Prisão sem Grades

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Seguro em meus braços o corpo estarrecido da Agnes, compreendendo o quanto o seu estado emocional estava abalado. Ela havia desmaiado ao receber a péssima notícia de que o Henrique estava livre da cadeia, e infelizmente o seu consciente não aguentou. Eu estava extremamente indignado por saber que ele saíria da cadeia, mas nada poderia fazer. A justiça estava novamente sendo falha, e fazendo a vítima sofrer. Com os depoimentos descabidos da mãe e do antigo namorado, o miserável estaria à solta.
Eu não posso dizer que sinto-me decepcionado, pois em momento algum acreditei que a mãe dela seria capaz de depor a seu favor.
Mesmo depois da agressão sofrida, o seu ódio pela filha ainda era maior que qualquer outra coisa.

Sinto a sua respiração mais fraca, e a sua pele ficar mais pálida.
Com certeza a pressão estava baixa.
A preocupação aumenta, fazendo-me carregá-la para fora daquela maldita sala. Eu precisava de um médico, um hospital ou qualquer um que pudesse fazê-la despertar. Mas sou interrompido bruscamente com a voz do Henrique, tentando me impedir de tirá-la daquela âmbito corrompido.

_Onde pensa que vai levá-la? Ela é nossa responsabilidade.

_Eu não te devo satisfações sobre as minhas atitudes. Será que não vê que ela está desacordada e perecendo?

_Eu não só estou vendo, como estou muito preocupado. Mas a Agnes é responsabilidade minha e da Aurora, portanto o intruso aqui é você.

_Eu jamais deixaria vocês colocarem as mãos nela novamente. Mas se quiser fazer isso, terá que passar por cima do meu cadáver.

_Não me dê boas ideias, Alexander Avelar. Seria um prazer acabar com a sua vida.

_Você pode ter saído impune hoje, mas eu ainda vou te mandar para o lugar que você merece. Mais cedo ou mais tarde, você vai pagar por todo o mal que fez a ela. - Encaro a mãe - Você também, sua desgraçada.

_Eu apenas fiz o que deveria ser feito...

_Acusar a sua filha de tentar seduzir ele é o certo para você?! Você ainda tem menos escrúpulos que ele, sequer deveria ser chamada de mãe um monstro como você. Eu não sei como a Agnes pode ser filha de alguém com o sangue tão sujo quanto o seu e o daquele estuprador.

_Ela não é minha filha...

_Seria muito bom que ela realmente não fosse.

_Eu não me importo com que diz ou faz. Mas eu e o Henrique somos os responsáveis. Portanto, tire suas mãos dela, que a levaremos para nossa casa.

_O lugar da Agnes é conosco. Mesmo que eu não seja o verdadeiro pai, eu tenho direitos sobre ela. E se você intervir, nós vamos à tribunal.

_Ela é maior de idade. Vocês não podem exigir nada.

_Mas ela não é emancipada. Não tem emprego, residência e consta que somos os responsáveis legais por ela. Podemos alegar que ela vive em união estável com você, e talvez a justiça não seja razoável o suficiente. Aliás, qual a sua idade mesmo, Alexander?

_Não ouse me ameaçar. Mas se estiver mesmo disposto a isso, eu não me importo. Mas saiba que nunca mais ela voltará a morar daquela casa e menos ainda, você jamais voltará a tocá-la.

_Isso nós vamos ver. - Ele se aproxima - Tome cuidado e vê se cuide do seu filho melhor.

_Filho da puta! - Me exalto - Se você encostar no meu filho de novo eu acabo com sua raça, seu merda.

_Vamos ver quem acaba com o outro primeiro.

Sinto ainda mais raiva ao ouvir suas palavras, mas lembro-me do corpo da Agnes em meus braços. Eu não posso me exaltar, porquê ele é inteligente o suficiente. Sabe que qualquer coisa que eu disser, poderá ser usado contra mim, principalmente em uma delegacia. Portanto, engulo a raiva momentânea e tento me acalmar para não extrapolar. Ele mantém o sorriso presunçoso nos lábios, compreendendo a situação de várias formas. Giro os calcanhares, na intenção de sair daquela delegacia e da presença desagradável deles.

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