Twenty-one

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Se engasgava com suas próprias lágrimas, era tamanha sua felicidade em ver seus olhos azuis preferidos virados para si, a encarando como se não soubesse o motivo de seu choro.
O garoto alisava suavemente o rosto da amiga com a mão livre de tubos médicos.
Tinham acabado de apertar o botão para chamar uma enfermeira, então não demoraria para que todos chegassem ali para saber como o garoto estava.

— Você acordou, o meu Deus!

— É, eu acordei.

— Eu te esperei, não sabe como estou feliz por te ter de novo. – ela ria, com os olhos transbordando em lágrimas grossas.

— Ei princesa, não precisa chorar. Tá tudo bem, eu tô aqui agora.– ele dizia, com a voz rouca por ter acordado de um coma a menos de vinte minutos.

— Você não sabe quantas coisas mudaram..

— Seu cabelo é uma dessas mudanças, né?– ele brincou, colocando uma mecha da franja da garota atrás de sua orelha.

— É, isso também.– respondeu, um pouco mais contida e triste que antes. Não se sentia muito preparada para contar tudo o que deveria contar pro loiro, não agora.

— O que aconteceu, Sara?

— Eu vou te contar, prometo, mas não agora, tudo bem?– ela disse, segurando nas mãos do loiro e esperando seus últimos minutos com o garoto acabarem antes de sair e avisar para sua tia que seu filho tinha acordado, já que não tinha certeza se os médicos tinham avisado.

— Vai ficar comigo?

— Não, agora está na vez da sua mãe, mas eu volto depois.

— Não tô falando disso.– ela parou um pouco, pensando na frase anterior do garoto.

— Deixe pra me perguntar isso quando sair daqui, por favor.

— Você nem sabe quando eu vou sair daqui!

— Mas quero que você faça isso quando eu já puder te jogar em um canto para fodermos até minhas pernas ficaram bambas.– ela brincou, já que sabia que com certeza seria algo mais romântico e bem menos.. exótica?

Ele riu, e então um médico adentrou a sala, pedindo sutilmente para que a garota se retirasse. Sarada saiu, com o coração apertado pelo que teria de contar ao garoto. Querendo ou não, tudo o que tinha acontecido com aquelas pessoas o afetaria, já que todas elas faziam parte da vida do loirinho, e ela não queria ser a pessoa que contaria tudo aquilo.

Andou em passos rápidos pelo hospital, chegando rapidamente na sala onde sua tia Uzumaki estava, correndo até a mesma animadíssima, com um sorriso de orelha a orelha, feliz por estar dando aquela notícia para a Uzumaki, se é que esta já não estivesse ciente do ocorrido.

— Tia! Ele acordou!

— Como?

— Seu filho! Ele acordou!

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Estava parada na porta do quarto, observando o ambiente escuro por causa das cortinas fechadas e da luz apagada.
Os pôsteres estavam escuros e mal dava pra se ver o que tinha neles; a cama estava muito bem arrumada e a decoração cheia de vida quase a convencia que a dona do quarto ainda estava viva. Era mentira. A garota tinha acabado de ser sepultada e não ousariam tocar em nada. Tinha ido pra casa junto da família da menina, queria passar um tempo com sua irmã e mãe, para tentar fazer uma última coisa por quem amou.
Apesar de todas as coisas que tinha passado, Tsurui não ousou deixar o quarto bagunçado, talvez fosse parte de seu plano, para que ninguém tivesse que entrar ali e ver o mais íntimo de seus pensamentos, porque isso que um quarto representa, o quarto é a reflexão do estado de sua alma, e a dela estava um completa bagunça.

Fora da Friendzone - Borusara (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora