidar." — Era o que o meu avô dizia.

Não ter que se preocupar com subornos é sinal que estamos fazendo a coisa certa e que somos competentes neste meio.

Dando tudo por finalizado, iria voltar para a empresa para enfrentar mais reuniões e a noite eu queria extravasar a minha raiva na buceta da filha do Dylan, para quando olhar para cara dele que acha a própria filha um anjo, lembrar da puta que ela é.

Agora, infelizmente, não posso ser visto com mulher nenhuma, por mais discreto que eu consiga ser, sempre um caso extraconjugal na posição de um homem como eu, é descoberto, levando sua reputação, publicidade e dinheiro das empresas para a lama. Eu não vou bater "uma" que nem um adolescente, então, essa neguinha vai ter que me dar, o que já vai me pertencer quando casar com ela.

Quando eu penso que não... O Oliver sempre me apronta.

Ouçam "Viena" (Do vídeo no início do capítulo), combina muito com o Oliver

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Ouçam "Viena" (Do vídeo no início do capítulo), combina muito com o Oliver.

Voltando depois de muito tempo ❤️. Não me condenem 🥲.

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