Capítulo 18

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Há alguns momentos em que eu me pego pensando se eu deveria ou não contar a verdade para Rafael. Por mais que eu tenha muita vontade de lhe revelar a verdade, eu prefiro não arriscar, pois eu sei que isso irá abalar a nossa amizade, podendo fazer com que termine. Certamente esse é o meu martírio, pensar em todas essas coisas assim que me acordo.

Ontem à noite, depois de lhe dar um beijo na bochecha e vir para o meu quarto, senti um certo receio, pois ele poderia não estar de fato dormindo e ter sentido quando lhe dei aquele beijo, além de ter ouvido o que eu acabei sussurrando. No entanto, dada a situação, acho que o melhor a se fazer é não pensar tanto sobre isso. Todos os dias eu acabo pensando coisas demais.

Deixei todos os pensamentos de lado e antes de sair do quarto, tomei um rápido banho, para que me fizesse de fato, despertar para o novo dia. Mais um dia sendo só um amigo, somente um amigo como qualquer outro — embora me lamentar não adiante de absolutamente nada.

— Hoje você perdeu a hora — Ele brincou, assim que cheguei à sala.

— Eu estava bem cansado — Cocei os olhos e dei um longo bocejo — Eu deveria ter acordado mais cedo, pois tenho alguns trabalhos da universidade para fazer e alguns deles preciso entregar ainda hoje.

— Bem-vindo a sofrida vida dos universitários — Riu abafado — Aliás, sente aqui, eu já fiz o seu café da manhã, mas a essa altura ele já está frio — Disse.

Me aproximei do balcão, puxei o banquinho e me sentei ao seu lado.

— Obrigado — O agradeci — Ah, antes que eu me esqueça, o Fabrício já voltou para a cidade — O olhei de relance, mas logo direcionei o meu olhar para a comida — Esse cuscuz está com uma cara linda — Falei sorrindo — E o cheiro então...

— Fazer cuscuz é a minha especialidade — Deu uma leve tapinha em meu ombro — E eu já sabia que ele tinha voltado — Disse — Na verdade, alguns minutos depois que você saiu para a faculdade, ele me enviou uma mensagem me falando que já estava na cidade.

— Eu fiquei um pouco surpreso, pois quando estava em frente a universidade, ele apareceu e me trouxe para casa — Contei.

— Eu acabei pedindo para que ele buscasse você. Ele também me contou que precisaria resolver algumas coisas naquele bairro e eu lembrei que fica bem próximo a universidade onde você estuda, então pedi a ele, caso ele pudesse, passasse pela faculdade e trouxesse você. Eu até teria feito isso, mas estava tão cansado ontem à noite... — Suspirou — Por mais que eu adore o meu trabalho, há alguns momentos em que eu só falto morrer de cansaço.

— Você precisa descansar — Falei.

— Hoje eu consigo ter uma ''folga'' por toda a manhã, mas a tarde e à noite eu terei que trabalhar — Disse.

Eu realmente o agradeço por ter pedido ao Fabrício para me trazer para casa, mesmo que não fosse necessário.

— Com todas as coisas em minha mente, eu sequer perguntei sobre o seu rosto — Parei de comer por um instante e o olhei — Você está melhor?

— Ah, quase não se nota — Ele virou o rosto para mim e eu o observei.

— Sendo um inconsequente, me admira que já nem se nota mais — Toquei de leve o local onde até então estava machucado, mas rapidamente retirei a minha mão.

— Não me chame mais assim — Me repreendeu — Parece até que sou um adolescente rebelde, que faz tudo o que quer, na hora que quer.

— Mas você basicamente fez isso — Falei — Foi bater naquele indigente.

— Não queria que eu fizesse isso? — Me encarou.

— Bom... — Desviei o olhar — Não precisava tê-lo espancado..., mas já que você fez isso e não tem como voltar atrás, obrigado — Ri.

Então é... Amor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora