Capítulo 05

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Perséfone Thorn

Fico no quarto sozinha com meus pensamentos, como será de agora em diante morando com meu padrinho? 

Vejo uma porta que acredito ser o banheiro, ao abrir vejo o banheiro simples mais elegante, inteiramente branco.

Término meu banho e saio usando um vestido florido confortável.

 — Senhora? — Rasna bate na porta me chamando. 

 — Pode entrar. — Respondo convidando.

 —Precisa de ajuda com as suas roupas? — Pergunta entrando de cabeça baixa.

 — Não precisa se preocupar, poderia me mostrar a casa? 

 — Me acompanhe. — Ela responde, guiando-me pelos corredores e cômodos da mansão.

Enquanto exploramos, Rasna me apresenta cada sala, destacando detalhes interessantes e compartilhando informações sobre a história da mansão. Sinto-me grata por sua companhia, pois ela parece uma presença amigável em meio ao desconhecido.

— O que tem para me dizer sobre a família do Maxwell? — Pergunto assim que nos sentamos na cozinha para Rasna fazer o almoço.

Rasna olha-me com um olhar ponderado antes de começar a falar sobre a família de Maxwell. Ela compartilha histórias sobre os pais dele, destacando a influência que tiveram na comunidade local. Enquanto Rasna prepara o almoço, ela revela detalhes sobre a infância de Maxwell, suas relações familiares e como a mansão se tornou o centro da vida deles.

— Senhor Maxwell não gosta muito de falar sobre o passado. Ele é uma pessoa reservada. A família sempre foi muito respeitada por aqui. — Rasna comenta, enquanto mexe os ingredientes.

— Com que ele trabalha? — Pergunto, curiosa sobre a ocupação de Maxwell.

Rasna pausa por um momento antes de responder:

— Essa é uma pergunta que talvez seja melhor você fazer diretamente a ele. Senhor Maxwell tem suas atividades, e muitas delas são confidenciais. Ele sempre valorizou sua privacidade. Talvez ao longo do tempo, você entenderá melhor.

— Você parece respeitar muito ele. — Falo pegando uma fruta de cima da mesa.

— Tenho orgulho de trabalhar para sua família. — Ela responde neutra.

— Sabia que ele tinha uma afilhada? 

— Sim.

Quase engasgo com a fruta, surpresa pela confirmação direta. Rasna permanece tranquila, como se a revelação não fosse algo extraordinário.

— Sabia sobre mim? — Pergunto, respirando fundo.

— Sim, todos sabem quem é a senhora.

A confirmação de que a minha presença na mansão não é um segredo para os outros aumenta minha sensação de vulnerabilidade. Rasna continua a preparar o almoço, mas agora percebo uma cautela em seu comportamento, como se estivesse atenta à minha reação.

— Se precisar de algo, estou aqui para ajudar. — Ela diz, quebrando o breve silêncio.

Agradeço-lhe com um aceno de cabeça, ainda processando a complexidade das relações nesta casa e as camadas de mistério que envolvem não apenas Maxwell, mas também a minha própria presença aqui.

— Pelo jeito eu era a única a não saber sobre ele. — Resmungo em chateação. 

A revelação de que todos na mansão estavam cientes da minha chegada, enquanto eu permanecia na ignorância, aumenta a sensação de estar à margem de um enredo intrincado. Minhas emoções oscilam entre a frustração e a curiosidade, e percebo que há muito mais para desvendar do que inicialmente imaginava.

— Às vezes, os segredos são a moeda de troca nesta casa. — Rasna comenta, oferecendo-me um olhar compassivo.

Ouço vozes vindo do outro lado da porta me deixando em alerta, meus olhos encontram o de Rasna que está com a mesma expressão. Uma mulher com as mesmas vestes de Rasna abrir a porta de cabeça baixa. 

— Senhora? Poderia me acompanhar até a sala? — Ela pergunta sem olhar para mim.

— O que houve? — Pergunto preocupada.

— Ordens do senhor Zimmerman. — Responde.

Sigo a mulher pelos corredores da mansão até a sala principal, onde uma cena intrigante se desenrola diante de mim. No sofá está meu padrinho, Maxwell, com uma expressão séria, enquanto à sua frente está uma mulher mais velha, cujo semblante reflete uma mistura de autoridade e preocupação.

— Bom dia. — Falo sem saber ao certo o que fazer.

— Bom dia, princesa. — Ele fala mudando sua expressão para tranquilidade. — Mãe essa é minha Perséfone, princesa essa é minha mãe Eleanor.

Minha?

A senhora que estava sentada me olha da cabeça aos pés com desdém e volta seu olhar para o filho.

— Sabe que não pode colocar uma jovem dentro da sua casa sendo um homem solteiro, sabe das regras. — A mulher fala brava sem ao menos que cumprimentar.

— Mãe, isso não é uma discussão. — Maxwell tenta acalmar a situação, mas a Sra. Eleanor parece decidida em expressar suas preocupações.

— Maxwell, você é um homem adulto e bem-sucedido. Não pode simplesmente trazer uma jovem para morar aqui sem considerar as implicações sociais e as aparências. — A mulher mais velha parece inflexível em sua posição.

— Perséfone é minha afilhada, e eu a convidei para ficar aqui por um tempo. Não vejo problema nisso. — Maxwell defende sua decisão, embora a tensão na sala continue a aumentar.

— Afetará sua reputação, Maxwell. Não podemos ignorar as expectativas da sociedade. — A Sra. Eleanor insiste, lançando um olhar severo na minha direção.

— Retire-se. — Maxwell ordena para a moça que estava para atrás de mim.

Assim que a moça sai o rosto de Maxwell se torno sombrio me fazendo ficar assustada.

— Não se atreva a me questionar.

Sra. Eleanor parece surpresa com a reação de Maxwell, mas não recua completamente. Ela cruza os braços e mantém seu olhar fixo nele.

— Maxwell, você sempre agiu corretamente, Sua reputação, sua posição na sociedade... tudo isso está em jogo. E essa jovem aqui... — ela aponta na minha direção — só complica ainda mais as coisas.

— Minha decisão está tomada, mãe. Perséfone é minha, e eu cuidarei dela. — Maxwell mantém sua postura firme.

A Sra. Eleanor suspira, aparentemente derrotada, mas seu olhar ainda reflete desaprovação.

— Espero que saiba o que está fazendo. — Ela diz antes de se levantar e sair da casa.

O silêncio persiste após a partida dela, e eu me sinto como uma intrusa em um drama familiar complexo. Maxwell, por sua vez, parece tenso, e eu me pergunto quais são as verdadeiras razões por trás de sua decisão de me trazer para esta casa.

— Desculpa por isso, princesa, ela nunca mais irá te desrespeitar. — Ele fala tocando meu rosto com as duas mãos.

— Está tudo bem, eu acho. — Falo ainda confusa com a reação da sua mãe.

— Você almoçou? — Desvia a conversa.

— Ainda não. — Respondo deixando o assunto para outra hora.

Maxwell guia-me até a sala de jantar, onde Rasna já preparou uma mesa com diversos pratos. A refeição transcorre em um silêncio desconfortável, intercalado apenas pelo som dos talheres e pelos olhares ocasionais de Maxwell. Sinto que há muito mais a ser dito, mas por enquanto, deixamos as palavras não ditas pairarem no ar. 

Maxwell ZimmermanOnde histórias criam vida. Descubra agora