Mudança

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- Ela já está acordando. --Ouvi alguém falar.

Realmente eu tinha desmaiado e estava deitada no sofá e quando percebi, levantei o mais rápido que pude, mas a pressão baixou de novo e perdi o equilíbrio.

- Continue sentada senhorita Sheila. - Disse Dylan, o advogado que me segurou para não cair.

Minhas pernas obedeceram, mas parecia que eu estava sem elas.

- Precisará nos passar seu celular, temos que verificar suas redes sociais e histórico acadêmico, como amizades, brigas que se envolveu, sua família, para não correr riscos de escândalos. Pelo relatório que nos foi passado você é uma boa "menina". - Dylan fez aspas com as mãos.

Neste exato momento eu fiquei surpresa, tinham me investigado.

- Investigamos sua vida, mas precisamos saber se tem algo a ser escondido, vícios em drogas, pornografia, por exemplo. Não queremos a imagem do grupo manchada. - Finalizou Dylan.

Eu nem tinha dito sim, mas nem precisava me perguntar de novo se eu queria dinheiro. Eu só me preocupava com a conta do hospital onde meu pai estava internado, o aluguel e os custos da faculdade. Eu casava até com o Trump se fosse preciso.

- Eu nem consigo respirar. - Eu disse.

- Nem precisa que você pergunte se ela quer. - Oliver falou.

Nem precisa ele falar aquilo, já tinha minhas razões e nem precisava explicar já que tinham investigado a minha vida. Então no súbito ato de coragem falei:

- Já que tem todos os meus dados e investigaram minha vida não tenho que falar nada. Por que eu tenho que casar com você para receber as ações? - Perguntei.

Dylan olhou para o Walton e ele falou desconversando:

- Tem que nos falar sim! Não vou dar meu sobrenome a uma desconhecida, uma qualquer que pode acabar com minha imagem e do grupo.

- Eu não sou uma qualquer, também não sou orgulhosa, sei que não apresentaria riscos de escândalo, não tenho nenhum vício.

- Apenas em doramas. Nem sabia que isso existia, me explicaram e eu achei muito engraçado. - O filho da puta do Walt falou dando risada. - Está esperando o príncipe encantado? - Me ridicularizou.

Fiquei calada, pois assistia para esquecer da minha vida real e imaginar que acharia alguém que me trataria tão bem assim nos doramas me dava um pouquinho de esperança. É o Walt tinha razão. Percebe uma risadinha do Dylan quando o Oliver falou isso.

- Não precisamos discutir sobre isso. Não vamos perder tempo, dou valor a cada segundo, pois tempo é dinheiro e eu gosto muito dele e creio que você precisa dele com seu pai adotivo em um hospital de alto padrão, onde os custos de internação são muito caros. - Dylan falou.

- Obrigada por me lembrar algo que estou me torturando a cada segundo pensando em como resolver. - Falei em tom baixo.

- E vai ser resolvido se casando com o senhor Walton. Apenas para lembrar, senhorita Conceição, peço que seja discreta e não fale com ninguém sobre este assunto, sei que não tem amigos e família, mas afinal, se ocorrer desta informação que vão se casar por causa do testamento, vocês não terão paz da mídia nunca mais, será sua desmoralização como interesseira e do senhor Walton como gay. Quando o anúncio do casamento de vocês saírem na imprensa vão investigar toda sua vida e vão querer descobrir o porquê desse casamento. Esteja preparada para o quê vai vir. Pode me dar o celular?

- Está no meu armário. Não pode usar o celular em horário de trabalho.

O Oliver estava inabalável sentado em sua cadeira com o copo de whisky na mão como se nada estivesse acontecendo. Eu estava com medo do que viria sendo casada com este homem, a minha ansiedade vai triplicar. Já estava me ferindo com as minhas unhas.

- Será demitida, sairá do seu apartamento hoje e irá para a minha cobertura. Amanhã receberá aulas de etiqueta e visita de uma personal style. Não quero que me envergonhe. - Falou Oliver com escárnio.

- Tudo bem, eu farei o que quer. - Eu estava me vendendo, mas era isso ou nada. Mas minha curiosidade bateu de novo, eles tinham que me falar. - Você está casando comigo porque não tem como entrar com processo contra o testamento sem ser descoberto pela imprensa, quer manter sua imagem a todo custo e ficaria sem as ações até o processo terminar. Você está em minha mãos, não é isso?!

Eu vi como a expressão do Oliver Walton mudou de escárnio para ódio. Continuei:

- Não vai me tratar como uma qualquer e vir com seu racismo. Quero o dinheiro para pagar a conta do hospital hoje em minha conta.

O Oliver caminhou até a mim como um predador, eu senti sua respiração tão perto que tive que me afastar, ele impunha medo.

- Eu sou Oliver Walton, não queira me ter como inimigo. Sua coragem termina quando eu quero, eu nem precisaria destruir sua vida, você não tem nada mesmo, ou tem? Seu pai no hospital, não é isso? Então não me provoque.

Engoli em seco, ele se afastou de mim dando dois passos para trás. Reparei que eu nem estava respirando. O Dylan olhou para mim com olhar de pena, parece que o ele já estava acostumado com essa criatura e eu estava de mãos atadas e com medo. Eu tinha que reagir, mas não agora.

- Vai para a cobertura do senhor Walton, eu vou pessoalmente ao hospital realizar o pagamento adiantado. - Disse Dylan passivo.

- Como? - Perguntei.

- Agora o motorista estará esperando você no estacionamento privativo. - Oliver falou com desdém.

Eu nem quis falar mais nada, queria sair o mais rápido possível daquela sala. Estava sofrendo humilhações novamente assim como na infância e adolescência, do meu pai biológico e de muito esnobes desta empresa. Eu vou mudar isso. Pode ter certeza.

- Pegue seu celular e dê para o Dylan. Não esqueça de passar no RH para pedir sua demissão. - Oliver mandou. - E tome banho antes de entrar no meu carro, é o mínimo que você pode fazer com essa sua cor imunda.

Tadinha da Sheila...

Tadinha da Sheila

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