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Era o dia do encontro com o notário, como é óbvio queria estar vestida como tal mas não conseguia, não tinha as roupas para uma cena assim. Por isso vesti umas calças pretas e uma camisola dos Fall Out Boy. Agarrei na mochila que tinha ido buscar á esquadra ontem e pus lá aquilo que deveria precisar. O meu telemóvel e alguns trocos. Abri a porta que dava para a rua e pus um pé de fora, avancei e saí, não conseguia perceber o porquê de estar tão nervosa. Dei dois passos para a frente e em vez de andar para o meu destinatário virei e bati á porta do rapaz, não sabia porque tinha feito aquilo, não sabia o que dizer, e quando ele abriu a porta eu já não podia fugir.

- Olá.- ele disse sorrindo

- Olá- eu disse no meu nervosismo

- Queres entrar?-ele perguntou

- Não, obrigado. Mas queria pedir-te uma coisa

- Sim....-ele continua a sorrir, o que me está a deixar um pouquinho desconfortável.

- Preciso que venhas comigo falar com á policia.- nesse momento ele fechou os olhos suspirando e depois voltou a olhar para mim

- Desculpa, ouve uma pessoa que me disse isso á muito tempo atrás...

- Se não quiseres ir tudo bem, mas eu gostava imenso que fosses, porque eu não sei se sou capaz...

- Não te preocupes eu vou...-ele diz e volta a sorrir.

Ele deixa a porta aberta e vejo o apartamento dele, sempre arrumado, tudo no seu sítio nada como o meu que está tudo espalhado porque não tenho tempo que o arrumar, ou simplesmente porque não me apetece.

Quando ele volta traz o telemóvel na mão e as chaves, fecha a porta e depois sorri para mim.

- Vamos?- ele pergunta

Eu digo que sim e começamos a andar. Não sei bem como, nem porquê mas os nervos tinham diminuído significamente, era como quando eramos mais novos e para ir á sala dos professores sentíamos nos menos nervosos se tivéssemos ali alguém que fosse nosso amigo, mas nós não eramos amigos, eu nem sabia o nome dele quanto mais isso.

Quando chegamos lá, ele deu dois passos á minha frente para me abrir a porta, e eu entrei e ele seguiu-me

-Andy?- eu chamei

- Miúda. Ainda bem que vieste, o notário está ali na sala e o teu pai deve estar a chegar...

Aquela frase deu-me arrepios, tudo podia acontecer naquela sala, tanto ele podia ser livre, como eu podia matá-lo exatamente dentro daquela sala.

- Não faz mal se ele vier comigo?- eu perguntei referindo-me a ele.

- Quem é ele?- Andy perguntou

- Ele é um amigo meu... - eu digo mas ele olha para mim com uma cara de "quero nomes" - Michael.

Ele sorri para mim.

- Claro que pode...

Dave começou a dirigir-se para a sala indicada e eu senti a necessidade de o seguir ao qual ele seguiu-me também.

Sentei-me o notário apresentou-se. Ele pousou um papel na mesa.

- Basta assinar e arranjaremos um bom advogado para representar o seu pai.

Ele diz e passa-me uma caneta para a mão. Calando-se de seguida provavelmente á espera que eu assinasse.

- E se eu não quiser assinar?- eu perguntei

E aí o notário foi "chamado á vida" fazendo com que os seus óculos descaíssem, caindo até á ponta do seu nariz.

- Ahh, nesse caso não assina.

Fez-se silêncio, e nesse momento um agente da polícia entrou com um homem algemado, barba de 5 dias, e olhos cansados.

Ele olhou para mim. E não desviou o olhar até o notário o chamar á atenção.

- ELA NÃO VAI ASSINAR!?- o homem levantou-se da cadeira inquinando-se para cima de onde estava. Ele, que estava sentado ao meu lado levantou-se num movimento defensivo. Mas eu puxei-o de volta para baixo.

-Mas menina, sabe que assim o seu pai será executado sem ser levado a julgamento?

- Claro que sei...-eu digo e sorrio

O homem olhou para mim.

- Tu não és a minha filha. TU ÉS A FILHA DO DEMÓNIO!- ele gritava sem gritar

- Mas que nome tão feio para te chamares a ti próprio, pai.- eu digo e continuo a sorrir. Macabro, se calhar, mas eu só queria que ele olhasse para a minha cara e não visse uma pinga de pena dele.

- Tu destruíste tudo. TUDO. Eu vivi na rua. Por tua causa. Mas agora finalmente. Finalmente. Vais morrer. Por tudo o que fizeste.

- Não acredito que estás a fazer isso...nós podíamos ser felizes, quando eu saísse daqui, comprava uma casa, podias ir para a faculdade...

O normal, o último pedido de ajuda, antes do ato inevitável da morte. Negociar.

- Espero que apodreças no sítio mais nojento que a tua imaginação te permita!- eu digo e levanto-me. Preparando-me para sair daquele sítio.

- NÃO PODES FAZER ISTO! ÉS MINHA FILHA! CAROLYN!-ele disse. Errando completamente o meu nome.

- Tu, sim, é que precisas de lata, para pedir ajuda a quem nem sabes o nome.

E ele sentou-se, apercebendo-se que a sua última chance de viver tinha morrido.

Quando o notário já se levantava para sair. Eu voltei a falar.

- Posso assistir ao assassinato?- eu digo o que faz com que o homem que era meu pai se soltasse do polícia e quase me batesse mas ele não bateu.

- Não és capaz de bater numa pessoa sangue do teu sangue, não é? Eu sei como te sentes...-eu digo e saio.

Snow » Luke Robert Hemmings [HIATUS]Where stories live. Discover now