Aquele Verão

Entrega

Três meses passaram em um piscar de olhos. Três meses desde que eles sentaram, conversaram e decidiram que valia a pena tentar. Três meses em que vinham reconstruindo a intimidade que havia entre eles. Três meses conhecendo um ao outro novamente, desta vez, sob um status diferente.

Yibo se sentia como um adolescente vivenciando seu primeiro amor, e talvez ele fosse, porque Xiao Zhan era realmente o primeiro homem que amava com todo o coração. O primeiro que o fazia se sentir nas nuvens sempre que lhe dizia um "eu te amo" – o que ele costumava receber ou ouvir ao menos uma vez ao dia. O primeiro a fazê-lo ver estrelas com apenas um toque de seus lábios, e também o primeiro a negar-se ir para a cama com ele. Ou, bem, não totalmente.

Tecnicamente, Xiao Zhan ia para a cama com ele, mas não exatamente do jeito que Yibo desejava. Também, não era como se ele negasse alguma coisa – até porque, Yibo nunca pediu. Era mais como se ele fosse respeitoso ao máximo, tanto que eles nunca passaram de beijos e alguns amassos quentes; amassos esses que eram cuidadosamente interrompidos com uma desculpa por parte de Xiao Zhan até que se acalmassem.

Em parte, ele entendia. Nesses meses que passaram, eles se dividiram entre o relacionamento deles e o trabalho, coordenando com suas equipes para que pudessem estar juntos sempre que possível, mantendo o namoro discreto por uma questão de privacidade e para preservá-los. Como ambos naquele momento eram estrelas em ascensão, qualquer escândalo poderia manchar a imagem que vinham construindo e prejudicar seus trabalhos. Quando suas agências chegaram a essa conclusão, que no fundo já sabiam, Xiao Zhan sentiu a necessidade de mostrar-lhe que não queria escondê-lo, levando-o para conhecer seus pais.

Não houve um único dia daqueles meses em que não demonstrasse com palavras e atitudes que o amava, que valorizava a chance que o havia dado. Então talvez fosse isso, Xiao Zhan queria, antes de tudo, mostrar que merecia que dessem aquele passo. Yibo, no entanto, já estava ficando impaciente. Ele não queria que seu namorado lhe provasse nada, apenas que o fodesse como ele ansiava que o fizesse, como fantasiava todas as vezes que tinha o corpo de Xiao Zhan pressionado contra o seu, como desejava quando podia sentir a linha dura do que ele reconhecia inconfundivelmente como uma ereção todas as vezes em que acordavam juntos, a bunda de Yibo pressionada contra ele.

Quanto mais tempo eles ficavam sozinhos, mais sedento Yibo se sentia. Xiao Zhan era gostoso demais para seu próprio bem. E Yibo passou tanto tempo desejando-o, que tê-lo sem poder tocá-lo mais intimamente, o estava deixando maluco. Mas ele pretendia resolver isso agora que tinha a chance.

Milagrosamente, após quase um mês separados, suas folgas coincidiram e eles teriam o fim de semana inteiro um para o outro. Yibo havia chegado ainda no começo da noite de sexta-feira, mas o voo de Xiao Zhan só chegaria naquela madrugada. Yibo estava ansioso para vê-lo, mais pelo quanto sentia sua falta do que por qualquer outra coisa. Foi difícil passar tantos meses longe de Xiao Zhan antes, mas agora que o tinha, ficar tanto tempo longe dele era como uma provação. Não que não soubesse que seria assim; suas agendas eram cheias e seus trabalhos, divergentes, mesmo que no mesmo setor. Todavia, atualmente sabendo o quão bom era dormir nos braços de seu namorado, ele desejava poder fazê-lo todas as noites.

Yibo estava divagando sobre tudo o que sabia presentemente quando a campainha tocou. Distraído, ele nem mesmo pensou antes de abrir a porta, sendo recepcionado com a visão de um Xiao Zhan ofegante e suado por baixo da máscara, gorro e camadas de roupas adjacentes que o cobria. Ele ficou tão estático ao ver uma gota de suor em particular descendo da têmpora em direção à garganta até sumir sob o casaco que esqueceu-se completamente de que Xiao Zhan ainda segurava uma mala e uma bolsa de mão.

— ...bo? Yibo? — A voz de Xiao Zhan o tirou de seu transe.

— Hm?

— Você poderia, por favor, me deixar entrar? — Os olhos por trás dos óculos sorriam.