Epílogo - Aquele dia

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Ramiro tinha tirado a tarde de folga e aproveitou para dormir sem pensar em horário. Aquele dia nunca tinha sido importante, não esperava que pudesse ser diferente agora. Foi despertado, quando o sol estava se pondo, por um beijo estalado de Kelvin em sua testa.

- Vamos, dorminhoco... põe uma roupa bem bonita pra descer com seu Kevinho.

- Mas não tá cedo? - o maior resmungou, esfregando os olhos.

- Combinei com o Nando de ir pro salão um pouco antes de abrir, pra gente ensaiar uma música nova - explicou o loiro com doçura.

- E eu preciso descê agora? - Ramiro fez um beicinho.

Mas o mais novo olhava para ele com aquela cara de súplica que era irresistível:

- Precisa, porque eu quero meu amor me assistindo até no ensaio.

- Tá bão, vô só me lavá rapidinho - o grandão cedeu, levantando-se.

Quando desceram as escadas, o bar estava na penumbra. Uma luzinha apareceu, e de repente o salão ficou iluminado de novo. E a turma toda cantava em coro:

- Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida... É big, é big, é big, é hora, é hora, é hora, ra-tim-bum... Ramiro! Ramiro! Ramiro!

À frente do grupo,estava Zeza com um bolo coberto de granulado colorido e uma vela acesa.

O moreno sentiu os olhos marejando, e ao mesmo tempo tinha um sorriso imenso no rosto.

- Eu nunca tive aniversário assim, com bolo e parabéns... - ele comentou com a voz embargada.

- Você merece, meu amor. Agora vamos comemorar sempre - Kelvin também estava emocionado.

O cozinheiro aproximou-se do grandão, orientando:

- Faz o pedido e assopra a vela.

Ramiro nem precisou pensar para saber qual pedido fazer: "Quero ficá pra sempre com meu Kevinho", disse mentalmente, enquanto dava um sopro tão forte que até espalhou alguns confeitos.

- Eita, não precisa me soprar junto, Ramiro - brincou Zezinho, indo até a mesma mais próxima - Vou botar o bolo aqui nessa mesa pra você cortar.

- Mas eu não sei cortá bolo - o peão ficou encabulado.

- Só dá o primeiro corte, é tradição - incentivou Zeza, colocando a espátula no local e indicando o movimento que o outro deveria fazer. Então Ramiro desceu a espátula fazendo o primeiro corte, e deu uma risadinha de criança que aprendeu uma coisa nova. O cozinheiro cortou uma fatia e entregou o pratinho para o aniversariante - E o primeiro pedaço, vai pra quem?
O maior olhou para a fatia de bolo e depois para o namorado, com um olhar muito apaixonado:
- Pro meu Kevinho, claro... Se não fosse por ele, não teria esse bolo, nem essa festa... Capaiz de eu não tá nem mais vivo.

- Nem fala isso - suspirou Kelvin, segurando o rosto do amado com as duas mãos para dar um beijinho nos lábios. Mas Ramiro intensificou o beijo, levou uma das mãos na cintura do loirinho, e por pouco não derrubou o pedaço de bolo que tinha na outra mão.

- Epa... - murmurou, soltando Kelvin e equilibrando o pratinho para estendê-lo ao amado - Come, pequetito. Meu pequetito.

O mais novo pegou o pratinho e deu uma garfada, mas a segunda porção levou à boca do seu Rams. E concluíram com um beijinho melado, seguido de risinhos felizes.

Ramiro olhou em volta, aquela parte do salão estava decorada com balões coloridos e uma faixa com as palavras "Feliz aniversário Ramiro".

- Brigado, gente... sei nem o que dizer - balbuciou o homem, muito emocionado.
Cada um veio abraçar e felicitar o aniversariante. Enquanto seu amor recebia os abraços, Kelvin foi até o balcão e voltou com uma pacotinho, decorado com um laço quase do tamanho do embrulho.

Quando Ramiro estava sozinho de novo, o namorado lhe estendeu o pacote:

- Seu presente, meu amor.

- Ah, pequetito... não precisava. Ocê já é mió presente que eu podia recebê nessa vida - o maior segurou o embrulho todo emocionado.

- Mas abre logo, quero ver se você gosta - o cantor estava ansioso.

O moreno removeu o papel e encontrou uma caixinha preta, com palavras que ele não conhecia. Abriu a caixinha, que continha uma gaita de boca muito reluzente.

- Nossa, Kevinho... - ele ficou boquiaberto - eu nunca pensei em tê uma dessa, mas gostei muito.

Feito uma criança com brinquedo novo, Ramiro tirou a gaita da caixinha e deu alguns sopros, produzindo sons desafinados. Todos riram, e Nando comentou:

- Depois te dou umas aulas, tá precisando...

- Quero mesmo... Ocê me ensina até eu consegui tocá uma música pro meu pequetito? - o maior pediu com uma ingenuidade que até parecia um menino.

- Ensino sim - Nando ficou comovido.

- Então tá bão - Ramiro abriu um sorriso largo, e se voltou para o amado - Pequetito... nem sei como te agradecê... - ele puxou o baixinho para junto de si e cochichou no ouvido dele - Despois eu te agradeço, no nosso quarto.

Kelvin sorriu meio encabulado, e os lábios deles se juntaram em um beijo delicado e demorado, até esquecendo de onde estavam. Até que o mais velho desviou o rosto e pediu:

- Ô Galego, toca uma moda aí, daquelas de dançá juntinho...

O músico foi rápido para o violão e começou a tocar Melhor Versão, de Gustavo Mioto. Kelvin pôs as mãos nos ombros no namorado, e Ramiro, depois de guardar o presente no bolso, segurou o loirinho pela cintura. Então deixaram-se levar pela música, embalando-se pelo salão com os olhos fixos um no outro. Flutuando de felicidade. 

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⏰ Última atualização: Feb 06 ⏰

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