Espera

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Yibo estava sobrecarregado além do que as palavras poderiam expressar. Ele estava cansado, confuso, abalado, e outra infinidade de emoções que mal podia nomear no momento.

Ele não esperava Seungyoun ali, foi uma surpresa entrar no carro e vê-lo sentado lá, esperando-o com um sorriso no rosto. Em outros tempos, Yibo agradeceria aos céus por tê-lo por perto e se deixaria acalentar por ele. Mas como poderia, agora, falar-lhe os motivos de sua inquietação se ele era um deles? Se ao invés de sentar e ouvi-lo, como sempre fez quando era apenas seu melhor amigo, Seungyoun também teria algo a dizer? Como poderia apenas colocar a cabeça em seu colo e confessar que tudo o que Xiao Zhan lhe disse mexeu consigo? Que Yibo só não confessou que também o amava porque ainda não estava pronto para arriscar-se tanto novamente? Como poderia dizer ao homem que olhava para ele com olhos brilhantes que seu coração ainda batia, ardente e desesperadamente, por aquele que o machucou?

Por que, essa era a verdade no final das contas, não era? Por mais machucado que estivesse, Yibo ainda o amava profundamente; o tipo de amor que ele não acreditava que poderia sentir por qualquer outra pessoa novamente.

Apesar de todo esse amor, porém, ele ainda tinha algum orgulho. Yibo ainda se lembrava de cada palavra que ouviu, cada ação que o fizeram decidir-se por ir embora.

Xiao Zhan o amava, mas o que isso mudava no fim das contas? Era o suficiente para convencê-lo a perdoá-lo? Era o suficiente para dar-lhe alguma segurança de que tudo aquilo não se repetiria? Yibo não sabia. Ele não conseguia pensar com clareza, e também não conseguia parar de pensar.

Naquele momento, Yibo se arrependeu amargamente por ter se deixado levar enquanto ainda estava fragilizado, por não ter entendido que precisava de tempo e não de outro alguém. Tempo para viver seu luto, tempo para se curar, para entender como viveria a partir de então. Ele se arrependeu mais ainda por esse alguém ser Seungyoun, porque agora ele não tinha seu melhor amigo e, talvez, quando aquela noite terminasse, sequer o teria em sua vida de qualquer outra maneira.

Talvez ele tenha ferrado as coisas entre eles, e agora sequer tinha alguém para ouvi-lo, para o aconselhar, para mostrar-lhe uma luz em meio a escuridão, para ajudá-lo a lidar com o peso de tantos sentimentos ao mesmo tempo.

Esta era uma das piores sensações, sentir-se sozinho quando, alguém como ele, vivia rodeado de pessoas.

— Nós podemos jogar um pouco, o que você acha?

A voz de Seungyoun tirou-o da espiral na qual se encontrava. Yibo estava tão imerso em si próprio que sequer percebeu como ou quando despiu-se, tomou banho e se vestiu novamente, sentando-se à mesa com olhos atentos e preocupados sobre si enquanto a comida esfriava lentamente, ainda intocada.

— Você precisa comer alguma coisa. — Seungyoun disse suavemente, pegando um pouco de carne com os próprios kuaizis e adicionando ao seu prato como um incentivo.

Yibo observou toda a ação como alguém de fora, incapaz de sentir a gentileza daquele gesto, a preocupação daquelas palavras; incapaz de se mover. Ele se sentia dormente, como se não estivesse no próprio corpo. Era estranho, como se fosse apenas um espectador de si mesmo, mas em algum nível também era... bom? Ao menos assim a dor de tudo aquilo parecia não o alcançar.

— Yibo... — Seungyoun chamou novamente, minutos depois, quando independente de suas palavras ele continuou imóvel, quase não piscando, sua respiração mal sendo ouvida.

Seungyoun levantou-se e se aproximou dele, puxando sua cadeira para que pudessem ficar frente à frente.

— O que aconteceu? Você raramente costuma ficar tão quieto, eu estou realmente preocupado. — As mãos dele alcançaram as suas e acariciaram ternamente. — Converse comigo.

Aquele VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora