Capítulo 01

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Perséfone Thorn

O relógio marcava meia-noite quando despertei com o som distante de passos na rua vazia. Meus olhos ainda sonolentos ajustavam à escuridão do quarto, enquanto uma sensação de inquietação se espalhava pela minha espinha.

— Por favor, diga que isso não é verdade? —  Ouço a voz da minha mãe chorosa.

—  Sentimos muito, senhora. —  Uma voz masculina desconhecida responde minha mãe com pesar.

— Não, não pode ser verdade! — a voz da minha mãe soluçava, e meu coração apertava com a angústia em suas palavras.

Eu permaneci imóvel na cama, ouvindo cada palavra como se fosse um golpe direto no peito. A escuridão do quarto tornou-se mais intensa, refletindo a tristeza que se espalhou naquele momento. Eu sabia que algo terrível havia acontecido, algo que mudaria nossa vida para sempre.

— Como isso poderia acontecer? O que aconteceu com ele? — a voz da minha mãe tremia, buscando desesperadamente por respostas que ninguém parecia capaz de fornecer.

A voz masculina, agora mais suave, tentava explicar os detalhes, mas as palavras eram abafadas pelas lágrimas e soluções de minha mãe. Eu senti um nó na garganta e uma sensação de impotência diante da tristeza que pairava no ar.

— Sinto muito, senhora. Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui para ajudar — a voz desconhecida expressava condolências, mas eu mal conseguia entender suas palavras diante do impacto da notícia.

— O que vou dizer à minha filha? — Mamãe falou em desespero.

— A perda não é fácil, senhora. Porém, ela irá entender com o tempo — a voz da pessoa desconhecida tentou oferecer algum consolo, mas as palavras mal penetraram a densa tristeza que pairava no ar.

Eu ouvi minha mãe se afastar, os passos pesados ecoando pelo corredor até que a porta do meu quarto se abriu com um ranger suave. A luz do corredor invadiu o ambiente, revelando o rosto cansado e triste da minha mãe. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar, e eu pude ver a dor em seu semblante.

Ela hesitou por um momento antes de falar, como se buscasse as palavras certas para amenizar o impacto da notícia.

— Querida, eu preciso te contar algo... — sua voz tremia, e ela se moveu da minha cama, sentando-se ao meu lado.

Meu coração começou a bater mais rápido, uma sensação de apreensão se misturando à tristeza que já pairava no ar. Eu olhei nos olhos dela, procurando por respostas antes mesmo de ouvir as palavras.

— Papai... ele se foi. — Ela disse finalmente, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. O quarto pareceu meu cheio de um silêncio pesado, interrompido apenas pelas soluções da minha mãe.

— Como assim? O que aconteceu? — Minha voz saiu em uma sugestão, quase temendo a resposta.

Minha mãe segurou minha mão com força, como se buscasse conforto nessa simples conexão.

 — Houve um assalto, querida. Seu pai acabou reagindo... — Lágrimas não paravam de descer em seus olhos, e eu pude sentir a dor em suas palavras.

O peso da revelação se abateu sobre mim, como se o ar tivesse sido sugado do quarto. A violência do evento, a brutalidade do momento, era quase difícil de aceitar. Eu não conseguia imaginar meu pai envolvido em algo tão terrível, e a tristeza se misturava com uma sensação de incredulidade.

— Reagiu? Não pode ser verdade. Papai não faria algo assim... — Minha voz tremia enquanto eu lutava para compreender a dimensão dos eventos.

Minha mãe abaixou a cabeça, as lágrimas manchando sua blusa. Era como se estivesse carregando não apenas o prejuízo, mas também o peso da tragédia que se desenrolou.

Maxwell ZimmermanOnde histórias criam vida. Descubra agora