Capítulo 5

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Me veio à mente aquele instante, em que nos abraçamos e ele disse que sou especial para ele. Apenas não entendo por que não paro de pensar nisso, afinal de contas, é apenas uma demonstração de afeto entre um amigo — ele me vê apenas como um amigo e vai ser sempre assim, não há nada que eu possa fazer para mudar isso.

No entanto, desde aquela noite, tudo voltou a ser como era antes e isso é ótimo. Pensei que as coisas ficariam estranhas ou até mesmo mudariam para a pior, mas aquela breve conversa, parece ter resolvido tudo. Realmente espero que tudo tenha se esclarecido e que ele não volte a agir de maneira tão estranha.

Isso também se aplica ao fato de que ele não agiu mais de maneira estranha todas as vezes que cheguei em casa depois do trabalho. Mas, não haveria motivos para que ele agisse novamente daquela maneira, embora ele não tenha me explicado de maneira concreta, pois em todas às vezes que lhe questionei sobre isso durante a semana, ele me disse sempre o mesmo: a minha ex-namorada me ligou e isso me deixou de uma certa forma, abalado. Não sei se acredito, mas que outra explicação ele poderia me dar?

— Ei — Fabrício chamou a minha atenção e rapidamente prestei atenção nele — Por que não vamos a uma pizzaria nesse fim de semana? No fim de semana não fazemos absolutamente nada e já tem alguns dias que você está aqui na cidade, então acho que seria uma boa ideia sairmos juntos, assim poderemos conhecer um pouco mais o Miguel.

— Parece bom — Fernando falou — Tem muito tempo que não faço isso — Disse sorrindo — Bora, bora!

— Eh..., por mim tudo bem — Rafael ergueu o braço, mas não pareceu tão animado.

Olhei para o chão e vi algumas latas de cervejas vazias. Como eles beberam tanto e ainda não estão bêbados?

— Acho que por mim também — Respondi — Eu só preciso do dinheiro — Falei um pouco desanimado.

Ainda não fez nem um mês que estou trabalhando e o dinheiro que eu trouxe de casa (o pouco que trouxe) não posso me dar ao luxo de gastar, já que deixei reservado para algum tipo de emergência.

— Ah, eu pago — Rafael se levantou do sofá e foi para a cozinha — Não precisa se preocupar — Disse.

— Qualquer coisa, eu também posso pagar o seu — Fabrício acenou para mim, mesmo não estando tão distante assim — O que você quiser comer, pode pedir que eu pago.

— Então paga para mim também — Fernando bateu em seu ombro.

— Ah, nem vem. Eu só pago para o Miguel! — Me olhou fixamente, mas logo desviei o meu olhar, ao ver o Rafael passando por mim, retornando para o sofá e se sentando.

— Parem de serem tão chatos! — Ele disse, parecendo irritado.

— O que foi? — Fabrício o questionou.

— Nada! — Respondeu.

— Então, tudo combinado para o fim de semana? — Fernando perguntou.

Os três estavam sentados no sofá e eu resolvi me sentar no banco do balcão — antes estava apenas apoiado nele — mas logo resolvi comer alguma coisa e então fui até o fogão e belisquei uma coisa e outra e retornei para o meu canto.

— Nossa, o ambiente fica tão limpo sem a presença do Carlos — Fernando comentou.

— Sim! — Rafael concordou, ao retornar para a sala — Acho que a melhor coisa que fizemos foi ter afastado ele de uma vez por todas — Eu já não suportava mais aquelas brincadeiras dele.

Quando Rafael me avisou que iria convidar os seus amigos para vir a nossa casa durante a noite, eu senti um certo arrepio de medo, pois pensei que aquele seu amigo preconceituoso também viria e assim estragaria toda a minha noite. Contudo, fiquei feliz em saber que não foi assim.

Então é... Amor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora