Capítulo 14

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R A F A E L

Ao abrir os meus olhos, vi o Miguel envolto em meus braços e a princípio aquilo me assustou um pouco — embora, durante toda a semana, isso tenha se tornado algo bem recorrente, já que todas as noites ele pedia para que eu dormisse com ele e sempre pela manhã, ele estava assim.

Não acho que isso seja uma coisa estranha, já que amigos podem dormir juntos e esse tipo de coisa realmente pode acontecer, não há nada de errado. No entanto, sinto algo de diferente.

Desde o dia em que eu o beijei, as minhas dúvidas e preocupações parecem ter se intensificado de uma maneira completamente absurda. Mas ainda não sei como posso lidar com tudo isso sozinho, além disso, tenho muito medo de machucar o Miguel.

Continuo vendo uma maneira de como conversar com ele, já que durante toda a semana isso não foi possível e agora que ele está recuperado da febre, acredito possamos sentar-nos e conversar a respeito do que fiz. No entanto, algo me diz para não fazer isso ainda, sinto que devo apenas seguir o caminho normalmente, sem pressa e sem pegar atalhos. Isso pode ser o melhor nesse momento.

Fechei os meus olhos e apenas aproveitei esse maravilhoso momento, o qual é sentir o Miguel em meus braços. Quando estou assim com ele, não gosto de pensar em nada mais que não seja somente ele e eu e deixar qualquer outro pensamento de lado.

No entanto, preciso me entender quanto antes, pois em alguns momentos pareço estar bem comigo mesmo, mas em outro instante eu me sinto extremamente confuso e tenho a impressão de que a minha cabeça explodirá a qualquer momento. No mesmo instante em que penso que as coisas podem estar completamente tranquilas, me vem pensamentos de que eu não sei como fazer para lidar com isso, além do que as outras pessoas poderão pensar de mim, além do medo, das indecisões, da verdade...

Qual será a verdade diante de tudo isso?

...

— Tem certeza de que está completamente bem para ir à universidade? — Rapidamente me levantei e me pus em frente a porta, impedindo que ele saísse.

— Hoje eu me sinto muito bem — Ele respondeu, parecendo bem-disposto.

— Certeza? — Me aproximei dele e pus a mão em sua testa.

— Sim — Ele se afastou um pouco — O que foi isso?

— Ah, eu só estava vendo se você não estava com febre — Respondi — Nunca se sabe, não é mesmo — Dei de ombros.

— Você tem razão... — O vi desviar o olhar e levar a mão a testa e logo em seguida me olhar — Preciso ir agora — Falou.

— Não quer que eu leve você? Já acabei o meu trabalho e se você quiser, posso te deixar lá e depois ir buscá-lo — O encarei.

— Ah... — Ele coçou a cabeça e desviou novamente o olhar — O Marcos vai me levar hoje. Mais cedo estávamos conversando sobre alguns tópicos das aulas e ele se ofereceu para me levar, já que é basicamente o mesmo caminho que ele faz todos os dias — Falou.

— Ah, tudo bem... — Não sei por que, mas isso acabou me deixando um pouco ''triste'', mesmo sendo algo tão bobo para eu me preocupar.

Tenho a leve impressão de que ele está um pouco diferente comigo. Mas, tendo em vista o que fiz naquele dia, não é para menos. No entanto, não sei se ele realmente se recorda disso, já que poderia estar tão bêbado quanto eu. De qualquer maneira, ele estando bêbado ou não, foi um erro e espero que ele me desculpe por isso.

Saí da frente para que ele pudesse passar, então ouvi a buzina de um carro e ele parece ter se apressado.

Acabei seguindo-o até a porta e pude vê-lo entrar no carro de Marcos, mas antes de fechar a porta, ele acenou para mim e sorriu e eu fiz o mesmo. Assim que perdi o seu carro de vista, voltei para dentro e me deitei no sofá, olhando para o teto, como um bom plano.

Então é... Amor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora