Passo pelos cacos de vidro e whiskey no chão, tiro meu paletó e gravata, pego mais um copo no aparador do escritório e encho com whisky, bebi tudo em único gole. Não é suficiente para aplacar minha raiva. Coloco mais uma dose, me concentro no líquido âmbar. Me sento na poltrona do escritório e começo a refletir sobre tudo.
Eu não sou assim, tenho controle sobre minhas ações, trabalho bem sob pressão. Mas ultimamente, estou fora de mim. Ela sempre me deixa nervoso. Se ela não fosse negra, tinha rasgado a porr* daquele vestido e tinha me enfiado nela só de raiva para descontar tudo o que ouvi da petulante e mostrar quem é que manda.
Não posso continuar agindo assim. Nesta última semana, venho perdendo o controle das emoções e bebendo mais do que deveria. Se eu for continuar bebendo desse jeito e convivendo com ela nestes três anos, terei que fazer transplante de fígado. Acabo fechando a garrafa e deixando o copo cheio na mesa de centro.
As ações já são da neguinha, não posso fazer nada para tirar dela, nem comprar posso devido uma das cláusulas impostas no testamento. O pior que mais cedo ou mais tarde, todos descobrirão que ela tem 20% das ações do grupo Walt. Esses abutres vão ir em cima dela como abelhas no mel, querendo comprar as ações, mas o pior será: Oscar!
O filho da put* seria capaz de usar a neguinha em seus interesses dentro da Walt. "Eu ainda vou tirar você do pedestal, vou achar a sua fraqueza e te destruir!" - Foi as palavras dele ao sair da sala da presidência, a minha sala. Tenho que me antecipar a tudo o quê ele pode fazer.
O Oscar tentaria comprar parte ou todas as ações dela. Ela não pode vender, é claro, mas a neguinha pode querer se vingar de mim se juntando a ele e seus planos para me tirar da Walt, colocando tudo o que fiz a perder, até se eu precisar de um único voto em uma reunião do conselho. Ele seria tão baixo que poderia seduzir a neguinha para isso.
Estou de mãos atadas, preciso arranjar um jeito de manter a neguinha sobre meu controle, vou ser obrigado a manter a calma com ela, por enquanto. Por hora, tenho que continuar a interpretar o "noivo apaixonado". - Que piada! - Eu apaixonado pela neguinha. Ri. Mas funcionários adoram fofocas de patrões e quando saem adoram dar depoimentos nas colunas de fofocas, mesmo sujeitos aos processos judiciais. Caso alguém saiba deste acordo e do testamento, estarei perdido, um segredo deixa de ser segredo, quando é contado. Informações como essa é fogo perto da pólvora, sujando a minha reputação e a do grupo.
Se eu continuar a pensar nisso, vou acabar ficando louco. Resolvi verificar as mensagens no meu celular para me esquecer deste tema. Além dos bajuladores me parabenizando pelo casamento e querendo saber quem é a "noiva", tinha mensagem do Dylan enviadas mais cedo informando a data da entrevista no departamento de imigração para saber se ela não vai se casar comigo apenas para obter o Green card, já que ela é imigrante e se casará com um americano. Uma mera formalidade, apenas para dizer que cumprimos com todos os procedimentos do estado americano para casar mesmo eu sendo rico. Também tinha mensagens da Ashley, filha do Dylan.
"Mulher chata da porr*! Quando ela vai perceber que entre nós foram algumas noites e nada mais?!" - Pensei.
Eu precisava voltar, não poderia deixar ela jantando sozinha na frente dos funcionários, como "futuro marido" precisava fazer companhia a minha noiva no jantar, então fui para sala, vendo ela tão distraída mirando a vista de Nova York que nem notou minha presença.
- Senhores, o jantar está servido. - Eu e ela fomos "acordados" pela voz da Maria.
- Vamos? - Chamei a neguinha.
Como um bom cavalheiro, a deixei seguir na minha frente para a sala de jantar, puxei a cadeira a minha dianteira para ela sentar. Agora vou saber se a neguinha pelo menos vai conseguir se portar no evento para os investidores. Eu contratei a melhor especialista em etiqueta para ela.
