Como nunca a casa Black estava silenciosa, mas silenciosa do que nunca. Regulus sempre quis o silêncio, mas o silêncio da paz não o da tristeza, seu irmão tinha ido embora a apenas três semanas e Regulus não aguentava a saudade que estava sentindo do irmão, diversas vezes se pegou imaginando como seria estar com ele agora, sem ser naquela casa fria e silenciosa, mas em algum lugar feliz, um lugar que ele sentia falta. Amanhã Regulus finalmente iria para um lugar um pouco mais feliz do que aquela casa, ele iria para Hogwarts, a melhor escola do mundo bruxo. Regulus gostava da escola não por suas experiências, mas pelas experiências dos outros. Regulus era um observador nato, ele sentia que vivia pelas experiências dos outros. Ultimamente, a pessoa que ele mais tinha observado era o moreno, lindo e arrogante Potter. Regulus poderia até dizer que estava obcecado por ele, o jeito que ele se divertia, o jeito que cantava no ouvido do seu irmão que o xingava, quando ele estava jogando quadribol, o sorriso convencido enorme no seu rosto quando ele ganhava uma partida de quadribol, como seus músculos ficavam definidos na camisa vermelha e dourada, como o cabelo dele era bagunçado de um jeito charmoso, como seu óculos sempre estava caído no nariz, menos quando ele estava prestando atenção em algo mais importante que… bem, ele mesmo. Regulus sabia tudo sobre James e ele odiava James, ele que tinha roubado seu irmão dele, ele que tinha a vida perfeita. Ele causava um ódio profundo em Regulus, o seu jeito simpático, quando seus olhos brilhavam olhando para Evans. Regulus odiava de fato o James, mas isso não significava muitas coisas. Regulus odiava a tudo, odiava como seus amigos eram tão monótonos, odiava como ele era pressionado para ser perfeito, odiava seu irmão, odiava seus pais, odiava seus amigos, odiava sua vida e, acima de tudo, Regulus odiava a si mesmo. Ele riu pensando na mentira que pensou ao falar que odiava tantas pessoas. Não, Regulus não odiava seu irmão, não odiava seus pais, não odiava seus amigos; ele apenas sentia raiva, raiva de como as coisas tinham acontecido. Mas uma coisa que Regulus não mentiu era que ele odiava, odiava mesmo era a si mesmo e a merda da sua vida curta e sofrida. Ele soltou um suspiro ao ver a coruja de Pandora Sulalune. Regulus gostava muito de seu sobrenome esquisito e longo. Pandora era uma das poucas pessoas ou até a única pessoa que Regulus não sentia raiva alguma. Ela era a pessoa mais doce e pura que Regulus já conheceu. Ele a amava; ela era, sem dúvidas, sua alma gêmea, não romanticamente, lógico. Regulus não conseguia pensar em outras pessoas romanticamente, ou pelo menos não ainda. Ela era sua alma gêmea, mas como amigos. A coruja estava parada, olhando para Regulus como se estivesse brigando com ele por não manter a janela aberta. Se ela sentisse o frio que Regulus sentia, ela não reclamaria com ele.
– Dorothy – cumprimentou Regulus ao abrir a janela para a coruja – com licença – ele pediu enquanto pegava a carta na perna da coruja e então fez carinho em sua cabeça – deve ser cansativo a viagem que você faz para vir até aqui, não é? – De fato, a casa dele era extremamente longe da de Pandora. Enquanto a linda casa dos Blacks era localizada em Londres, no Largo Grimmauld, 12, a casa dos Sulalune era encontrada em Bristol, em uma casa que parecia um castelo pequeno perto da floresta. A coitadinha da coruja tinha que voar muito até chegar na residência Black. Um potinho de ração e água já tinha sido deixado perto de uma cabeceira do Black mais novo. Ao ver que a coruja já havia se acomodado, ele abriu a carta em papel velho e decorado com ondas azuis, roxas, rosas e verdes, provavelmente de tinta que Pandora pintou."
Meu querido Regulus,
Eu gostaria de saber se amanhã vamos nos encontrar no trem, na nossa cabine de sempre, ou se vamos juntos para a estação? Acho que amanhã gostaria de me sentar ao lado do Xenophilius no trem; ele é bastante divertido. O cheiro do cigarro do Evan sempre fica impregnado nas minhas vestes, o que faz meu perfume de nuvens sumir todinho. Poderia sumir com os cigarros, mas ele enlouqueceria. E isso até seria bom, afinal, não seríamos os únicos loucos, né? Não acredito que eu seja louca, apenas mais feliz que os outros. E você também não é nenhum pouquinho louco; na verdade, é um amor. Às vezes, claro. Hoje o dia estava muito ensolarado; fiquei lá fora pegando sol e agora estou com as bochechas tão vermelhas que vão me confundir com uma bandeira da Grifinória. Será que estará frio em Hogwarts? Espero que não, pois adoro tomar sol. É como um carinho no rosto. Xenophilius prometeu se juntar a mim no gramado para tomar sol esse ano. Estou animada com isso!
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𝐒𝐀𝐕𝐄 𝐌𝐄 ~𝒥ℯ𝓰𝓊𝓁𝓊𝓈
FanfictionRegulus sabia que não poderia estar apaixonado por James Potter, não, isso era impossível, mas quando ele olhava para o Potter ele esquecia que não tinha essa permissão.