Sinto todo meu corpo gritar por socorro, estava dolorida. A sensação que eu tinha era que um caminhão passou por cima de mim. Resmungo tentando me mexer.
—Tenha calma, você deve estar sentindo dor. –sussurra uma voz feminina.
Relaxo obedecendo e passando a apreciar a sensação de aparentemente estar deitada em algo macio. Espera, algo macio?
Puxo em minha memória a última coisa que me lembro e só me vem à mente o zumbi caquético me atacando e eu o matando e logo depois desmaiando.
Com um supetão, me sento e encaro perdida o lugar em minha volta.
—Hey, shh... –a mulher com traços indígenas diz. —Me chamo Ayiana, você está segura.
Meu coração bate rápido, não sei o que pensar, nem ao menos sei onde estou.
—Aqui, beba isso. –me estendeu um copo com água.
Com as mãos trêmulas, agarrei o objeto e tomei todo o líquido de uma só vez. De primeira minha garganta ardeu ao receber o líquido, mas logo me senti saciada. Não percebi que estava com tanta sede.
A mulher que dizia se chamar Ayiana apenas me encarava sorrindo. Ela parecia ter a mesma idade que eu, estava usando roupas simples, tinha a pele preta e seus longos cabelos negros estavam em uma trança. Ela era linda.
—Ayiana eu tomo conta daqui, pode sair. –disse uma voz masculina e grossa.
Virei assustada em sua direção –não havia notado ele ali– e em minha frente, sentado em uma poltrona, estava um homem grande. Ayiana apenas assentiu e se levantou saindo.
O grande homem apenas me encarava enquanto brincava com uma grande faca. Suas pernas estavam cruzadas em cima de uma mesinha de centro. Tinha traços indígenas assim como a mulher que acabou de sair, sua pele era preta, longos cabelos pretos que possuía um adorno de penas. Tinha traços brutos e rústicos, e sua estatura aparentava ser grande assim como sua altura.
Ele de certa forma me deixava receosa, parecia que a qualquer momento me atacaria. Me encolhi mais na cama, puxando mais a coberta que estava sob meu corpo.
—E então, como se chama? –me dirigiu a palavra depois de me encarar por longos segundos.
—A-Alita. –gaguejo.
—Alita... –fez sinal para eu continuar, presumo que estava esperando meu sobrenome.
Consigo ouvir vozes por trás da porta, suponho que eu esteja em uma espécie de acampamento. Busco em minha memória algum acampamento perto do rancho e só consigo me lembrar da reserva Black Hat.
Arregalo meus olhos e só depois que me toco que estou falando com Qaletaqa Walker, o líder de uma tribo nativa e chefe da reserva Black Hat, atual "inimiga" do rancho de meu pai. Essa rixa entre eles vem muito antes do apocalipse começar. Nunca me foi explicado muito bem as coisas, tudo o que sei foi escutado por trás das portas, escondida.
Engulo em seco, não posso revelar quem sou. Corro perigo aqui.
—Só Alita. –sussurro.
Ele ri desacreditado mas assentiu, se levantando. Qaletaqa realmente era alto, devia chegar perto dos 1,90 metros.
—Então só Alita, te encontrei debilitada e te resgatei, o machucado na sua perna já foi suturado. –apontou para onde a ferida estava, levando a coberta e vejo que minha calça foi rasgada e o que antes era um tiro de raspão, agora era um machucado fechado com pontos. —Ali tem roupas que a Ayiana deixou para você e naquela porta fica o banheiro. Aconselho a tomar um banho, você está cheio de sangue.
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LOVING THE ENEMY | QALETAQA WALKER FTWD
FanfictionNão podemos negar que a vida é cheia de acasos. E com toda certeza aparecer na reserva Black Hat não estava nos planos de Alita Otto. Logo ela, uma mulher que se considerava azarada, teve a sorte de poder conhecer e conviver mesmo que minimamente c...