AS CRÔNICAS DE GALITOR - Livro 1: A cripta do rei

C8: Vivo ou Morto?

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Joseph tinha a vantagem da escuridão e esperava pacientemente por Arthus. Embora a localização do ladrão fosse incerta para Arthus, ele sentia-se guiado, como se uma força invisível o orientasse ou como se pudesse enxergar além da escuridão.

Quando Arthus se encontrou em um momento de vulnerabilidade, de costas para Joseph, este último, astuto como um felino, abandonou sua posição e saltou de uma pilha de caixas, buscando desferir um golpe fatal em seu inimigo. Contudo, o que parecia ser um ataque letal foi facilmente evitado por Arthus, como se ele já estivesse preparado para aquele momento. Joseph caiu no chão e rolou rapidamente para se afastar, evitando ser pego desprevenido. Em seguida, ele se levantou e encarou Arthus com determinação.

— Não cairei duas vezes na mesma armadilha — declarou Arthus, alisando uma antiga perfuração na ombreira de sua armadura de couro reforçado.

— Cadê sua espada? Não a consertou? — questionou Joseph, rindo ironicamente.

— Cadê seu amigo? Ele não virá para salvá-lo desta vez — retrucou Arthus.

— Não preciso dele para lidar com um manco. Mas seu companheiro irá aparecer em breve. Vou matar os dois, como deveria ter feito há dois anos — afirmou Joseph, assumindo uma posição de ataque. — E não terei piedade desta vez — concluiu, apontando a adaga para Arthus.

— Ninguém virá. Isso é uma questão entre nós dois. Após hoje, não haverá mais pendências entre nós — declarou Arthus, sacando sua própria adaga.

A arma era feita dos resquícios da lâmina de sua antiga espada. Arthus escolhera essa alternativa, preferindo um novo começo. Refazer a espada só traria memórias dolorosas, manchadas de vergonha e humilhação. Agora, determinado a buscar vingança, ele empunhava sua adaga, pronta para restaurar sua honra custe o que custasse.

Joseph avançou com agilidade e precisão em direção a seu adversário, desferindo um golpe rápido e certeiro de baixo para cima, mirando o peito esquerdo de Arthus. Contudo, o guerreiro estava preparado para o ataque e, com movimentos firmes, conseguiu aparar o golpe, realizando uma defesa baixa com sua adaga. O bloqueio ocorreu no antebraço de Joseph, e por um triz a lâmina não perfurou seu peito. Empurrando o antebraço do ladrão para baixo, Arthus conseguiu contra-atacar com um golpe de cima para baixo.

Em uma rápida reação, Joseph conseguiu bloquear o ataque, utilizando sua adaga para uma defesa alta. A lâmina de Arthus deslizou sobre a adaga de Joseph, detendo-se em sua guarda. Embora parecesse simples e frágil, Joseph sentiu alívio ao constatar que sua guarda demonstrava resistência ao golpe.

Com agilidade, Joseph se desvencilhou e partiu para um novo ataque, buscando uma brecha na defesa de seu oponente. No entanto, Arthus permanecia calmo e concentrado, repelindo mais uma vez o golpe de Joseph, esperando pacientemente pelo momento certo para contra-atacar. Sua experiência em combate minimizava seus erros e forçava os deslizes de seu adversário.

Apesar das possibilidades defensivas oferecidas pelo depósito, como pilastras e caixas estrategicamente posicionadas, Joseph e Arthus recusavam-se a utilizá-las. Ali, naquele confronto mortal, não havia espaço para fugas ou proteções. Ambos compreendiam que apenas um deles sairia vivo dali.

Com olhos atentos, Joseph observava seu oponente com uma mistura de surpresa e incredulidade. Ele mirava o joelho que Arthus havia destruído em um passado recente. "Como esse imbecil consegue continuar lutando assim?", pensou. A incapacidade de encontrar uma brecha na defesa de Arthus começava a despertar preocupação em Joseph. Foi nesse momento que uma risada sinistra ecoou pelo depósito.