५ 𝕬CT 01, prólogo

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PRÓLOGO ५𝖘alve malia paige

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PRÓLOGO
𝖘alve malia paige

; 06 de agosto de 2223

E NO FIM do dia, ela estava lá mais uma vez. Assistindo a mais uma morte.

Ava passava os dedos entre os fios de cabelo da filha enquanto dizia: Fique tranquila, querida, estamos à procura da cura do mundo! Tudo ficará bem. C.R.U.E.L é bom.

Mas Malia sabia, aos oito anos de idade, ela sabia.
Sem bonecas, apenas fantoches — estes, seus próprios amigos.

— Está matando eles! Não tem nada de bom nisso — ela respondia com o pranto embargando-lhe a voz e, desta forma, deixava a mãe e a sala, em lágrimas desesperadas.

Malia corria pelos corredores com a cena de aparelhos e sufocamentos invadindo-lhe a mente. Jovens garotos com quem havia brincado no dia anterior, indo ao encontro da morte.

Sua respiração desenfreada entregava o quanto o peito doía, seus olhos já não enxergavam mais perfeitamente devido ao inchaço do choro, contudo, os braços encontravam um amparo.

Mary era o seu lar de abraços.

Portanto, da próxima vez que alguém lhe disser: o governo nunca faria isso!
Ah, sim! Pode acreditar, eles fariam.

[...]

; 18 de maio de 2215

NÃO HAVIAM CANTOS de pássaros pois estavam todas as espécies em extinção, não haviam sons de folhas ou de galhos em árvores nem conversas altas de vizinhos naquela quinta-feira do ano de 2215, sobretudo havia uma manhã ensolarada e os gritos de uma mãe numa mesa de parto.

Ava Paige sentia no sangue o seu corpo ferver mas suava frio. Seus dentes rangiam conforme se virava de modo doloroso e desconfortável na maca pressionando o maxilar travado.

A mulher procurou um fôlego que não vinha logo que soltou um grito estridente capaz de ecoar pelas paredes daquela sala gelada. Ela fazia força com todos os músculos na esperança de que o monstro que se alojou em seu corpo fosse de vez expulsado.

— É uma menina! — noticiou o médico de forma animada.

— Eu sei que é uma menina, seu imbecil — resmungou Ava, agarrando os lençois desesperada. — Tire logo ela de mim!

O homem acenou com a cabeça rapidamente, retornando sua concentração ao parto.

Ava sentiu uma profunda dor se espalhar na espinha e então sua garganta metralhou um rajado de acordes desenfreados.

Era como se todos os ossos de seu corpo estivessem sendo quebrados e requebrados mais uma vez. Ava espremeu os olhos, descolando as costas da maca ao se levantar em um movimento doloroso. Ela suspirou aliviada e então se deitou novamente.

Ronnan, o médico, levantou o bebê que se permitiu chorar após algumas tapinhas necessárias. Ele a limpou de forma rápida pronto para pousá-la ao colo quentinho da mãe, mas parou na metade do caminho assim que a avistou dormindo devido ao esgotamento físico.

— Me dê! — Mary Cooper, outra médica cientista que acompanhava o parto, se ofereceu, estendendo os braços com um largo sorriso no rosto. — Além de tudo, Ava é minha amiga, acho que consigo cuidar da filha dela por algumas horinhas.

Mary, assim que teve a recém nascida nos braços, acariciou as bochechas fofinhas e macias com tanto cuidado quanto se procura uma agulha no feno. Depois a ninou com calma balançando de um lado pro outro enquanto cantarolava baixinho “You Are My Sunshine”.

Era reconfortante ter novamente um bebê em seu colo após tanto tempo sem contato com seres menores, Mary sentia falta do cheirinho que só eles tinham, e dos barulhinhos que faziam sem querer com a boquinha minúscula.

Ao olhar a menina, pensava em como poderia ensina-la a falar, como provavelmente a aconselharia quando pedisse, e em como pentearia seus cabelos quando finalmente estivessem grandes o suficiente.

— Você vai ser uma grande mulher, peixinha. — sussurrou Mary para a bebê que espremia os olhinhos sem noção nenhuma do mundo a sua volta.

— Não chame ela assim — falou Ava de repente, ainda com os olhos fechados, suas mãos massageando o couro cabeludo. — Esse não é o nome dela. Agora traga ela aqui.

Mary revirou os olhos disfarçadamente, obedecendo aos comandos. Deixando naquele 18 de maio novamente os seus braços solitários.

— E qual será o nome dela então? — perguntou a de cabelos escuros para a mãe.

— Eu não sei. Não tive tempo para pensar — respondeu, enquanto encarava os olhinhos de jabuticaba curiosos. — O que importa é o sobrenome, e ela será a minha pequena Paige.

— Malia é um bom nome — sugeriu, a outra.

— Que seja — Ava esticou os braços cansados quando a criança começou a chorar, entregando a bebê para Mary. — Malia Paige é mesmo um bom nome.

Cooper segurou um sorriso largo, feliz por ter sido ela quem fez a escolha. Seus lábios se curvaram discretamente assim que a pequena Lia cessou os berros em seu colo.

Nasce uma garota e duas mães; Salve Malia Paige, o rosto da revolução.

IF THIS WAS A MOVIE › thomas, maze runnerOnde histórias criam vida. Descubra agora