Capítulo 4

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Abby estava tão cansada. Não se aguentava mais em pé. A sra. Adams realmente tinha levado a sério o seu "eu faço qualquer coisa", ela tinha se tornado uma espécie de pau pra toda obra. Já tinha ajudado na cozinha, no jardim, nos estábulos, limpando as janelas, até tinha limpado uma chaminé!

O pior não era o trabalho em si, mas a indiferença na qual era tratada, não por todos, graças a Deus se não tudo iria ser realmente uma tortura. Mas as jovens empregadas tinham uma mania irritante de fingir que não a viam ou a escutavam, mas quando convinha falavam com ela, para delegar os trabalhos que não queriam fazer.

Estava terminando de limpar um quarto e se perguntava porque os nobres queriam casas tão grandes assim já que, em geral, não formavam grandes famílias. Mas então lembrou-se que isso os dava motivos para se gabar, e não eram eles mesmos que limpavam sua bagunça.

Recriminou-se rapidamente. O que ela tinha a ver se eles iam se gabar ou não? Deveria agradecer por serem tão preguiçosos e precisarem dos seus serviços.

Colocando o ultimo travesseiro na cama, que caberiam pelo menos umas cinquenta Abbys, ela sentiu o súbito desejo de deitar-se e descansar um pouco. Ninguém perceberia, afinal, sua roupa estava limpa e a depois arrumaria novamente a cama.

E deixando-se levar por esses pensamentos deitou-se na cama. Como é confortável, pensava ela. Se tivesse uma cama dessas para descansar todas as noites Abby tinha certeza que acordaria sem uma única dor sequer.

Permitindo levar-se pelo cansaço sonhou que tinha uma família que a amava.

Nas redondezas do casarão do conde chegava um viajante em cima de um jumento. O próprio viajante não se lembrava como tinha conseguido o animal, mas isso pouco importava no momento porque tudo o que queria era uma cama para dormir e um abraço feminino para poder descansar em paz.

Haviam poucos empregados na casa naquele momento e todos estavam dormindo, tanto é que nem perceberam um bêbedo entrando ladino pela janela de um dos quartos.

A casa do conde era grande, mas se comparada a de outros nobres poderiam considerá-la humilde. Tinha uma varanda na frente que fazia parte de três dos oito quartos que o casarão possuía. era de cor branca e as plantas que haviam no jardim em volta da casa traziam cor. Não era uma construção antiga onde muitos condes tinha vivido, mas os nobres quase poderiam esquecer esse detalhe devido a visão que a casa trazia pois ao fundo haviam lindas colinas e um pequeno lago, o conjunto era uma bela visão.

Como é bom essa casa ter janelas baixas pensava o bêbado. E bem ali na sua frente estava tudo o que ele queria: uma cama e uma mulher para abraçar. O Criador deveria ter perdoado seus pecados para deixar as coisas assim tão fáceis.

Ficando apenas com sua calça ele deitou-se na cama e se aproximou da mulher que ali repousava. Com curiosidade olhou para ela e levou um pequeno susto ao notar o rosto manchado, mas ele via beleza nela. Enxergava os contornos delicados das bochechas...

Parecia uma espécie de anjo que fora queimado pela sua presença, seus pecados sujaram aquela mulher que dormia encantadoramente. Ele chorou e chorou, acariciou os cabelos dela e a puxou para ele a abraçando.

Eles dormiram abraçados e serenos. Ele pelo efeito do álcool e ela embalada pelo abraço e pelo sonho onde era amada

Renascer do Amor (pausado)  - Nicolle SouzaOnde histórias criam vida. Descubra agora