«11 anos depois»
Estou farta! Eu estou farta destas merdas, se calhar sim eu sou diferente deles porque a minha mãe morreu e o meu pai está na prisão e por muito tempo que tenha passado o tribunal ainda não sabe o dia que o vão matar. Estou farta de não ter dinheiro para entrar em clubes e estou farta de estar sozinha...todos têm a merda de amigos ou então namoram com alguém mas eu não, eu não sou como os outros que ficam apenas a conversar com os seus intitulados "amigos" depois das aulas e vão todos almoçar ou a um café. Mas eu não, eu levanto-me de manhã saio de casa e vou para a escola, "aprendo" e depois volto para o Motel nojento que a polícia está desposta a pagar.
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Como todos os dias subi a escadas exteriores do motel até ao meu apartamento, muitas pessoas que viviam ali não davam sinal de vida de vez em quando começo a pensar que eles todos são vampiros e que só podem sair á noite e que me tiram o sangue para eu me sentir fraca e assim na manhã seguinte não conseguir levantar-me para ir á escola, é uma desculpa plausível quer dizer os Stores podiam acreditar mas ai lembro-me que os vampiro são seres irreais o que me estraga o esquema todo... Meti a chave na fechadura e rodei a mesma o que fez com que a porta estivesse pronta para ser aberta empurrei-a mas não abria, a mesma merda dia diferente, empurrei outra vez e desta vez abriu. Entrei e atirei a minha mala para o pequeno sofá que lá havia. Abri a água do lavatório da cozinha e pus as mãos debaixo da torneira para que assim conseguisse apanhar alguma água e assim que o fiz passei-a pela cara. E voltei para a minha cama onde me deitei e fiz o que faço sempre. Desejar nunca ter nascido e nunca me ter metido nesta merda que vida…
*Dia Seguinte*
Acordei e mudei de roupa, passei a cara por água e depois peguei na minha mala saindo de casa. Quando estava a fechar a porta um rapaz, apenas vestido de preto ele fez a mesma coisa que eu, trancou a porta e começou a andar. Eu andava mesmo atrás dele, não porque queria mas porque tinha de ser, o rapaz parecia ir para a mesma escola que eu, conseguia ver o seu cabelo loiro para além do capuz preto. Ele seguiu na minha frente o caminho todo até á escola.
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Quando voltei a casa, o rapaz já não vinha comigo, para além disso não o tinha visto o dia todo.
Entrei em “casa” e atirei a mala com os livros para a cama e fui até á casa de banho, abri a torneira da banheira e esperei que esta se enche-se com água, despi-me entrei. A água estava extremamente quente, como eu gostava. Parecia que deixava de sentir todas as dores de…bem de tudo. Estiquei-me até ao lavatório, sem sair da banheira e tirei de lá a pequena lamina. Sim eu cortava-me, parecia que cortar-me e água quente eram tudo o que eu precisava para me sentir feliz…sem mãe nem pai…nem “amigos”…isto era tudo o que me restava. Comecei a fazer pequenos cortes no meu pulso até que á medida que ia chegando ao meu cotovelo ia fazendo-os mais profundos. Eu queria chorar, mas ao mesmo tempo não porque se e chorasse só dava a perceber que era fraca, e que se não conseguia aguentar esta “dorzinha” então como conseguia enfrentar a merda de vida que tinha pela frente. Mas o inevitável aconteceu, eu trincava o lábio como uma maneira de selar a dor, mas o lábio escorregou dos meus dentes fazendo com que o meu choro ecoasse pelo quarto todo…
- Olá?- ouvi e nesse momento eu parei de chorar e calei-me o máximo que podia
- Está tudo bem? -parecia um rapaz, mas ele parecia estar em minha casa…por isso permaneci calada
- Onde estás? -eu perguntei não muito alto
- No “apartamento” ao lado. -ele responde
- Ah. – eu repondo
- Porque estavas a chorar? – ele respondeu
- Nada de mais…-eu digo enquanto olho para a água do banho que agora não passava de sangue
- Por favor. Ninguém chora por nada de mais...a não ser que sejam mariquinhas…
- Pois então é isso que sou…
- Não acredito…vai-te fazer bem…eu nem te conheço. Não te posso julgar…
- Tenho uma vida de merda…
- Quem não tem…-ele responde
- Pois mas a minha é muito má
- A minha não deve ser muito melhor…
- Como assim?- eu perguntei
- Deixei a única pessoa que gostava de mim quando ela mais precisava de mim…
- Pois a mim foi o contrário…todos me deixaram que gostassem de mim ou não…
- Pois mas tu tens o puder de mudar a tua vida…
- Pois é fácil falar…
- Já agora o meu nom…-ele ia dizer mas eu interrompi
- Não digas!
-Porquê?
-Porque assim tiras a piada a isto…
- Ok…então quer dizer que está tudo bem contigo?
- Sim, eu estou sempre bem…
- Porreiro…-ele diz porque ficamos sem assunto
- Posso-te perguntar uma coisa?
- Já perguntas-te mas sim…-ele ri
- Tu também estás na casa de banho?
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Snow » Luke Robert Hemmings [HIATUS]
Romance"She's just like Snow. Beautiful but Cold."